Nem sal grosso resolve

PSCXICASA serie B-MQuadros (13)

Por Gerson Nogueira

Podia escrever numerosas laudas sobre os crônicos problemas defensivos, a falta de aproximação dos setores, os passes errados, a pouca participação dos laterais, as falhas infantis da zaga, os erros de posicionamento etc. etc. Acontece que as razões da má campanha do Paissandu não se restringem ao comportamento do time e aos (muitos) pecados do técnico.

GERSON_26-08-2013Há, acima de tudo, uma fragilidade de gestão. A melhor diretoria que o clube podia ter na realidade atual está cometendo erros primários na gestão do futebol e comprometendo perigosamente sua imagem perante torcedores e sócios. É uma pena que a decepcionante campanha exponha o presidente Vandick Lima, uma instituição do clube, de maneira tão cruel.

É visível o fato de que a diretoria – ou grande parte dela – tem as melhores intenções, busca acertar e trabalha para evitar o rebaixamento, esboçado desde as primeiras rodadas da Série B e cada vez mais provável.

O problema é que de boas intenções o mundo está cheio e o futebol brasileiro atual, por tão complexo em suas entranhas administrativas, não permite hesitações ou critérios desfocados. É preciso atenção permanente e capacidade de observação para não comprar gato por lebre, gastando em excesso o pouco dinheiro existente.

Pelo modelo abraçado pela diretoria, o Paissandu já torrou uma nota preta em contratações que só causaram prejuízos ao clube. A infelicidade nas escolhas legou um saldo extremamente negativo quanto aos atletas trazidos. Apenas Fábio Sanches e Marcelo Nicácio podem ser considerados reforços. Os demais são atletas meia-bomba, quase todos descartados sem saudades por outros clubes.

Refiro-me às escolhas porque elas são determinantes para os passos que o Paissandu dá na Série B. Caso tivesse, por exemplo, resolvido a questão do meio-campo o time teria outro rendimento, inclusive quanto à produção ofensiva, cada vez mais anêmica.

Além de critérios técnicos, a diretoria deveria ter levado em conta outros aspectos para definir as contratações. Jogadores fora de forma ou a caminho da aposentadoria não cabem em projetos vitoriosos. Aliás, atletas nessas condições não deveriam ser considerados profissionais de fato. O Paissandu está povoado de boleiros nessa situação, sendo que os menos culpados são os empregados.

A apatia que domina a equipe na maioria das partidas é o ponto que mais incomoda e irrita a torcida. Vários jogos exprimem bem esse descompromisso. Contra ASA, ABC, Boa Esporte, América-MG, Oeste e Icasa pode-se dizer que o Paissandu não esteve representado, de fato. Havia em campo um arremedo de time. Falta fibra, não há sinal de alma.

Um cálculo em cima da tabela de classificação, com projeção dos jogos que restam, indica que há possibilidades de o Paissandu escapar à degola. O que não existe é indicação de que o time tenha disposição e vontade de reagir em campo.

Sem esses ingredientes fundamentais em qualquer tipo de atividade, nem sal grosso (como fez o São Paulo ontem) pode salvar o Papão na Segundona.

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Adeus ao homem da palavra forte

Nonato Santos, o da palavra forte, nos deixou ontem. Partiu cedo, era um sujeito cheio de vida e de projetos. A voz de trovão escondia uma personalidade amável, de boa índole. Bom profissional, amigo dos amigos, participou comigo de algumas passagens interessantes na cobertura do futebol paraense.

Estávamos juntos na cabine de imprensa do Canindé quando o célebre árbitro Bianca operou o Remo de Agnaldo diante da Portuguesa de Dênis, mas, mesmo assim, não impediu a classificação azulina.

Diante da fúria de um grupelho de torcedores e sócios da Lusa, que tentavam invadir nosso espaço no estádio, Nonato muniu-se de uma cadeira e enfrentou corajosamente a turba. Até hoje não sei se foi valentia ou maluquice. Importa mesmo é o gesto, simbólico do grande camarada. Deixa saudades.

