O Paissandu foi bravo, valente, lutou como nunca, mas saiu da Copa do Brasil como sempre – isto é, na segunda fase. A dignidade da postura do time, que teve fibra e tentou empatar até os instantes finais, não atenua o dado estatístico incômodo: foi a 14ª participação do clube na competição sem jamais conseguir bons resultados.
O mais surpreendente é que o Bahia permitiu boas oportunidades ao Paissandu no começo do jogo. No primeiro tempo, com o placar ainda em 0 a 0, o domínio foi inteiramente do representante paraense, que mandava em campo. Rafael Oliveira e Alex Oliveira desperdiçaram chances preciosas.
Apesar de um início forte do Bahia, o Paissandu se manteve sereno e bem organizado no setor defensivo, partindo com perigo em contra-ataques que atormentaram a defesa baiana até os 25 minutos. Com um pouco mais de pontaria dos atacantes, o gol poderia ter saído.
A saída rápida com Héliton pela esquerda e Sidny pela direita abriu brechas na defesa inimiga, mas havia sempre um erro no acabamento das jogadas. Quando o jogo ainda era favorável, veio o penal que esfriou a equipe e mudou totalmente o panorama.
Aos 29 minutos, em jogada sem maior perigo, Camacho saía da área quando foi calçado por Elton Lira, o mais confuso e desarvorado jogador do mata-mata. A partir do gol de Souza, a situação se inverteu. O Paissandu sentiu o baque, passou a errar passes e o Bahia assumiu as rédeas do confronto. Criou situações de perigo e esboçou o segundo gol. E quando ele veio, Lira foi novamente o algoz: custou a sair e deu condições para Souza balançar as redes, aos 41 minutos.
Depois do intervalo, o Paissandu voltou melhor, explorando o recuo do Bahia. Zé Augusto, que substituiu Alex Oliveira, completou cruzamento de Sidny e diminuiu logo aos 10 minutos. Logo a seguir, o zagueiro Élder foi expulso, deixando o Paissandu em vantagem.
O problema é que o técnico Sérgio Cosme optou pela cautela e trocou seis por meia dúzia: tirou Alisson e botou Sandro. O Paissandu tinha um homem a mais, porém isso não se refletia no jogo. Marquinhos só foi lembrado a seis minutos do fim. A derrota se confirmou e não se pode dizer que tenha sido obra exclusiva do time que entrou em campo.
Zé Augusto desabafou ao final do jogo. Suas palavras, que provavelmente cairão no vazio, deveriam servir de balizamento para os dirigentes: “Há muita coisa errada no Paissandu. Um clube grande e de tradição não pode se conformar em ser apenas participante da Copa do Brasil”.
Frustrado, o autor do gol refreou o desabafo, mas certamente se referir aos desmandos na própria formação da delegação. Sobravam convidados e aspones em Salvador, mas não havia fisioterapeuta para cuidar de jogadores que necessitavam de recuperação, como o meia Martin Cortez, que terminou não podendo ser utilizado na partida porque estava contundido, conforme revelou o próprio Cosme.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 7)


