Dia: 11 de abril de 2011
A arte de Atorres
Remo derrota Cametá e espanta crise
Com um gol de Tiago Marabá aos 16 minutos do segundo tempo, o Remo derrotou o Cametá na noite desta segunda-feira, no Baenão. O estreante Rodrigo Dantas ainda perdeu um pênalti a 15 minutos do final da partida. O jogo teve amplo domínio territorial do Remo durante todo o primeiro tempo, quando Ratinho, Tiaguinho, Rodrigo Dantas, Jailton Paraíba e Diego Barros perderam chances claras de gol. Mais organizado no meio-de-campo, o Remo ditava o ritmo e utilizava a velocidade de seus jogadores para acuar o Cametá em seu próprio campo. Bem vigiado por Mael, Leandro Cearense pouco apareceu nesta etapa da partida.
No segundo tempo, aos 8 minutos, Paulo Comelli lançou Tiago Marabá em substituição a Jailton Paraíba, que havia desperdiçado excelente oportunidade aos 44 minutos do primeiro tempo ao tentar driblar o goleiro André Luís na pequena área. Marabá entrou muito bem, dinamizando o ataque e passando a explorar os contra-ataques, ao lado de Rodrigo Dantas.
Aos 16 minutos, ele recebeu a bola entre os zagueiros do Cametá, invadiu a área e chutou no canto esquerdo de André Luís. Em desvantagem, o Cametá se lançou à frente, explorando os laterais Mocajuba e Américo em manobras com Leandro Cearense, que teve mais liberdade depois que Mael foi substituído por Moisés. Num contra-ataque rápido, Marlon apareceu livre diante do goleiro, mas chutou sobre o gol.
Aos 30 minutos, Rodrigo Dantas foi puxado por Rubran dentro da área do Cametá. Ele próprio se apresentou para cobrar o pênalti, mas bateu muito mal, no canto direito de André Luís, que defendeu a cobrança. Pela falta, Rubran levou o segundo cartão amarelo e foi expulso. O Cametá seguiu buscando o empate e Leandro Cearense disparou um chute forte da entrada da área, para boa defesa de Lopes, aos 38 minutos. Aos 41, cobrou falta com bastante perigo, obrigando o goleiro remista a fazer grande intervenção. A partir desse instante, o Remo passou a valorizar a posse de bola até o apito final. (Foto 1: MÁRIO QUADROS; foto 2: THIAGO ARAÚJO/Bola)
Capa do DIÁRIO, edição de segunda-feira, 11
U2 360º, um megaespetáculo político
Por Bob Fernandes
Sempre que o U2 e Bono Vox estão em algum lugar, por um espetáculo, um novo disco ou uma causa, se lê, se ouve algo sobre o engajamento da banda, de Bono. Sempre alguém há de levantar suspeitas sobre as intenções de Bono, da banda, do “oportunismo”, em resumo. Penso nisso enquanto, no Morumbi lotado por 90 mil pessoas, vai chegando ao fim um megaespetáculo. Viagem cênica impactante, suntuosa, impecável, a do U2 360º. Do som, da música que cria a banda irlandesa, há quem diga maravilhas e há quem só encontre bobagens, como é natural, mas o megaespetáculo permite outras formas de se ver e ler. De Bono e da banda o mesmo, “oportunismo”, já se dizia quando ele e Pavarotti recontaram e cantaram Miss Sarajevo, lá pelos anos 90, tempos dos massacres nos Bálcãs.
Então diziam, e continuaram dizendo quando Bono estava – está – na África com flagelados da Aids, na Birmânia, pela liberdade da ativista dos Direitos Humanos Suu Kyi, ou com Nelson Mandela. As imagens se sucedem ciclopicamente no telão do 360º e o eco dos sempre renovados ataques às posições de Bono impõe uma reflexão. Cada vez mais encontra ressonância no mundo dos que não têm outra causa além do hedonismo a percepção negativa em relação a quem se engaja politicamente. Longe de lembrar velhos embates entre engajamento ou não nas artes, o que U2 360º propositalmente instiga, cobra do espectador, é o tomar – ou não – posições no cotidiano, no viver.
Num certo Brasil, em ilhas desse Brasil afora, por exemplo, pega bem, cada vez mais, o engajamento no não-engajamento político. Atitude esta, a do engajamento no não-engajamento político, emoldurada por sorrisos sardônicos, um jeitinho blasé e sobrolhos e olhares de desprezo ou pena para aquela ou aquele que se “engaja”. Detalhe importante: rejeição àquele ou àquela que se engaje no que não foi convencionado ser passível de engajamento. Com ingresso, na média, a R$ 300, podendo chegar a R$ 820 na RED Zone (dinheiro destinado ao Fundo Global de combate à aids na África), muitos desse mundo, o de caras e caretas, estavam no Morumbi. Em delírio, aplaudiram Bono e seus discursos no sábado 9 e no domingo 10 de abril. Aplaudiram até, imaginem, quando Bono disse que o mundo, outro mundo, acompanha e torce pela “ascensão do Brasil” e quando falou sobre sua visita a Dilma Roussef.
