Por Gerson Nogueira
As propostas de trabalho são diferentes em muitos pontos, mas os candidatos à presidência do Paissandu têm um discurso afinado quanto ao futuro do clube que um deles irá administrar a partir de janeiro. Victor Cunha, da Chapa Centenário, e Vandick Lima, da Novos Rumos, fizeram campanhas direcionadas a um colégio eleitoral de pouco mais de 1.000 associados.
A simples contagem dos eleitores sinaliza para um dos maiores problemas do clube: a pouca representatividade do quadro de sócios em comparação com o tamanho da torcida.
Mais grave ainda porque o Paissandu inaugura na eleição de hoje um procedimento mais democrático, ampliando o voto a todos os sócios. O avanço político deve corresponder, porém, à verdadeira vontade dos votantes.
A mancha representada pelos “cabritos” (sócios fantasmas), sempre presente nas eleições do clube, é um ponto cego que pode comprometer a legitimidade da chapa vencedora.
Como esse artifício sempre beneficiou a situação do clube fica a sensação de que o aperfeiçoamento institucional ainda requer medidas mais drásticas. O Conselho Deliberativo, que no Pará virou simples figuração, tem imensa responsabilidade quanto à lisura da eleição.
Quanto aos candidatos, há a esperança de que o vencedor represente efetivamente uma mudança na gestão do clube. Até mesmo Victor Cunha, indicado pelo presidente atual, demonstra disposição para romper com antigos dogmas, como a não remuneração de diretores. Promete, ainda, investir na construção de um centro de treinamento, item que nunca foi prioridade para os demais gestores.
Vandick, um ídolo da torcida, tem a chance de repetir a trajetória de Roberto Dinamite no Vasco, com possibilidades de superar o vascaíno em organização e transparência. Defende a profissionalização do departamento de futebol, promete a construção do CT e prioridade para as categorias de base. Para a massa não votante, a oposição é vista com mais simpatia, mas o retrospecto histórico não lhe favorece. A situação não perde eleição no clube há quatro décadas.
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Dívida (paga) com dois elencos
A lista de jogadores que firmaram acordo com o Remo – e tiveram as pendências pagas – dá pra formar dois times. As ações se referem à gestão Amaro Klautau e antecessores. Cabe ressaltar que a carpintaria dos acordos foi executada por Ronaldo Passarinho, responsável pelo departamento jurídico do Remo durante a gestão de Sérgio Cabeça. À coluna, com exclusividade, ele enviou a relação completa dos atletas que tinham litígio trabalhista com o clube:
Goleiros: Evandro, Alencar Baú e Ivair. Laterais-direitos: Levy e Lima. Zagueiros: Diegos Barros, Enio, Anelka e André. Laterais-esquerdos: Edinaldo, Marcelo Muller, Diego Nazareno e Márcio Loyola. Volantes e meias: Júlio Bastos, Mauricio Oliveira, Toninho, Rodrigo “Sarará”, Fernando Goiano, Ricardo Oliveira, Rogério Belém, Vélber, Jobson, Eder de Leon, Ézio e Paulista. Atacantes: Felipe Mamão, Zé Carlos, Fábio Oliveira, André Leonel, Jailson, Barata e Renato Santiago. Técnico: Bagé. Preparador físico: José Jorge. Massagista: Bombinha. Supervisor: Márcio Sampaio.
Não chega a ser um elenco de primeira linha, mas nas arengas trabalhistas tinha poder de fogo para arrebentar com as finanças do Remo. Ronaldo, como guardião da área jurídica do clube, usou de toda sua expertise para resolver as coisas da melhor maneira. Uma façanha.
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Retorno ao estilo Felipão
Seleção Brasileira é realmente algo ainda muito apaixonante, apesar do desgaste dos últimos tempos. Uma simples frase de Felipão, durante a apresentação de ontem, gerou um bafafá nacional, provocando notas de repúdio do Banco do Brasil e do sindicato nacional dos bancários. Besteira.
Quem estava ligado na entrevista percebeu que houve uma pausa entre a frase sobre o BB e o restante do pensamento, sobre o “não fazer nada”. Óbvio que, como é praxe no Brasil, todo mundo gosta de tirar uma casquinha e pegar carona no noticiário.
De interessante mesmo na fala de Felipão foi o tom enfático quanto à obrigação de ganhar a Copa. Gosto disso, desse jeito despachado e direto. A maioria dos técnicos faz aqueles requebros verbais, foge do assunto e invoca respeito a adversários etc.
Por isso, entre outros aspectos, prefiro Felipão a Mano Menezes e Tite, dois craques na arte da enrolação. Nem Parreira, outro especialista em dissimulação, será capaz de conter a língua solta do treinador gaúcho. A CBF de Marin não sabe em que vespeiro está entrando. Vai ser divertido – e o Brasil vai ser campeão.
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Direto do blog:
“Pela farra de irregularidades e conchavos que é a organização do mundial na ‘terra brasilis’, não merecemos o caneco. Tudo o que há de mais abjeto no mundo do futebol e que hoje se pratica no Brasil, até com certa convicção, não pode ser premiado com o levantamento da taça no Maracanã em 2014”.
Por Daniel Malcher, cético quanto aos passos do Brasil na Copa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 30)