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Adeus a dois símbolos da glória

Por justiça, a coluna deve render homenagens a outras duas personalidades do esporte. Gilmar dos Santos Neves, goleiro titular, e De Sordi, lateral-direito que jogou quase todas as partidas na Suécia, morreram neste fim de semana, desfalcando ainda mais a galeria dos heróis do nosso primeiro título mundial.

A seleção de Vicente Feola começava justamente por eles. Ambos foram decisivos para a caminhada vitoriosa, que expurgou das nossas vidas a pecha de emergentes do futebol e fulminou o complexo de vira-lata que havia se estabelecido no Maracanazo de 1950. Dois grandes boleiros que partem para reforçar o timaço que já está lá por cima há algum tempo.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 26)

21 comentários em “Nem sal grosso resolve

  1. Ainda nos primeiros dias da gestão Vandick já podiam ser detectados os erros citados na coluna, os mesmos das administrações passadas, por sinal. Lembro que foram denunciados aqui, mas os ufanistas os refutaram com desprezo e ironia.

    Arturzinho é agora a última cartada. Precisará de muitos jogos para por em forma os muitos atletas indicados por ele. Se estes não derem certo, já não haverá mais tempo para se tentar uma nova solução, haja vista a incrível quantidade de pontos perdidos pelo Paysandu. Ao contrário do que muitos dizem, o time não se complicou pelos pontos perdidos fora, mas sim em CASA: foram nove partidas em seus domínios. Tivesse feito sua obrigação, teria 27 pontos, estando inteiramente livre da degola.
    Restará então apenas dispensar os jogadores mais caros e levar um plantel regional dignamente até o fim da competição, de volta à série C.

    O que todos deviam estar se perguntando não é se o time vai escapar ou não, mas sim se continuará a repetir as mesmas falhas administrativas de sempre. Insistindo nos mesmos erros, colherá sempre os mesmos resultados. Escapar eventualmente da degola pouco significa, pois ano que vem o calvário tende a se repetir.

    A fórmula de pontos corridos também é muito prejudicial a nosso futebol. Exige dos clubes organização, elenco variado, receita elevada para os salários astronômicos e estrutura capaz de suportar o excesso de jogos e viagens, tudo o que não temos. Em anos passados, os times eram divididos em grupos regionalizados. Nossas equipes jogavam a primeira fase contra times do Amazonas, Maranhão, Acre, competição nivelada por baixo. Depois vinham as fases seguintes em formato mata-mata, outro nivelamento por baixo, onde, num dia feliz, o pior pode eliminar o melhor. Ficamos atrasados e o desafio dos dirigentes é tornar nossas equipes competitivas novamente, apesar de as mesmas não mostrarem condições para tal.

