Para curar todos os traumas

Por Gerson Nogueira

COLUNA GERSON_01-05O gramado do estádio Jornalista Edgar Proença foi palco de duas tragédias remistas em 2012. Perdeu o título estadual para o Cametá após um apagão de cinco minutos e deixou escapar (para o Mixto) a classificação à terceira fase da Série D. A necessidade de exorcizar esses traumas pode ser um dos obstáculos para o time, hoje à tarde, contra o Paragominas.

É bem verdade que o elenco é outro, pois apenas Jonathan permaneceu, mas as lembranças seguem atormentando o clube e sua torcida. E olha que as condições são favoráveis, afinal o time estará praticamente completo e vive fase ascendente, depois de derrotar duas vezes o rival Paissandu nas semifinais.

Acontece que os dissabores recentes se juntam a várias desventuras dos últimos seis anos, período em que o Remo não conseguiu se impor como protagonista no futebol paraense. Por tudo isso, não é absurdo avaliar que os problemas azulinos começam pela cabeça.

Obrigado a viver sob pressão desde a estreia do campeonato, pela obrigação de garantir vaga na Série D 2013, o time conseguiu chegar à decisão do primeiro turno, mas acabou derrotado nos instantes finais. A recuperação quase milagrosa no returno recolocou a equipe na briga para representar o Pará no Brasileiro.

Por todos os pontos de vista, a síndrome do quase é o maior fantasma no caminho dos azulinos. E isso, de uma forma ou de outra, acaba envolvendo a torcida, sempre supersticiosa e desconfiada. Independentemente disso, a presença nas arquibancadas não diminuiu, garantindo ao Remo um lugar entre os cinco melhores públicos do Brasil nos três primeiros meses da temporada.

Parar passar pelo Paragominas, detentor da melhor campanha do returno e terceiro na classificação geral, o Remo precisará juntar o entusiasmo de seu torcedor com a confiança readquirida pelo time. Não é tarefa impossível diante de um estádio lotado de fanáticos, mas superar o PFC exigirá a mesma determinação vista contra o Paissandu.

Em relação aos dois clássicos há, porém, uma diferença substancial. A estratégia da superação não pode ser mais a única força impulsionadora. Mais do vontade e transpiração, o time precisará envolver o adversário e adotar arrumação tática mais ofensiva, visto que a prioridade é fazer muitos gols. Não bastará vencer. É preciso vencer por boa margem, levando em conta que o jogo de volta será em terreno inimigo e em condições desfavoráveis, pois a vantagem do empate é do adversário.

Para garantir a interação com a torcida, o time terá que atacar sempre, buscar o gol de todas as maneiras. Diante de tamanha necessidade ofensiva, Flávio Araújo não poderá se prender aos princípios da cautela e da contenção. É jogo para dois zagueiros (Henrique e mais um), dois meias ofensivos (Capela e Galhardo ou Ramon), laterais prontos a ajudar o ataque e dois atacantes que se complementem (Val Barreto e Leandro Cearense).

Como Jonathan está fora, o meio-de-campo deve ter uma pegada mais voltada para a transição rápida. De posse da bola, o Remo não pode sair estabanado, mas também não deve perder tempo com passes laterais. A ordem é verticalizar o jogo e explorar a velocidade. Contra um oponente que deve se fechar, a única arma possível é o cerco à área, mas com soluções rápidas, que superem a marcação.

Mesmo que tudo isso seja cumprido em campo, o duelo será difícil. De um lado, o PFC na tática da espera. Charles montou um time que se comporta bem como visitante e sabe sair em contra-ataques. O Remo, por seu turno, precisará jogar tudo nesta primeira partida. Sabe que a volta, dependendo do placar de hoje, pode virar uma guerra.

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O canto de adeus de Havelange

João Havelange seguiu os passos de seus amigos, sócios e cúmplices Ricardo Teixeira e Nicolas Leóz. Como cabe a cartolas de seu naipe, saiu à francesa, na calada da noite. Deixou o pomposo cargo de presidente honorário da Fifa no último dia 18, pressionado por um turbilhão de denúncias sobre subornos, favorecimento e contratos fraudulentos. Teria lucrado uma fortuna, agenciando esquemas diversos, desde os tempos da notória ISL.

