De virada, Cametá derrota Paissandu

De virada e com gols de Vanderson (contra) e Cassiano, o Cametá derrotou o Paissandu por 2 a 1 na tarde deste domingo, no estádio Parque do Bacurau. O time cametaense dominou todo o primeiro tempo, mas acabou permitindo a vitória parcial do Paissandu em falha da defesa bem aproveitada pelo atacante Héliton, aos 27 minutos. Ao longo da etapa inicial, o Cametá foi mais organizado e levou muito perigo em jogadas puxadas pelo meia Robinho. Errava, porém, nas definições, desperdiçando seguidas oportunidades. Recuado e sem criatividade no meio-de-campo, o Paissandu limitava-se a defender e sair em contra-ataques.

Depois do intervalo, o Cametá voltou mais agressivo, buscando a igualdade. Com Balão no lugar de Balão Marabá e Cassiano no lugar de Armando, o time cresceu em campo e encurralou o Paissandu. Aos 17 minutos, uma falta cobrada por Leandro Cearense originou o empate. A bola veio à meia altura e foi defendida parcialmente pelo goleiro Ney. No rebote, Vanderson não conseguiu afastar e a bola se encaminhou para as redes. Entusiasmado, o Cametá seguiu na pressão e chegou ao desempate aos 28 minutos: Cassiano recebeu livre entre os zagueiros e tocou na saída de Ney.

O atacante Balão foi expulso aos 36, depois de ter sido derrubado na área pelo lateral Elton Lira. O árbitro Andrei Silva e Silva não deu o pênalti, interpretou como simulação do avante cametaense e aplicou o segundo cartão. O Paissandu, já sem Rafael Oliveira, que saiu contundido e foi substituído por Zé Augusto, ainda tentou pressionar, mas não conseguiu chegar ao empate.

Renda no Parque do Bacurau: R$ 12.770 mil. Público pagante: 1.477 torcedores. Público total: 1.677 expectadores. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

Coluna: Torneio “mais ou menos”

No Campeonato Paraense, prevalece a lei do “mais ou menos”. O futebol é mais ou menos de quarta divisão e o mês dos boleiros dura mais ou menos 60 dias – e isso inclui até mesmo a agenda de pagamentos de Remo e Paissandu. A faixa salarial média está em R$ 800,00. Os dados resultam de pesquisa informal junto a jogadores, técnicos e dirigentes. 
Dos oito participantes do torneio, Castanhal, Tuna e Independente praticam as políticas salariais mais modestas, com folhas em torno de R$ 55 mil. São Raimundo, com bom faturamento quando manda seus jogos no estádio Barbalhão (Santarém), e Cametá, com suporte da prefeitura municipal, são os mais abonados entre os emergentes. 
Com exceção da dupla Re-Pa, que tem patrocínios de empresas, os demais clubes dependem da verba do governo, via contrato com a Funtelpa, para manter os compromissos em dia. Com alguma sorte, arrecadam um dinheirinho a mais nas partidas em casa contra os dois grandes.
Os jogadores são os astros do torneio, mas constituem a parte mais frágil da engrenagem. O panorama não é diferente de outras praças brasileiras. Pouquíssimos têm planos de saúde, a maioria tem apenas contrato informal de trabalho assinada e todos têm muitas queixas de atrasos salariais.
O achatamento salarial explica algumas pequenas tragédias pessoais, como a de um ex-atacante de Tuna e Remo que aceita gorjetas de até R$ 20,00 para disputar peladas. Sem recursos para curar os joelhos estropiados, desafia a lesão grave por puro instinto de sobrevivência.
Só a garantia de anonimato permite que as críticas brotem. Nos grandes da capital, a chiadeira é mais ruidosa entre a garotada da base, que ganha pouco e só tem alguma chance quando figurões não emplacam. Mas as diferenças de tratamento entre “reforços” de fora e boleiros nativos também é matriz de atritos internos que jamais chegam aos ouvidos do torcedor, embora muitos se revelem no baixo rendimento de certos jogadores.
Diante desses informes, é recomendável observar o futebol nativo com um olhar mais realista e menos condescendente. Representa uma modesta contribuição para mudar o estado geral das coisas.  
 
 
Sem seis titulares, o Paissandu faz um jogo traiçoeiro em Cametá, hoje. O dono da casa também tem desfalques, mas as mudanças desfiguram bastante o time de Sérgio Cosme, que parece decidido a não perder mais um Re-Pa. Talvez não esteja avaliando os riscos (e consequências) de uma derrota no Parque do Bacurau.
 
 
O técnico Tite, do Corinthians, se notabiliza por transformar entrevistas rotineiras em eventos dignos de estudos lingüísticos mais apurados. Sua capacidade de complicar o simples o credencia a discípulo do incomparável Sebastião Lazaroni, célebre pela insistência em “galgar parâmetros”.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)

Ficha técnica: Cametá x Paissandu

Local: Estádio Parque do Bacurau, às 16h.

Cametá – André Luiz; Américo, Tonhão, Rubran e Mocajuba; Joatan, Romeu, Balão Marabá e Robinho; Leandro Cearense e Armando. Técnico: Fran Costa.

Paissandu – Ney; Claudio Allax, Ari, Tobias e Elton Lira; Vanderson, Alisson, Andrei e Alex Oliveira; Rafael Oliveira e Héliton. Técnico: Sérgio Cosme.

Arbitragem – Andrei da Silva e Silva; auxiliares – Márcio Gleydson Dias e Manuel Jucimar Picanço.

Na Rádio Clube, Geo Araújo narra, Gerson Nogueira comenta; reportagem – Dinho Menezes. TV Cultura exibe o jogo ao vivo.

Independente bate Águia dentro de Marabá

Com dois gols em 4 minutos, o Independente surpreendeu o Águia dentro do estádio Zinho Oliveira, na noite deste sábado, e confirmou a boa campanha no returno. O placar final foi 2 a 0, com gols do lateral-esquerdo Fábio aos 21 minutos do primeiro tempo e do atacante Joãozinho, três minutos depois. A derrota agrava a crise interna do Águia e a pressão sobre o técnico João Galvão.