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  2. Desde o início da temporada que alguns baluartes do blogue vinham apontando uma certa falta de seriedade por parte da direção do Paysandú com relação a equipe que iria representar o estado no campeonato nacional. Vimos um time fraco ser campeão de um estadual que há muito tempo e nem de longe serve de referência para qualquer outra competição!
    Um bom time se monta a partir de um bom técnico dizia e ainda nos diz o nosso amigo Claudio que acredito ser tão apaixonado pelo futebol quanto muitos que escrevem neste espaço democrático!
    Ainda não podemos jogar a toalha pois restam 21 rodadas, ou seja, 63 pontos a serem disputados dos quais uma equipe precisa algo em torno de 45 a 48 pontos para não ir para o inferno da terceira divisão!
    Atualmente o grande problema bicolor é o fato de também não vencer em casa e ausência destas vitórias pode ser determinante para o rebaixamento de uma equipe.
    O Paysandú já tem a fama de bom visitante, igualmente a um caldo de pescada branca que não faz mal a ninguém, é o visitante mais esperado pelas equipes que pretendem se reabilitar na competição. Foram, até aqui nove derrotas, umas até injustas mas na grande maioria derrotas merecidas pela apatia e falta de compromisso dos atletas com a tradição alvi-celeste!
    Não consigo ver neste time atual montado com o pior do lixo que existe no futebol nacional uma esperança de dias melhores.
    A receita de contratar jogadores renomados nunca deu certo e não é agora que vai dar.
    Se olharmos para o passado podemos ver que os times paraenses que conseguiram algum êxito nas competições nacionais eram na maioria formados por jogadores desconhecidos mas com um diferencial, eram jovens valores, garotos com gana, com vontade e desejo de vencer e de se tornarem vencedores.
    Não é que eu seja contra a presença de um ou outro veterano, aquele jogador que pode servir de parâmetro para o equilíbrio do time, mas ter uma equipe envelhecida, com atletas em fim de carreira, atletas dispensados dos melhores centros justamente porque não servem mais para o futebol moderno, brigado a cada centímetro do campo, que exige um condicionamento físico com o grau máximo de excelência!
    Mas vejamos o que acontece no Paysandú. Os atletas que aqui estão são demais rodados e não acompanham o ritmo dos seus adversários. Temos os fins de carreira que não querem compromisso com nada e que se forem mandados embora vão lucrar nos tribunais, é sempre assim!
    Acho que a maior falha da nossa diretoria foi abrir mão da nossa identidade paraense, do regionalismo pois temos sim atletas que se comparados com os bondes que aportaram na Curuzú estão em condições físicas e técnicas bem melhores e até superiores que estes.
    Outro fato que preocupa é que o mal resultado leva a torcida a se afastar cada vez mais do estádio, ninguém é masoquista para apanhar todo dia e ainda retornar para apanhar mais outra vez!
    Se a direção do clube não tomar uma decisão radical toda aquela imagem de NOVOS RUMOS será apagada da memória daqueles que esperavam nesta diretoria um Paysandú mais forte e mais amazônico do que nunca!

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  3. E para ficar pior ainda perdemos o único atleta que é um verdadeiro cão de guarda da equipe o Capanema está fora da série B devido fratura proveniente do choque que teve com o jogador do Icasa, égua da maré baixa do Papão!

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  4. Uma coisa, é brincar de série C e D… Na B, é mais embaixo, pela qualidade e investimento dos clubes, que dela participam…

    – Quando o Paysandu conseguiu o acesso, falava aqui, quase todo dia, que a 1ª coisa que a diretoria teria que fazer, era retirar a cláusula do regulamento do Parazão, em que limita a contratação de jogadores, para que o Papão usasse o Regional, para montar seu elenco, já com um bom técnico, e entrar na série B, embalado… Palmeiras, Chapecoense,… Quase todos fizeram isso… Quem não fez, teve um pingo de sorte e se deu bem, ou está brigando para permanecer na série B…

    Chapecoense, é a sensação da série B, e não foi o campeão Catarinense de 2013(foi o Criciúma)… Palmeiras, idem(foi o Corinthians)…

    O Campeonato brasileiro, dar aos clubes, os regionais para que eles se projetem, mas alguns, insistem e não levar isso a sério…

    Capanema, como falou o amigo Miguel, acima, vai ficar quase 3 meses parado, ou seja, está quase fora da série B, deste ano… Jogadores não toleram o jeito de trabalhar do técnico, e a tendência é fritá-lo a cada jogo… Com isso, quem sofre, são os torcedores do Papão…Infelizmente..

    É a minha opinião.

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  5. Vandick, pelo jeito, tomou a frente nas contratações de jogadores, 2º ele disse, ao setorista Dinho Menezes, mas as lambanças, pelo jeito, não acabaram…

    Anunciou ontem, o goleiro Matheus, 21 anos, 5º goleiro do Grêmio…. Te dizer…

    Vandick, Paysandu, se quiser sair dessa situação, é de Elias, pra cima… Mete a mão no bolso e traz o jogador…. Estava praticamente fechado com esse atleta… Será que vão perder, como perderam: DM9, Jr Xuxa, Bismarck,….. Eu heim..

