Derrota para Argentina teria derrubado Mano

Por Luciano Borges

Ganhou a Supercopa, mas perdeu para a Argentina. Por esse motivo, Mano Menezes caiu. Foi a gota d’água na falta de paciência de José Maria Marin, presidente da CBF, que não gostou de ver a seleção brasileira perder para uma equipe considerada pelo dirigente como “fraca”. Os argentinos bateram o time de Mano por 2 x 1 e Marin deixou o estádio La Bombonera sem sequer ver a festa da equipe brasileira, que ganhou a taça nos pênaltis. Marin retornou ao Brasil e marcou reunião para a manhã desta sexta-feira (23) na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF). Convocou o diretor de seleções, Andrés Sanchez, e o seu principal conselheiro, Marco Polo Del Nero, presidente da FPF. Comunicou sua decisão de demitir toda a comissão técnica e manteve Sanchez no cargo.

A resposabilidade, agora, passa a ser do presidente da CBF. Marin pretende anunciar o novo técnico da seleção somente em janeiro do ano que vem. Assim, terá tempo de chamar quem gosta mais e, se precisar, escolher outra alternativa. Tite, treinador do Corinthians, cresce na cotação com essa decisão. Afinal, ele tem o Campeonato Mundial de Clubes pela frente, em dezembro. Luiz Felipe Scolari já faz parte dos auxiliares de Marin, ajudando o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. Abel Braga e Muricy Ramalho (de quem Marim gosta muito) também fazem parte desta lista de “elegíveis”.

Reunião pode determinar queda de Mano Menezes

Uma reunião programada para esta sexta-feira, em São Paulo, entre o presidente da CBF, José Maria Marin, o vice Marco Polo Del Nero e o diretor de Seleções, Andres Sanchez, pode resultar na demissão do técnico da Seleção, Mano Menezes. A imprensa paulista já especula a provável queda de Mano. Nem mesmo a vitória no Super Clássico das Américas, no meio da semana, diminuiu a insatisfação de Marin com o trabalho do treinador. O presidente da CBF esteve na Bombonera assistindo o jogo, mas deixou o estádio quando o placar estava 1 a 1. Nos últimos dias, fontes da entidade revelaram que Marin estaria tendo divergências com funcionários ligados ao ex-presidente Ricardo Teixeira. Caso Mano seja demitido, Andres Sanchez também deve cair.

Três brasileiros na seleção de Johan Cruyff

Lev Yashin; Carlos Alberto Torres, Beckenbauer e Krol; Guardiola, Di Stéfano, Bob Charlton e Keizer; Garrincha, Pelé e Maradona. Esta é a seleção de todos os tempos escolhida pelo craque holandês Johan Cruyff, maestro da célebre Laranja Mecânica (vice-campeã mundial na Copa do Mundo de 1974) e que foi técnico do Ajax e do Barcelona. A surpresa no time escalado por Cruyff foi a ausência do fenômeno argentino Lionel Messi, melhor jogador da atualidade. Ele divulgou suas preferência no lançamento de seu mais recente livro, “Futebol, minha filosofia”.

Vote no mico da semana

Escolha seu King Kong preferido e encaminhe seu voto:

1) Atacante brasileiro Luiz Adriano, do Shaktar, tira uma de esperto e ignora as regras do fair play, fazendo um gol quando deveria deixar a bola com o goleiro. Falsas malandragens desse tipo queimam cada vez mais o filme do Brasil no exterior.

2) Depois do acesso, diretoria do Paissandu prometeu R$ 1 milhão em premiação aos jogadores. Sem pagar integralmente os salários atrasados, acumula uma dívida extra com o elenco e ainda redobra as desconfianças quanto à palavra empenhada.

3) Presidente do Remo, Sérgio Cabeça, é condenado pela Justiça Federal a oito anos de prisão por irregularidades na administração do antigo Cefet. Caso se reeleja, clube corre o risco de um mico inédito: ser comandado por um dirigente encarcerado. 

Uma derrota sem traumas

Por Gerson Nogueira

A derrota de ontem não foi tão surpreendente como certas reações da torcida fazem crer. Sabia-se que o jogo em Juazeiro do Norte seria dificílimo, não apenas pelo poderio técnico do adversário. A verdade é que o Paissandu, que desfrutou de condições privilegiadas para definir a vaga no primeiro jogo, viajou ao Ceará em clima de fim de festa. Além dos três desfalques (Pikachu, Fábio Sanches e Kiros), o time não parecia tão compromissado com o objetivo de ir à final da Série C.

