Mídia erra ao tentar explicar ato sem sentido

Por Claudio Leal, do Terra Magazine

A cobertura midiática da tragédia na escola Tasso da Silveira, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, se apressou em elaborar, com a contribuição de fontes policiais, justificativas para o ato de Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças na manhã desta quinta-feira, 7. O número de mortos foi anunciado esta noite pela Polícia Civil. O comandante do 14º Batalhão, Djalma Beltrame, ao referir-se à carta deixada pelo atirador, caracterizou-a como fundamentalista e com fraseado islâmico. Nos trechos divulgados à imprensa, porém, há menções a Deus e a Jesus.

…Preciso da visita de um fiel seguidor de Deus em minha sepultura pelo menos uma vez, preciso que ele ore diante de minha sepultura pedindo o perdão de Deus pelo o que eu fiz rogando para que na sua vinda Jesus me desperte do sono da morte para a vida eterna – escreveu Wellington.

Doutor em Antropologia pela Universidade de Paris VII e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, o professor Roberto Albergaria avalia que a mídia e a sociedade desejam explicações para um desvario sem significado. “A mídia busca uma explicação para o que é uma singularidade do ser humano. O homem é um animal incerto”, afirma Albergaria, ecoando o ensaísta francês Montaigne.

O antropólogo desconstroi o uso do islamismo nas narrativas televisivas sobre a tragédia na escola carioca. A religiosidade do atirador, a julgar pelo conteúdo da carta, seria um subproduto do evangelhismo televisivo. “Se ele fez alguma referência ao islamismo, como chegaram a dizer, certamente não foi ao religioso, mas ao da mídia, que o alimentou com a ideia da destruição. A mídia associa a imagem do islamismo à imagem do mal. A linguagem do delírio dele se refere ao mundo da mídia e ao mundo das religiões, os dois mundos paralelos. A mídia vai dar a ele o exemplo de um grande ato de destruição, de grande impacto, como foi o de Columbine, um modelo americano”.

Na crítica à busca afoita por sentido, Albergaria recorre a estudos franceses sobre a “violência pós-moderna”, caracterizada por uma ruptura irracional, sem explicação. “Esse tipo de ato é bem característico do que os franceses chamam de ‘a violência pós-moderna’. Ela é caracterizada por duas coisas: a confusão entre o real e o imaginário (cada vez mais é o imaginário que vem da televisão) e a ausência de sentido. São atos completamente arbitrários. Antigamente, era matar pra ter dinheiro, matar para ser herói, etc. Nos livros sobre a violência pós-moderna, fala-se na destruição pela destruição. Não adianta buscar sentido. O que eu estou sentindo na mídia o tempo todo é as pessoas buscarem um sentido. Claro, a sociedade precisa de um sentido, precisa encaixá-lo como psicótico, como vítima do preconceito contra os doentes mentais…”. Wellington, ex-aluno da escola Tasso da Silveira, protagonizou uma “explosão comportamental” que não atende aos padrões “normais”, acrescenta o antropólogo.

– O máximo da violência moderna é o terrorismo, que ainda tem um sentido político. Mas a pós-moderna não tem sentido nem político nem psicológico. É um ato de ruptura, de um nonsense absoluto, uma explosão cega. É um “sair de si”, na linguagem da psicanálise.

Tribuna do torcedor

Por Daniel Aragão (danielfdigital@gmail.com)

Em alguns momentos gostei do futebol apresentando pelo Paissandu, em alguns momentos, sonhei com a possibilidade de avançar. Ai o sonho acabou e tudo o que venho contestando desde o inicio de temporada se concretizou. Ari, Elton Lira, Alex Oliveira e Sérgio Cosme, vocês não são dignos de representar este clube, não é possível que tenha que vir um jugoador pra avisar o técnico que ele deve mudar o time, não é possível que um Alex Oliveira ainda esteja jogando futebol, não é possível ter o Ari como zagueiro central e as vezes capitão do nosso time e não é possível ter Elton Lira como titular. Não é possível que a diretoria não esteja vendo isso. Tenho medo de continuar e a Série C continuar sendo nosso maior algoz. Palavras de um eterno e sofrido bicolor.