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  6. Arthuzinho teve uma semana pra prepara o time e o que vi foi um time lixo. Com esse time a serie C e certo ou forma outro time para o segundo turno ou ja era.

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  7. Sr. Gerson Nogueira
    Ontem fiquei até tarde esperando a entrevista com o sr. Arthur, (Arturzinho) como é conhecido o treinador do Paisandu. Gostei dos esclarecimentos dados mas que não convencem o torcedor e acho também que nem aos dirigentes, não adianta jogar bem e no fim sair derrotado, futebol são 3 pontos. 1 ou zero. Também observei que quando Geurreiro. Tomaso e vc. proprio falaram sobre o atacante Aleilson, o treinador escutou e nada disse, será que ele nunca ouviu falar desse atacante que vem marcando goals em todas as partidas e cairia como uma luva no atual elenco bicolor juntamente com o Ilailson e o Adriano Miranda ? não seria mais barato e viável já que os mesmos estão em plena atividade e entrariam logo de “cara” no time ?
    Com a palavra o Presidente do Clube.

    Robysson Canavarrro

    .

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  8. Me equivoquei nessa questão da morte do Nonato Santos, pensei ter sido o Orlando Santos.

    Mas toda perda de uma grande pessoa é irreparável, que Deus conforte sua família.

    Gerson e o Orlando Santos ainda está entre nós?

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  9. Rubinho tava no Banco do Parana, aonde tava o diretor que nao viu isso, o Nautico viu e contratou, e o Prata lateral do Luverdense? Poem Pikachu no banco o cara joga muito acorda vandick……

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  10. Tristeza pela perda de um profissional da qualidade do Nonato Santos, que Deus o tenha. Esse jogo que você citou amigo Gerson, eu também estava no Canidé, pois residia nessa época em Sampa. Mesmo com a intenção do árbitro de fazer a portuguesa ganhar pela diferença de gols, o leão foi firme e mesmo perdendo consegui se classificar.

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  11. Só a dona Cheirosinha resolve esta parada. A propósito, o time segue fraco, mas, há quem diga que a gestão profissional do rival listrado não tem deixado a peteca cair no que diz respeito ao aspecto financeiro. Isto é, ao que tudo indica e pelo que tem sido noticiado, inclusive na mídia blogueira, no bicóla é só o time que vem perdendo neste campeonato. Antes era só fora, mas agora até ICASA também.

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  12. Até quando a Cheirosinha vai dar certo no Remo, Antonio.

    Nem sal grosso e nem essas mandigas dos vendedores do Verupa.

    O jeito é trabalhar sério e contar com um pouco de sorte, em sorte eu acredito.

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    Orlando Santos é mais conhecido como Mano Velho.

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    Remo resolveu punir o Yan com 20% nos seus vencimentos mesmo.

    Depois que atravessar a BR, vão dizer que o papão aliciou o garoto, falta de visão.

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  13. Égua… Quando vejo o F. Caranga (que quando disputou a pré-1a divisão do Parazão, fez muitos gols, chamou a minha atenção), o Aleilson e o B. Rangel, fazendo gols a rodo, por aí… Só que os técnicos de fora, naturalmente, não irão aceitar o Aleilson. A única
    chance seria por imposição da presidência do PSC. Mas, isto dificilmente aconteceria, pois Vandick, agora, para tentar limpar a sujeita (para evitar usar outra expressão), vai atender aos pedidos do Pequeno Arthur, o qual irá pedir jogador de fora, obviamente.

    Em minha opinião, com esse elenco fraco, sem ainda os chamados operários do Pequeno Arthur, acho que, nos próximos 2 jogos, serão uma derrota (Brangantino-SP, fora) e um empate (Sport, em Belém).

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