Em Salvador, Cosme capricha no mistério

Dúvidas e mais dúvidas. Por estratégia para confundir o adversário, Sérgio Cosme faz mistérios quanto à escalação do Paissandu para o jogo desta quarta-feira, em Salvador, contra o Bahia. Ao lado de antigos ídolos (Robgol e Lecheva) e veteranos queridos da torcida como Zé Augusto, o time treinou na tarde desta terça-feira, no estádio Barradão, e parte da escalação ficou mais ou menos confirmada. Na lateral-direita, Sidny está de volta. O miolo de zaga terá Ari e Hebert. Na lateral esquerda, mesmo com a fraca apresentação no Mangueirão, Elton Lira será o titular (até porque Brayan nem viajou). Os volantes serão Alexandre Carioca e Billy. Na armação, reside uma dúvida séria: quem será o parceiro de Alisson? Alex Oliveira é o mais cotado, mas Cosme pode surpreender com Marquinhos ou Cortez, adiantando Alex para segundo atacante, ao lado de Rafael Oliveira. A última dúvida é justamente sobre o ataque: todos os manuais da Copa do Brasil ensinam que, fora de casa, é aconselhável usar um atacante veloz para puxar contra-ataques. Héliton é o único velocista disponível e deve entrar jogando.

Provável escalação do Paissandu para o jogo desta quarta-feira à noite: Alexandre Fávaro; Sidny, Ari, Hebert e Elton Lira; Alexandre Carioca, Billy, Alisson e Alex Oliveira; Rafael Oliveira e Héliton. (Fotos: EDUARDO MARTINS/A Tarde-Salvador) 

Catar contrata brasileiros para formar seleção

Por Cosme Rímoli

Dinheiro. Muito dinheiro para jogar na Seleção do Catar. Os brasileiros aprenderam esse caminho e não tem volta. Emerson, Montezine, Araújo e agora Marcinho. Meia que passou pelo Atlético Mineiro e Flamengo recebeu uma proposta indecente. Irrecusável. E virou com gosto as costas para o Corinthians. Vai receber dois milhões e meio de euros para se naturalizar e passar a ser jogador da Seleção do Catar. São cerca de R$ 5,7 milhões. Mais contrato de cinco anos.

O xeque Hamad bin Suhaim Al Thani, dono do Catar F. C., deixou tudo amarrado com o jogador. Pela legislação local ele terá de atuar cinco anos no país para poder atuar na seleção. Ou seja, poderá jogar em 2013. “A proposta foi ótima. Não havia como dizer ‘não’. Eu expliquei para a diretoria do Corinthians que ficou muito interessada no jogador. E queria para o segundo semestre. Só que tive de pensar na carreira, na vida do atleta. E será melhor para ele, em todos os sentidos, se naturalizar e atuar pela Seleção do Catar. A decisão já está tomada”, avisa o empresário Giuseppe Dioguardi. Marcinho recebe R$ 7 milhões por temporada no Catar F.C.

Este mercado irá se aquecer. Os xeques estão de olho em outros atletas brasileiros. Só que jovens talentosos. Querem fazer um trabalho de longo prazo para montar uma seleção forte para a Copa que sediará em 2022. A estratégia para montar um grande time será a mais óbvia: dinheiro e mais dinheiro… Empresários já estão fazendo fila para oferecer atletas. O Catar também fará sua peneira na Argentina… Tudo com a bênção da Fifa…

Masaazziiimmm…

Brasileiro: Globo faz contratos vinculados

Da Folha de SP

A Globo deverá ter que explicar ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) o motivo de o contrato, feito de forma individual com cada clube, relativo à exibição dos Campeonatos Brasileiros de 2012 a 2015 citar diversas vezes os 18 times, e não se referir apenas ao clube que assinou o documento. Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, se comprovado que o contrato é coletivo, e não individuais, o embasamento da Globo para negociar com as equipes sem o intermédio do Clube dos 13 cai. Na segunda-feira, foi a vez de o Palmeiras fechar o contrato que libera os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 até 2015 com a TV Globo. As equipes que fizeram acordos com a emissora são: Palmeiras, Cruzeiro, Coritiba, Bahia, Vitória, Sport, Corinthians, Grêmio, Santos, Vasco e Goiás.

