Por Gerson Nogueira
Dona de um “futebol mambembe” – termo usado pela Folha de S. Paulo, na edição de ontem –, Manaus constrói uma luxuosíssima Arena Amazônia destinada a ser o maior elefante branco da Copa do Mundo de 2014. Com as obras mais atrasadas entre todos os estádios do mundial, a arena baré acaba de pedir aporte extra de R$ 54 milhões. Com isso, o custo total será de R$ 605 milhões – R$ 90 milhões acima do orçamento original.
Com essas credenciais, e a esse preço, a Arena Amazônia sediará quatro jogos da Copa e depois mergulhará em destino semelhante ao das arenas sul-africanas, praticamente abandonadas depois da Copa 2010. O problema é o alto custo de manutenção, estimado hoje em R$ 6 milhões anuais, pela Unidade Gestora do Projeto Copa, ligada ao governo amazonense. Não há a menor ideia sobre quem vai pagar os R$ 500 mil mensais.
O staff da Fifa e do Comitê Organizador desembarcou ontem em Manaus, para visitar as obras. Pompa mais ou menos parecida com a do período de avaliação das cidades candidatas à sede da Copa, quando Ricardo Teixeira capitaneou um passeio nababesco de dois dias pela cidade, praticamente selando todos os acordos e conchavos para que a capital amazonense fosse depois ungida pela Fifa, mesmo sem maior vinculação com o futebol.
Ronaldo Fenômeno, Jerôme Valcke e Aldo Rebelo certamente passaram longe do emperrado projeto de mobilidade urbana, que precisou ser todo refeito a 10 meses da Copa, com aditivo de R$ 1 bilhão ao orçamento de R$ 2 bilhões, dando a Manaus a condição de sede com as obras mais atrasadas.
Diante das críticas à futura utilização da arena, o coordenador da UGP, Miguel Capobiango Neto, promete uma licitação para que a iniciativa privada terceirize o estádio. A informação surpreendeu até os próprios manauaras, como o jornalista Sílvio Silva, do blog Parcialmente Imparcial.
Prevista ou não, a terceirização pode ser a única alternativa para que o estádio não tenha o mesmo fim do antigo Vivaldo Lima, que foi tomado pelo mato e o abandono por falta de uso pelos times de futebol. Na última temporada, a média de público nos estádios amazonenses foi inferior a 500 pessoas por jogo, com renda média de R$ 4.800,00.
Ao lado de Cuiabá, cuja Arena Pantanal também leva jeito de elefante branco, Manaus não sabe o que fazer com sua Arena Amazônia quando a Copa terminar. Até mesmo a ideia de shows musicais corre riscos em função dos sete meses de chuva na região. Nessa toada, a velha anedota – criada pela torcida paraense – sobre o aproveitamento da arena como palco do festival de boi-bumbá acaba se tornando realidade.
————————————————————————–
Plateia é toda dos visitantes
Por coincidência, o Nacional recebeu o Vasco ontem pela Copa do Brasil, em Manaus, e um fenômeno impressionou mais do que o jogo de baixo nível técnico: o público de 6 mil pagantes era formado majoritariamente por torcedores do clube visitante. Em Belém, há muita simpatia pelos clubes do Rio, mas a torcida é toda pelos representantes paraenses.
A decadência do futebol amazonense nos últimos 20 anos praticamente extinguiu a paixão pelos clubes locais. Essa realidade ficou evidente na partida de ontem. No pênalti sobre Éder Luís, a galera foi ao delírio. Teve torcedor que invadiu o campo para comemorar.
O fato é que Naça, S. Raimundo, Holanda e Fast não levam ninguém aos estádios. A torcida só comparece para ver (e apoiar) clubes de fora.
————————————————————————-
Que fracasso de Copa, hein…
Não se completaram nem oito horas do lançamento da pré-venda de ingressos para a Copa do Mundo e mais de 1 milhão de bilhetes já tinham compradores cadastrados. A informação é do site oficial da Fifa.
Fico imaginando a frustração dos urubulinos de plantão, que apostam sempre no fiasco e na catástrofe…
————————————————————————-
Direto do blog
“Tenho a impressão de que todo torcedor do Paissandu está preocupado com os reforços anunciados pela Diretoria e Comissão Técnica do técnico Arturzinho. Leonardo, Gilton, Fabiano Silva (passagem discretíssima pelo rival), Jailton e Jacó, quase todos ex-jogadores do Joinville, que não é nenhum grande time (estava na Curuzu e nada me impressionou, mesmo o Paissandu ganhando apertado). Deus queira que eu esteja completamente enganado. E o Oscar Yamato o que faz no clube?”
De Mauro Gama Tobias, ressabiado com os “reforços” que todo dia chegam à Curuzu.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 21)
Curtir isso:
Curtir Carregando...