Uma incompreendida declaração do volante Vânderson, logo depois da conquista do acesso, deu a senha quanto ao estado de espírito de um grupo que (mesmo com salários atrasados) havia brigado bravamente pela classificação à Série B. Vânderson minimizou a importância do título do torneio, opinião que era compartilhada por muitos dentro do elenco.

E não se pode criticar esse posicionamento, pois o acesso foi o grande prêmio. O título de campeão tem lá seu significado, mas é bem menos importante do que escapar do inferno da Série C após seis anos de martírios.

Para um time que correu risco de rebaixamento, classificou-se para a segunda fase na conta do chá e superou imensas dificuldades (internas, principalmente) para voltar à Série B, a derrota de ontem soa como fato de pequena monta.

Apesar de tudo, pode-se dizer que o gol cearense logo nos primeiros minutos contribuiu para aumentar o desânimo do Paissandu, que errava muito na defesa e não conseguia estabelecer ligação entre meio-campo e ataque. Era evidente o prejuízo causado pela ausência de Pikachu nas jogadas ofensivas pela direita. Leandrinho, mesmo esforçado, não apoiava com a mesma eficácia.

Vibrante e empolgado, o Icasa tomava todas as iniciativas e, com isso, envolvia a marcação com triangulações rápidas, puxadas pelo hábil Carlinhos. Além do gol surgido de um terrível cochilo da zaga paraense, os donos da casa ainda desperdiçaram três boas oportunidades de liquidar a fatura ainda na primeira etapa – duas delas salvas pelo bom goleiro João Ricardo. Lento e confuso nas articulações, o Paissandu chegou ao ataque apenas duas vezes, mas sem chegar a assustar.

O recomeço do jogo permitiu por alguns momentos a expectativa de um gol que garantisse o empate – e a classificação à grande decisão. Ocorre que a expulsão de Marcus Vinícius e o pênalti discutível selaram de vez o destino do Paissandu na partida.

Logo depois, a infantil expulsão de Ricardo Capanema, que xingou o árbitro, comprometeria qualquer tentativa de reação. Nos instantes finais, o golaço de Potiguar fez ver que, com um pouco mais de esforço e sem tantos desfalques, o Paissandu teria tido melhor sorte.

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Reformulação necessária

Quem acompanhou a trajetória do Paissandu na Série C com olhos pragmáticos deve ter observado o jogo com o Icasa mirando na Série B 2013. Sob certo ponto de vista, o acesso foi quase um milagre diante da caótica estrutura administrativa e de tantos passos errados na contratação de atletas. Apesar de dispor de alguns bons valores – Pikachu, Potiguar, Fábio Sanches, Gaibu –, o elenco atual tem carências imensas.

As laterais não contavam com reservas à altura. A proteção da zaga só contava de verdade com Vânderson. No meio-de-campo, foi gritante a ausência de um verdadeiro maestro para envergar a camisa 10. O ataque viveu de espasmos de Kiros e alguns bons momentos de Rafael Oliveira.

Para fazer boa figura na Segundona, o Paissandu terá que reformular o elenco já a partir do próximo mês, aproveitando depois o Campeonato Paraense – que começa a 15 de janeiro – para entrosar o time. A desclassificação, de certa forma, ajudará Lecheva a antecipar o início da preparação para a próxima temporada.

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Remo, entre a dúvida e o caos

A situação no Remo segue aflitiva e confusa. Com um bom técnico contratado, a diretoria se esforça para estruturar um elenco à altura de suas possibilidades financeiras, o que é tarefa difícil. Mas o principal problema permanece no comando. Sérgio Cabeça, fragilizado politicamente pela mais recente condenação, ainda insiste – nas internas – com a ideia da reeleição, hipótese que desagrada até os mais próximos aliados.

Por outro lado, a oposição não se consolidou em torno da candidatura de Roberto Macedo, vista com desconfiança pela estreita ligação com o ex-presidente Amaro Klautau, cujo principal projeto era vender o estádio Evandro Almeida. O risco de reapresentação dessa ideia infeliz preocupa até quem se opõe ao grupo de Cabeça.

O possível fechamento de acordo com quatro patrocinadores é festejado por Cabeça como trunfo capaz de assegurar-lhe um segundo mandato. Há controvérsias.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 23)