Condescendente, o Bono, como também o foi Barack Obama? Pode ser, mas não é o que aqui está na tela. No megaespetáculo cênico, 888 painéis de LED em forma hexagonal criam um telão pantográfico de 3.800m² quando descerrados e conectados. Do meio para o final do show, o telão em forma cônica desce até o palco e ora engole, ora expele, Bono, The Edge, Adam Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. Quem vende o U2 360º diz que Bono, ocupado em “democratizar” o espetáculo, um dia em Honolulu mostrou com quatro garfos sobre um prato a “Aranha” que imaginava como palco. Aranha posta não numa ponta dos estádios, como são os palcos italianos, mas erguida quase no centro do gramado, de forma a permitir a visão em 360 graus. E assim se fez.
E assim é no show, no palco de 400 toneladas e com “leitura” desde qualquer parte do estádio. A leitura mesma, do que diz Bono, se dá com a tradução nos telões. Desta forma, além dos inevitáveis “Alou San Paulo” e “eu ama a Brazil”, todo o público pode saber tudo que diz o líder do U2. Mas não apenas. Aquela coisa tão significativa, e tão ridícula, denominada “espaço VIP”, com a banda e Bono tem outro sentido: ao redor do palco, colados, ficam os 2.800 fãs que primeiro chegarem ao estádio. E, em outro anel em volta destes fãs, os que pagarem mais caro e contribuírem para a humanitária Red Zone. É chavão dizê-lo, mas a Arte realmente toca as pessoas. Toca no que quer que elas tenham dentro de si, no que quer que sejam. A meu lado e logo acima, um grupo de mineiros e cariocas. Pelo que diziam entre si, simpatizantes de Jair Bolsonaro, o neo-old-fascista.
Tocados, engolidos pelo megaespetáculo e seus efeitos, sem nem mesmo saber do que e de quem se tratava, os fãs de Bolsonaro saudaram o discurso de Bono sobre a luta de Aung San Suu Kyi, a ativista birmanesa que ficou 20 anos em prisão domiciliar por defender a democracia. Todas as luzes apagadas. Nos telões, os nomes das vítimas da chacina em Realengo. A pedido de Bono, dezenas de milhares de celulares, de telas acesas. O adeus da multidão com suas velas eletrônicas. Um adeus num mundo onde tudo se faz presente a um só tempo e está ali, nos telões do megamanifesto do U2 360º: Birmânia, Líbia, Palestina, África, Sarajevo… e Realengo. (Do Portal Terra)
Cartola pode ser banido por agredir bandeirinha
Apesar de o Atlético ter vencido o Bahia por 1 a 0, pela penúltima rodada das quartas-de-final do Campeonato Baiano e continuar com chances de classificação, o domingo não foi nada bom para o presidente do Carcará, Albino Leite, que agrediu o bandeirinha Alessandro Matos e corre o risco de ser banido do futebol. A confusão aconteceu aos 29 minutos do segundo tempo, quando o Atlético marcou seu primeiro gol, anulado por Alessandro Matos. Os jogadores partiram para cima e começou a confusão. O presidente do Carcará pulou o alambrado e deu um empurrão nas costas do bandeirinha, que caiu no chão. Bastante irritado, Albino Leite precisou ser contido pelos policiais. Logo depois da partida, o bandeirinha registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Alagoinhas e será submetido a um exame de corpo delito. Albino Leite, que vai responder por lesão corporal leve, também será julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-BA) e corre o risco de ser punido do futebol, pois já é reincidente.
Em tempo: depois de mais um mau resultado no certame baiano, o Bahia demitiu o técnico Vagner Benazzi, que estava ameaçado há pelo menos duas semanas. Não há ainda um nome confirmado para substituí-lo. (Do Futebol Interior)
Ficha técnica: Remo x Cametá
Local – Estádio Evandro Almeida, às 20h30.
Remo – Lopes; Elsinho, Diego Barros, Rafael Morisco e Marlon; San, Mael, Tiaguinho e Ratinho; Rodrigo Dantas e Jailton Paraíba. Técnico: Paulo Comelli.
Cametá – André Luís; Américo, Tonhão, Rubran e Mocajuba; Paulo de Tarso, Barata, Leandrinho e Robinho; Jailson e Leandro Cearense. Técnico: Fran Costa.
Árbitro – Joelson Nazareno Ferreira; auxiliares: Lúcio Ipojucan Mattos e Luís Diego Lopes.
Ingresso – R$ 15,00 (arquibancada), R$ 50,00 (cadeira) e R$ 7,00 (meia).
Na Rádio Clube, Claudio Guimarães narra e Carlos Castilho comenta. TV Cultura transmite ao vivo.
Macca vem aí…
Ganso critica abordagem nos vestiários
Paulo Henrique Ganso confirmou após o jogo deste domingo que foi procurado por representante do Santos pouco antes da vitória (3 a 2) sobre o Colo Colo, na quarta, pela Libertadores, para discutir a renovação de seu contrato. Ele, porém, não gostou da forma como foi abordado pelo consultor Fernando Silva, em um encontro que reuniu também o pai e o irmão do meia na concentração. “Não era a hora certa para isso, pouco antes de começar um jogo importante”, reclamou Ganso. Se perdesse a partida, o Santos praticamente diria adeus à Libertadores, o que aumentaria a pressão sobre atleta.