A Globo e a CBF serão responsáveis pela gestão do Fundo de Custeio nos Brasileiros de 2012 a 2015, de acordo com os contratos firmados entre a emissora e os clubes. O documento diz que ‘caberá aos gestores, da forma como julgarem mais adequada, a negociação, a administração e o pagamento dos valores relativos aos custos e despesas’. O fundo será abastecido com R$ 110 milhões por ano. Os contratos que vêm sendo assinados são os primeiros nos quais o Fundo de Custeio está descrito. Nos acordos anteriores, ele era discutido em assembleia dos clubes e não englobava o total do dinheiro de TV por assinatura (R$ 80 milhões) e internet (R$ 30 milhões).

Tipos de internauta: Ubaldo, o Paranóico

Por Mauricio Stycer

Eis um tipo resistente, difícil de ser convencido, esteja você falando de política ou futebol, desastres naturais ou acidentes do destino. Ele (ou ela) está sempre procurando sentidos ocultos nos textos, enxergando teorias da conspiração onde há apenas opinião. Sempre acha que, por trás do que lê, existem intenções disfarçadas, com propósitos não revelados. Quem, como eu, escreve ou lê sobre televisão na internet,  conhece Ubaldo, o Paranóico de longe. Ele é o sujeito que vê manipulação e segundas intenções em todos os textos. “Você é pago para falar mal da Globo”, escreve ao ler alguma crítica negativa à líder de audiência. E acrescenta: “Nunca vi um texto seu falando bem da Globo”.

Dias depois, ao trombar com algum texto elogioso a programa da emissora que ele julgava ser perseguida pelo blogueiro, muda de opinião. Radicalmente: “Você é pau mandado da Globo”, grita. Naturalmente que a paranóia de Ubaldo é democrática. Com frequência, ele vê perseguição a outras emissoras também. “A Globo te paga para falar mal da Record”, escreve. “Por que você persegue o ‘CQC’? Assiste outra coisa”, propõe outro.

Ubaldo, o Paranóico, é parente do Maníaco da Censura, um tipo identificado e retratado com muita perspicácia por meu colega Leonardo Sakamoto. “O Maníaco é um leitor que se enxerga como vítima de um complô universal, pois acredita que escreveu um comentário revolucionário e que – céus! – foi limado pelo cretino do blogueiro”, escreveu ele. Além de ver tramóias nos textos do blogueiro, Ubaldo frequentemente reclama que seus comentários foram censurados. Quando localizo no blog o comentário que ele julgava suprimido, ele retorna com um pedido de desculpas, seguido de alguma nova estocada. “Pelo menos você não me censurou, mas esta sua perseguição ao Marcelo Tas está passando dos limites”.

Em tempo: Para quem não sabe, o verdadeiro “Ubaldo, o Paranóico” é uma invenção genial do cartunista Henfil (1944-1988), em parceria com o crítico musical Tarik de Souza. Criado em 1975, o personagem representava as angústias dos autores, e de muitos conhecidos, sobre as marchas e contramarchas da ditadura militar. Contra a opinião de especialistas que entendiam, na época, que o regime militar iria abrandar a repressão e levar o país de volta à democracia, Ubaldo tinha medo de um retrocesso, achava que estava sendo vigiado e poderia ser preso e torturado. Um resumo com os melhores desenhos de Henfil dedicados ao personagem pode ser visto no livro “A Volta de Ubaldo, o Paranóico” (Geração Editorial, 134 págs., R$ 32).

A sentença eterna

“Veja: o Nirvana realmente salvou o rock da irrelevância.  Sério. E os jornalistas de rock não tiveram nada com isso. Foi culpa do vídeo de ‘Smells  like teen spirit’. Foi o voto do público que instaurou o caos e enterrou a porcaria de rock que dominava a cena no final dos 80. Mas a razão porque o Nirvana foi tão incensado é porque todos os jornalistas de rock do planeta se reconheciam em Kurt. Cobain compunha como nós comporíamos, com a enciclopédia do rock na cabeça: agora uma parada tipo Pixies, agora Carpenters, agora ‘More than a feeling’. Ou como eu intuía que comporia porque ele de fato fez, e eu não. Nunca quis e nunca tentei. Mas Kurt Cobain forçava a questão: por que não? Por que nos acomodamos em vidas medíocres se podemos ser muito mais? Kurt perguntava: veja, sou um pobre diabo como todo mundo e aqui estou realizando grandes coisas”. 

