Por Gerson Nogueira
A morte de um torcedor e o baleamento de outro, alvejados na rua na última terça-feira, reaviva o fantasma da confrontação sangrenta entre facções organizadas de Remo e Paissandu que aterrorizam estádios em Belém. As duas maiores representações foram extintas pela Justiça, mas sobrevivem graças ao truque de nomes disfarçados, embora mantendo as mesmas simbologias. Nos estádios, marcam presença e ocupam os espaços de sempre, sem qualquer restrição de acesso.
Curiosamente, esses grupos só despertam a atenção dos responsáveis pela segurança pública diante de fatos consumados. A ação continuada e ostensiva nos estádios não sofre qualquer repressão ou controle. Assaltos, arrastões e espancamentos se repetem a cada jogo importante nos estádios de Belém. Batalhas são agendadas através das redes sociais, sem que as forças policiais ajam preventivamente.
O assassinato de Lian Nobre, garoto ainda, deve servir de alerta à Polícia Militar, dirigentes de clubes e a todos que amam o esporte como espetáculo e importante manifestação popular. É inadmissível que a carnificina se prolongue por mais tempo sem que se busque uma solução.
Belém, famosa pela paixão que nutre pelo futebol, já ocupa um desonroso quinto lugar no ranking das cidades brasileiras mais violentas no futebol, com mais de uma dezena de vítimas fatais de embates entre torcedores. Culpa exclusiva dos arruaceiros e bandidos que obscurecem a festiva e impressionante participação das torcidas de verdade nos nossos estádios.
Durante anos critiquei a tolerância a esses crimes cometidos em nome do futebol. Nos anos 90, quando a situação começou a sair da mera rivalidade para agressões gratuitas, a polícia costumava reunir chefes dos bandos para ridículas tentativas de pacificação. A trégua só durava alguns dias, depois a guerra era retomada, sempre vitimando pessoas que nada tinham a ver com o ódio insano difundido por essas cópias papachibés dos holligans ingleses.
Seria alentador se o exemplo britânico de controle dos baderneiros do futebol fosse buscado no Pará. Lá, os bárbaros foram contidos com acompanhamento, prevenção, vigilância e adoção de câmeras de TV nos estádios, monitorando todo e qualquer tumulto. Em seguida, os brigões passaram a ser fichados como bandidos comuns e proibidos de se aproximarem dos locais de jogos. A luta implacável permanece até hoje, com excelentes resultados. Por que não imitar?
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Rafael Oliveira, apesar de jovem, tem uma trajetória curiosa. É talvez o mais gritante símbolo da geração bate-volta do futebol paraense. Ainda garoto, recém-saído da base, acabou afastado após se indispor com Edson Gaúcho em sua primeira passagem pelo Paissandu, há dois anos. Saiu para um período no futebol pernambucano, foi defender o Santa Cruz, mas não por muito tempo.
Armador no começo da carreira, reapareceu já como atacante do Ananindeua fazendo muitos gols no torneio de acesso e, em seguida, voltando ao Paissandu para a disputa do Parazão 2010. Virou artilheiro e ganhou espaço na Curuzu. Depois da Série C 2011, foi negociado com empresários e terminou na Portuguesa de Desportos. Jogou algumas vezes, mas não se adaptou e retornou ao ninho.
Nem bem voltou surgiram rumores de uma transação com o Avaí (SC) e depois com um desconhecido clube da Ucrânia. Com a chegada de Roberval Davino, virou opção no banco de reservas, jamais garantindo a condição de titular.
O negócio que não vingou antes parece estar encaminhado agora, para alívio do jogador e do próprio Paissandu, que precisa urgentemente da grana (cerca de R$ 200 mil). A dúvida é se, desta vez, Rafael conseguirá se adaptar ao futebol e aos costumes do Leste Europeu.
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O basquete é desde sempre um esporte intenso e emocionante. O Brasil de Nenê e Varejão sentiu isso na pele, ontem. Contra a Rússia e seus gigantes, o time conseguiu reverter uma diferença de 12 pontos no terceiro quarto e, quando caminhava para uma vitória expressiva, sobreveio um daqueles momentos típicos da imprevisibilidade que o jogo permite.
A 6 segundos do fim, com dois pontos de vantagem para o Brasil, os russos fizeram a reposição rápida e caprichosamente a bola de três pontos caiu. O incrível é que o arremesso estava desequilibrado e praticamente soltou a bola em direção à cesta. Descontado o desprazer com a derrota, é preciso dizer que foi um jogo sensacional, emocionante do começo ao fim, como deve ser o bom basquete.
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O novo escudo do Remo está quase pronto, ainda na fase de molde em madeira. O responsável pela obra é o marceneiro e escultor Douglas Silva, que entregará a peça até o dia 14 de agosto, véspera do aniversário do clube e data prevista pela diretoria para recolocar o símbolo no pórtico do estádio Evandro Almeida, de onde foi arrancado a golpes de picareta há dois anos, por ordem do então presidente Amaro Klautau.
O dirigente pretendia remover qualquer item que pudesse provocar o tombamento do estádio e inviabilizar a negociação de venda para uma construtora. Sem o escudo, o Baenão ficou com a fachada descaracterizada, revoltando torcedores e conselheiros.
Atendendo à encomenda de um grande benemérito do Remo, Douglas capricha na finalização do escudo, que tem 1,50m x 1,20m. Esculpida em madeira nobre, a peça tem atraído a atenção de torcedores azulinos que passam pela calçada em frente ao ateliê, localizado à rua Antonio Barreto, no bairro de Fátima.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 03)