O meia também está na mira do ex-atacante Ronaldo, que quer tê-lo como cliente em sua agência de marketing esportivo, a 9ine. O jogador, ao lado do empresário, Thiago Ferro, encontrou-se com ex-corintiano e seu sócio, Marcos Buaiz, na noite de sexta-feira. Apesar disso, os representantes de Ganso negaram que as conversas aconteceram para que a 9ine passasse a negociar a imagem do camisa 10 santista. “Eles só foram conhecer a agência”, disse o irmão do atleta, Júlio Chagas de Lima. Ganso é o segundo santista a ser assediado pela agência do ex-corintiano. O pai de Neymar também já se reuniu com Ronaldo. (Da Folha de SP)
Excelente jogador e pessoa tranquila, Ganso precisa urgentemente resolver suas pendências com o Santos. Definir, inclusive, se fica ou sai. A situação atual tende a complicar seu relacionamento com dirigentes e torcedores, afetando seu futebol.
Flamengo afunda Botafogo de Caio Jr.
Jogo equilibrado, mas vitória merecida do time que tem jogadores de criação. O Botafogo, desde que Renato Cajá foi negociado, não tem meias. Sem armador não se joga futebol.
Havelange quer anistiar clubes. Você concorda?
Em entrevista ao repórter Fábio Juppa, publicada no jornal “O Globo” da sexta-feira passada, o sumo-sacerdote do futebol brasileiro, João Havelange, fez um pedido inusitado às autoridades. Ele defende que os três níveis governamentais anistiem as dívidas astronômicas dos clubes de futebol e apelou para que “não se cobre mais impostos disto e daquilo”, porque, segundo ele, tal dinheiro ” é um oceano para os clubes e uma gota d’água para a nação”. E agora? Quem concorda com a sugestão de Havelange?
Coluna: Sob o signo da bagunça
Grande parte da torcida do Paissandu defende há tempos a demissão do técnico Sérgio Cosme. Com a conquista do primeiro turno, a situação amainou, mas voltou com toda força depois da eliminação na Copa do Brasil. Sempre me posicionei contra a idéia, mas hoje rendo-me ao fato de que não há qualquer clima para a permanência do treinador na Curuzu. O grau de impaciência é tamanho em relação a Cosme que as vaias começam antes mesmo de a bola rolar. É um caso de antipatia mútua, pois o técnico faz questão de ignorar as broncas do torcedor e até ironiza os apupos.
O presidente, ausente, não definiu ainda se Cosme permanece, mas caso venha a ser demitido, uma questão precisa ser analisada: seu substituto terá condições de arrumar o time? O maior problema é a falta de um articulador no meio-de-campo. Desde que Tiago Potiguar foi embora, o Paissandu não teve mais um jogador que organize as jogadas e abasteça o ataque. Não por acaso, Rafael Oliveira e Mendes começam a sentir dificuldades para fazer gols.
Ontem, na Curuzu, as carências da equipe se manifestaram por inteiro. A defesa falhou como sempre, o ataque não funcionou e o meio-de-campo se limitava a defender – e mal. A dupla Ari-Hebert mostrou-se intranqüila e lenta no combate aos atacantes do Independente. Por sorte, o gol custou a sair porque Joãozinho fazia questão de cair em impedimento a todo instante, atrapalhando as jogadas de Gian e Marçal.
Ainda no primeiro tempo, porém, duas bolas primárias lançadas na área terminaram com as ilusões de que o time podia fazer um gol a qualquer momento e vencer o jogo. Gian bateu uma falta do lado direito e o Independente conseguiu botar dois zagueiros em condição de cabeceio na pequena área do Paissandu. Adson foi mais rápido e desviou para as redes.
Menos de 15 minutos depois, o mesmo Adson escorou cruzamento de Peabiru pelo lado esquerdo do ataque e decretou a vitória do Independente. Sim, o jogo acabou ali porque o Paissandu não tinha forças, disposição ou competência para furar o bloqueio defensivo adversário. Cosme ainda lançou Héliton e Andrei, mas a equipe estava tão dispersiva que ambos não produziram nada. Zé Augusto substituiu Alisson e pouco acrescentou.
Mais espantosa foi a explicação de alguns jogadores, alegando terem ficado traumatizados com a demissão de colegas durante a semana. Outros admitiram ter amarelado diante das cobranças do torcedor – e olha que só apareceram 1.600 espectadores!
O Remo tem hoje um jogo-chave para suas pretensões no campeonato. Terá que vencer o Cametá, seu maior algoz, sob pena de mergulhar numa turbulência praticamente sem volta. Como a partida é no Baenão a pressão do torcedor será fator determinante (contra ou a favor) para o comportamento do time. Se depender do “incentivo” daquele grupelho que invadiu o campo e interrompeu um treino na sexta-feira, duvido que o resultado seja positivo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 11)