Palmeiras revela interesse em Pikachu

A um passo do rebaixamento, o Palmeiras admitiu nesta sexta-feira ter interesse na contratação do lateral-direito Pikachu, grande destaque do Paissandu na Série C 2012. O técnico Gilson Kleina comentou que o clube entrará na briga para adquirir os direitos federativos do atleta paraense. Foi o bastante para que a imprensa esportiva de São Paulo passasse a falar em Pikachu. Por enquanto, porém, tudo ainda é especulação. Não há nenhuma negociação em marcha com a diretoria do Paissandu, que já revelou que prefere negociar o jogador com empresários. Estes definiriam o destino de Pikachu. Foi dessa maneira que o clube negociou recentemente outra revelação da base, o atacante Bartola. O presidente Luiz Omar diz que não irá atrapalhar os sonhos do jogador, dando a senha para a transação iminente envolvendo o melhor lateral-direito da Terceira Divisão. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

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1) Diretoria do Paissandu não cumpre promessa de pagar salários atrasados e elenco se recusa a viajar para Paragominas, local do jogo com o Icasa. O motim só é desfeito depois que LOP assegura que irá quitar o mês de setembro no prazo de uma semana. 

2) Decorridos 15 dias das denúncias feitas pelo senador Mário Couto em Brasília sobre corrupção na Federação Paraense de Futebol, nenhuma prova foi apresentada e os documentos prometidos até agora não apareceram publicamente.

3) O Fluminense, campeão por antecipação, pediu que a taça lhe fosse entregue no jogo deste domingo contra o Cruzeiro. A CBF concordou, mas, talvez preocupada com a aproximação do povo, proibiu que seja dada a volta olímpica. 

Vexames que se repetem

Por Gerson Nogueira
Quando escrevi a coluna de ontem, tudo indicava que o Paissandu navegava em mar de tranquilidade, ainda embalado pela conquista do acesso e à espera apenas das batalhas semifinais da Série C contra o Icasa. Ledo engano. Ocorre que o ambiente interno estava conturbado, apesar dos esforços de Lecheva para apagar incêndios. Os jogadores exigiam o pagamento dos salários atrasados, cobrando promessa feita nos momentos de euforia depois do jogo em Macaé. O esforço do grupo para garantir a vaga à Série B foi alimentado pela confiança na palavra dos cartolas.
Como palavras são levadas pelo vento, as promessas proferidas durante a festa acabaram esquecidas pela cartolagem nos dias seguintes. O elenco, porém, não esqueceu e agora apresenta a conta. Só depois de muita conversa e nova garantia de que os salários de setembro serão pagos (em duas parcelas) em uma semana, o grupo aceitou viajar a Paragominas, na tarde de ontem, atropelando toda a programação estabelecida para treinos no estádio Arena Verde.
O constrangimento a que o clube foi submetido insere-se no rol de vexames proporcionados a cada temporada. Parece sina. Não há ano que termine sem que algum jogador – ou vários – seja obrigado a cobrar publicamente o pagamento de dívidas. Da parte do clube há muito que a vergonha foi perdida, tanto que ninguém se preocupa em evitar a repetição. Em 2010 e 2011, problemas dessa ordem tumultuaram tanto o clube que impediram o acesso à Série B.
O hábito de descumprir acordos mancha inapelavelmente o clube empregador. Circulou por todo o país, velozmente, a notícia do calote do Paissandu. Isso explica o grau de dificuldades que os dirigentes enfrentam na hora de contratar atletas. Todos sabem o que acontece em Belém, onde salários são prometidos, mas dificilmente honrados. Explica, também, porque nossos grandes clubes estão no lodaçal de débitos trabalhistas que ameaçam seus patrimônios, como o leilão em torno da sede social do próprio Paissandu.
Em favor da diretoria do Paissandu, pode-se argumentar que as finanças – já cambaleantes – foram comprometidas na reta final pelo bloqueio de um patrocínio importante (Yamada) e pela punição do STJD, tirando de Belém jogos importantes, que gerariam grandes arrecadações. Quanto ao crônico atraso de salários, não há desculpa. Como de hábito, o clube fez contratações acima de suas posses, ciente de que sua receita mensal (em torno de R$ 380 mil) seria insuficiente para bancar uma folha superior a R$ 450 mil.
Não há mágica que resolva esse tipo de descompasso entre receita e despesa. Austeridade contábil é um item fundamental numa boa gestão. Os dirigentes não conhecem esse mandamento e preferem submeter os clubes a toda sorte de desconforto, cientes de que não serão punidos pelos desatinos administrativos, nem julgados pela história. Apostam até que o esquecimento coletivo irá poupá-los no futuro. Bobagem. Calote ninguém esquece.
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Dificuldades na escalação
Em campo, a partir das 18h, o Paissandu terá pela frente um time que também foi sacudido por ameaças de motim nos últimos dias, mas que sempre dificultou muito as coisas em confrontos na Série C. O Icaso é o mais surpreendente semifinalista da competição, principalmente pelos investimentos modestos que fez. A folha de salários não ultrapassa R$ 100 mil. Depois de um começo irregular no campeonato, partiu para uma grande reação nas últimas rodadas da fase classificatória e acabou por desbancar o favorito Duque de Caxias no primeiro mata-mata.
Para enfrentar essa valentia do sertão, Lecheva tem problemas na escalação. Não contará com o zagueiro Marcus Vinícius, de atuações discretas mas seguras. Vânderson, contundido, também não joga. Os substitutos serão Tiago Costa e Leandrinho. Duas mudanças sérias e preocupantes, pelo nível dos titulares. De toda forma, a expectativa é de um combate encarniçado, de marcação dura e poucas chances de gol. Um duelo típico de semifinal entre times que se nivelam.
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Obra-prima do sueco marrento
Os gols de Ibrahimovic no amistoso entre Suécia e Inglaterra já mereceriam aplausos. Quatro gols num amistoso internacional não é façanha que se vê todo dia. A questão é que o quarto gol, no minuto final, encantou o mundo. Uma super bicicleta, disparada da intermediária, com uma potência nunca vista antes. O goleiro rebateu de cabeça um chutão e Ibra deu um passo atrás para esperar o rebote.
Ao contrário do que faria um boleiro qualquer, ele virou de costas e apanhou a bola em pleno ar, a quase dois metros de altura. Quando a bola partiu, o atacante do PSG ainda se virou para acompanhar a trajetória, provando que o arremate foi absolutamente consciente. Ninguém no estádio imaginaria o uso de um recurso tão radical. Ninguém no mundo tinha visto coisa igual. Ousadia total, jogada de craque.
O lance inscreve-se, de imediato, entre os gols mais bonitos de todos os tempos. Está no mesmo patamar do gol de Jairzinho contra a Inglaterra, em 1970, no México, e do gol de Maradona contra a mesmíssima Inglaterra, em 1986. Será mera coincidência que a Inglaterra, inventora do futebol, tenha sido vítima de alguns dos mais inspirados artistas da bola?
Quiseram os deuses da bola que o gol de Ibra tenha acontecido no mesmo dia em que Neymar cometia uma das piores cobranças de pênalti da história do futebol. Neymar, aliás, concorre novamente ao Prêmio Puskas (da Fifa), que distingue os gols mais bonitos da temporada. Para sua sorte, dona Fifa, porém, preferiu deixar a obra de arte de Ibra para a premiação do ano que vem.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 16)