Comelli testa outro time para pegar o Cametá

Depois da casa arrombada, técnico Paulo Comelli experimenta uma nova formação para o jogo decisivo de segunda-feira contra o Cametá: Léo Rodrigues; Rafael Granja, Diego Barros, Rafael Morisco e Marlon; Mael, Moisés, San e Thiaguinho; Rodrigo Dantas e Ratinho. (Com informações da Rádio Clube)

Confirmado: Macca vem tocar no Rio

Sir Paul McCartney vai tocar no Rio de Janeiro no próximo dia 22 de maio, no estádio Engenhão, do Botafogo. A apresentação do beatle faz parte da turnê “Up and Coming 2011”, mesmo show apresentado no Brasil em novembro do ano passado, em Porto Alegre e São Paulo. As vendas de ingressos – que variam de R$ 150,00 a R$ 700,00, com direito a meia-entrada – começam na próxima semana no site Ingresso.com. À meia-noite de segunda-feira (11) para terça (12) será realizada uma pré-venda especial na internet para clientes do Bradesco. Os demais mortais poderão comprar a partir de quinta (14), às 9h.

Neste dia tão triste para o Rio e para todos os brasileiros, pelo menos essa boa notícia. Obviamente, este escriba já está lá. Ainda mais tendo como palco o estádio do Glorioso.

Presidente do Cametá punido por ofender árbitro

O Tribunal de Justiça Desportiva do Pará (TJD) aplicou punição rigorosa contra o presidente do Cametá Esporte Clube, Fernando Camarinha. Por ofensivas ao árbitro Clauber José Miranda, Camarinha vai ficar 365 dias afastado das atividades esportivas e terá que pagar multa de R$ 10 mil. A condenação se deu em virtude das acusações proferidas depois da derrota do Cametá para o Paissandu na final da primeira partida da Taça Cidade de Belém, dia 20 de março, no Parque do Bacurau. Camarinha acusou Clauber de ter, por telefone, solicitado dinheiro a ele e outros dirigentes do clube, às vésperas da partida, em troca de favorecimento ao Mapará diante do Paissandu. Ao ser avisado das denúncias, o árbitro, através do departamento jurídico do Sindicato dos Árbitros do Pará, entrou com ação contra o presidente. Na noite de quarta-feira, Clauber e Camarinha foram sabatinados durante pouco mais de uma hora no TJD. Depois de ficar ciente da condenação, Camarinha evitou falar com a imprensa, mas deve recorrer da decisão do tribunal.

No primeiro turno, depois da derrota do Paissandu para o São Raimundo por 3 a 2, em Santarém, o meia Alex Oliveira disse às emissoras de rádio que o jogo havia sido “encomendado” e que haveria um complô dos árbitros para beneficiar o Remo, pois dirigentes teriam dito isso durante a semana que antecedeu a partida – não especificou, porém, os nomes dos diretores remistas. As graves acusações de Alex não foram apuradas pela FPF e o caso caiu no esquecimento.

No último domingo, outro episódio envolveu clubes e arbitragem. O presidente do Remo, Sérgio Cabeça, teria discutido e ofendido o árbitro Andrey da Silva e Silva no aeroporto de Santarém, logo depois do jogo entre São Raimundo e Remo. Cabeça acusou Andrey de prejudicar seu time ao não marcar um suposto pênalti e invalidar um gol de Wellington Silva. A interpretação do árbitro nos dois lances foi correta. O caso foi denunciado ao TJD. (Com informações do Bola e da Rádio Clube)

Santos dá prêmio extra a Muricy pela Libertadores

Segundo o Blog do Perrone, para seduzir Muricy Ramalho, o Santos ofereceu um prêmio de R$ 3 milhões ao treinador em caso de conquista da Libertadores, segundo dirigentes do clube. A atual diretoria tem o costume de recompensar bem os profissionais que levantam uma taça. Dorival Júnior, por exemplo, faturou R$ 2 milhões pelo título da Copa do Brasil. Antes da reunião de segunda-feira, em que foram acertados os números finais, o alvinegro tinha oferecido, junto com a premiação milionária,  um salário de R$ 400 mil para Muricy.

A frase do dia

“Fiquei constrangido. Já tinha acontecido antes, com grupos menores. Mas foi a primeira vez que vi um ginásio inteiro gritando em alto e bom som ‘gay, bicha’. Foi por isso que me manifestei. Não tinha feito isso antes porque achava normal. (…) Não quero ser um símbolo. Só quero contribuir para que isso [manifestações homofóbicas] não aconteça de novo. Acho que vai acontecer, mas, pelo menos, dei um primeiro passo.”

De Michael, meio-de-rede do Vôlei Futuro, sobre as manifestações de que foi vítima em Contagem (MG).