Um crepúsculo vergonhoso para um dirigente que, entre os anos 70 e 90, foi um dos homens mais poderosos do mundo. Comandou a Fifa com mão de ferro, beneficiando amigos e sufocando adversários. Enfileirou-se a ditadores de diferentes colorações ideológicas. Foi extremamente simpático com Pinochet e Videla, garantindo a Copa do Mundo de 1978 na Argentina ensanguentada pela repressão militar.

Em relação ao Pará, Havelange também causou danos. Apesar de homenageado com um título de cidadania, que jamais veio receber, não contou duas vezes antes de agir com denodo pela exclusão de Belém da lista de cidades sedes da Copa do Mundo de 2014. Não é especulação ou boato. Ele próprio jactou-se de sua interferência, em entrevista concedida no ano passado, afirmando que lutou pessoalmente pelas candidaturas de Cuiabá e Manaus. Pelo histórico, tal luta não deve ter sido gratuita.

Já vai tarde.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 01)

26 comentários em “Para curar todos os traumas

  1. Pelo que li no site oficial do Boca, o clube está convocando toda a torcida para dar um abraço simbólico no estádio “Alberto J. Armando”, o popular La Bombonera, hoje, em comemoração ao grande feito mundialmente famoso que foi a goleada que o time aplicou no papinha. O lançamento do DVD “A Batalha do Mangueirão”, e shows internacionais também estão previstos. Essa goleada marcou a vida do Boca pra sempre, e nunca mais será esquecida. É incrível a importância que esse jogo tem na vida do Boca !!!

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  2. Aliás, Gerson e amigos, o único remanescente desse jogo contra o Cametá, não joga hoje, o que poderá ser um bom sinal…rs

    Sinceramente, mas por tudo que venho acompanhando do Remo, penso que ele vence as duas partidas, se continuar com essa vontade de ser campeão do turno, mostrada contra o Paysandu…

    Na minha opinião, o Remo poderá até jogar no 3-5-2, mas com: Fabiano, Endy, Henrique, Mauro e Alex Juan. Nata, Gerônimo, Capela e Ramón. Thiago Galhardo e Val Baiano(Leandro Cearense).

    Acredito em 5 x 1, Leão…

    É a minha opinião.

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  3. Claudio, o que vc acha da hipótese do Berg substituir o Jhonnathan? Acho que essa opção fortaleceria o lado esquerdo do time.

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  4. Não creio no favoritismo absoluto do Remo, deverá jogar para ganhar e não levar gol(s), para em Paragominas jogar pelo empate. Não acredito em goleada, meu palpite é 2 x 0. Agora se o PFC apresentar futebol semelhante aquele jogado na Curuzú (Papão 3 x 1), aí poderá levar mais gols.

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  5. Gerson, discordo em parte da sua análise. Acho que o Remo deve manter o 3-6-1, com o Val Barreto no ataque e Branco na vaga de Endy no 2º tempo. Clebson, que também deve entrar no 2º tempo, com seus lançamentos ganha boa chance de aparecer bem no jogo, caso Branco entre mesmo na vaga de Endy. O meio com Ramon e Capela deve ser mantido e entrosado no time titular, são dois jogos e os dois juntos, funcionaram bem. Capela é mais um meia de ligação, conduz a bola quando precisa e tem a precisão necessária ao último passe, ao passe para o arremate. Jhonnatan tem a mesma qualidade, é isso que fará falta. Ramon tem autoconfiança, isso é bom, só que sem o ritmo de jogo adequado, ainda erra muitos passes, mas vai melhorando a cada partida. Vai melhorar com a frequência de atuações, se jogar mesmo hoje, será a terceira partida seguida em que atua e logo logo estará em forma. No jogo passado, Nata jogou como terceiro zagueiro e foi uma boa opção, não tem qualidade para ser um líbero, mas quase foi um, natural que procurasse o meio. Com a volta do trio de zaga, Nata deve ser naturalmente posto na cabeça-de-área na vaga de Jhonnatan, ao lado de Gerônimo. Com essa cabeça-de-área mas afeita à marcação, seria uma boa opção ter o Branco na vaga de Endy desde o início, considerando que é uma boa fazer um bom saldo de gols.