Por André Forastieri, sobre a célebre matéria da Bizz com Kurt Kobain em 1993.

Árbitro denuncia presidente do Remo ao TJD

O árbitro Andrey da Silva e Silva (FPF) relatou na súmula as ofensas proferidas pelo presidente do Remo, Sérgio Cabeça, quando ambos se encontraram no aeroporto de Santarém, logo depois do jogo entre São Raimundo e Remo, domingo. A denúncia levará o dirigente ao banco dos réus no TJD, conforme os artigos 187 e 188. Em caso de condenação, Cabeça será suspenso por um período que pode ir de 30 a 180 dias. O presidente do Remo teria interpelado o árbitro, reclamando agressivamente contra marcações de Andrey na partida.

Coluna: Hora e vez de Héliton

O Paissandu viajou para Salvador com uma falsa dúvida na escalação. É de conhecimento até do reino mineral que Sérgio Cosme vai lançar Héliton como parceiro de Rafael Oliveira no ataque. Não fazer isso superaria em insanidade a proverbial teimosia dos técnicos. Único atacante com talento para o jogo em velocidade, o ex-azulino foi negligenciado pelo treinador desde sua chegada à Curuzu. Desta vez, porém, não será possível ignorar a importância de Héliton para a estratégia da decisão contra o Bahia.
A alternativa imediata seria escalar Zé Augusto, com as dificuldades óbvias dessa opção. O Paissandu, no confronto de amanhã, em Pituaçu, vai precisar bem mais do que da raça e da transpiração de seu veterano atacante. Terá que saber explorar as chances de contra-ataque que o Bahia forçosamente vai oferecer.
Com Alex Oliveira organizando o jogo no meio-de-campo e a aproximação com o ataque, Héliton é o parceiro ideal para as manobras de Rafael na grande área baiana. Sem alguém que puxe as jogadas e chegue à linha de fundo com agudeza, o artilheiro padecerá de solidão crônica, como ocorreu na partida realizada no Mangueirão há uma semana.
Pequena mostra dos préstimos de Héliton pode ser observada, sábado à noite, em Castanhal. Apesar da desarrumação da equipe, que sofria com a ausência de sete titulares, o arisco atacante auxiliou Mendes nas melhores investidas do Paissandu no primeiro tempo. Não por acaso, ao ser substituído por Zé Augusto, o ataque murchou por completo. Imagino que Cosme não passou batido diante da clara situação.
 
 
As turbulências que costumam sacudir times de massa após um resultado ruim assolam o Remo desde ontem e ameaçam conturbar o ambiente até o próximo jogo, diante do Cametá, na segunda-feira, 11. Até a suposta troca do técnico Paulo Comelli por Fran Costa chegou a ser ventilada, sendo imediatamente desmentida pela diretoria.
Essa rápida atitude dos dirigentes na afirmação sobre a permanência do treinador precisa se repetir em outras áreas do clube. Discussões em grupo, como a atual gestão do Remo costuma adotam, nem sempre são as mais práticas e felizes quando o assunto é futebol.
A contra-indicação mais óbvia é o fato de que costumam atrasar em demasia a tomada de providências. Foi a demora na apresentação de uma boa oferta que afastou do Baenão um dos artilheiros do campeonato, Rafael Oliveira. A lentidão do processo decisório também comprometeu – junto com a limitação de calendário – a busca por um atacante de renome.
 
 
O amigo Antonio de Pádua Paixão informa que um dos garotos bons de bola de Baião vai fazer treinamento no Rio de Janeiro a partir de 16 de abril. Ele foi selecionado pela escolinha de futebol Zico 10, cuja parceria com a prefeitura municipal já atende mais de 100 jovens. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO, edição de terça-feira, 5)