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  6. Vou ficar alegremente satisfeito se o Flávio Araújo manter a composição da zaga, a mesma do jogo passado e o sistema de jogo também. O Remo melhorou o desempenho em campo, se tornou uma verdadeira equipe de futebol diferente dos jogos em que vinha muito mal, parecia aqueles times formados em cima da hora na distribuição de camisas. observamos neste momento uma formatação que adquiriu conjunto, compactuação e com isso alternativas objetivas de ataque. Eu fui um dos que pediam a saída do Flávio pelas circunstancias apresentadas naquele momento, agora a situação é outra, o time passa confiança, evoluiu e tem condições de ganhar o Paragominas sim, e nas duas partidas.

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  7. E aí, amigo Cláudio, já a postos com sua latinha, para abrir o apetite para o almoço e se tranqüilizar pelo seu Leão que hoje terá que exorcisar os fantasmas Cametá e Mixto-Quente ?
    Abraço e até o jogo, nos comentários on-line.

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  8. Acho oportuno o amigo Gerson lembrar esses jogos fatídicos do Remo, sem bem que o time de agora, se mostra superior tecnicamente ao da época. Tomara que a comissão técnica e jogadores tenham lido a coluna do Gerson no Diário do Pará. Que sirva de alerta.

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  9. Diz o velho ditado, time que está ganhando não se mexe. Assim sendo, mutatis mutantis, creio que o Clube do Remo não deva mexer, além de suas necessidades é óbvio, em relação ao time que estar a jogar, mormente nas duas últimas partidas contra seu arquirival.

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  10. De minha parte, não creio que a atuação com dois atacantes surta o efeito que se espera, qual seja, o Remo acentuar as ações de ataque. Pra mim basta um atacante, o Val Barreto. A vasta experiência feita no primeiro e no segundo turno mostrou que o principal problema remista é a fragilidade do meio campo, seja na proteção da zaga, seja armação das jogadas. Fragilidade esta que a experiência também mostrou que foi minimizada com o aumento do número de armadores, sem a redução do número de volantes, quando o time armou e atacou mais e melhor, sem grande exposição defensiva. Logicamente, tudo isso com o time contando com uma boa melhora no uso dos fundamentos básicos por parte dos jogadores escalados (troca de passe, posse de bola, lançamentos e assistências e muita disposição na disputa pela bola e pelos espaços no campo etc). Eu no lugar do Flávio Araújo manteria o mesmo esquema do jogo passado, avaliando apenas a situação do Endy que, realmente, no jogo passado enfrentou algumas dificuldades seja na contenção, seja no apoio, não necessariamente para substituí-lo, mas para fazer um trabalho de estímulo individualizado com vistas a um melhor desempenho. Muita sorte e graça divina ao Leão, hoje.

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  11. Ano passado a situação foi completamente diferente, o Cametá foi campeão do primeiro turno e a decisão do segundo turno foi contra o Águia.

    o Remo tinha que ganhar pra ir pra decisão do campeonato e poder decidir a vaga.

    No caso de hoje, tem o seu drama, mas é menor, até porque o a vitória do Paysandu no primeiro turno não foi tão prejudicial.

    o Remo quase descarrila por suas próprias incompetências, mas hoje tem uma vantagem moral por ter ganhado o maior rival.

    Acredito hoje que o Remo venha num 3-6-1, até por não ter o johnantan, então ele substitui o volante por mais um zagueiro e no jogo passado o nata jogou um pouco mais atrás do que normalmente joga.

    Fabiano, Mauro, Henrique, Rech; Endy, Nata, Gerônimo, Capela, Ramon, Alex Juan; Val Barreto.

    Tomar conta do meio de campo e lançar pro Val Barreto.

    Hoje tem que aproveitar o incentivo da torcida e o fato do Paragominas jogar desfalcado.

    Tem que levar uma boa vantagem pra Paragominas

    É a minha opinião

    Boa tarde amigos

    Vamos acompanhar essa preliminar do jogo mais importante do dia, esse tal de Barça x Bayern, hehehe

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  12. Sei que o post e em relação ao remo e pfc, mais se o Lecheva escalar a seguinte onzena para os próximos jogos do Papão, ninguém mais segura a gente.

    1 Zé Carlos
    2 Picachu
    3 Raul
    4 Bispo
    6 Alvim
    5 Billy
    8 Capanema
    7 Djalma
    10 Eduardo Ramos
    11 João Neto
    9 Rafael Oliveira

    Anotem, se esse time passar a ser escalado a partir do próximo jogo da Copa do Brasil, o Paysandu vence o regional com os dois pés nas costas.

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