Vem aí o livro secreto do Exército

Por Lucas Figueiredo

Depois de 23 anos, será finalmente publicado o Orvil, o livro produzido no Exército entre 1985 e 1988 para contar a versão da força terrestre sobre a luta armada. A publicação do livro foi vetada na época pelo então presidente José Sarney. A edição do Orvil é uma resposta do CD-ROM Direito à Memória e à Verdade, produzido pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e distribuído em escolas públicas. “Considerando provocação e uma verdadeira agressão aos militares brasileiros, os autores tomaram a iniciativa de publicá-la [a obra o Orvil]”, anunciou, na sua última edição, o Jornal Inconfidência, importante canal de expressão dos militares de extrema direita.

Um dos editores do Orvil será o coronel Lício Maciel, veterano dos combates à Guerrilha do Araguaia. De 1988 a 2007, o Orvil (a palavra “livro” escrita de trás para frente) circulou apenas entre militares e civis de extrema direita em 15 cópias que passavam de mão em mão. Em 2007, eu obtive uma das cópias do Orvil e publiquei uma séria de reportagens sobre ele no Estado de Minas que ganhou o Prêmio Esso de Reportagem. Em 2009, publiquei Olho por Olho – Os livros secretos da ditadura, contando como o Exército relatava no Orvil os últimos momentos de 24 desaparecidos políticos, o que confirmava que a força terrestre escondera os casos durante décadas. Hoje, já é possível acessar as quase mil páginas do Orvil na internet, por meio do site A verdade sufocada, controlado pelo ex-torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. O anúncio da publicação do Orvil coincide com os preparativos da Comissão de Direitos Humanos do Senado para a reunião em que irá avaliar justamente o relatório da Procuradoria Geral da República sobre o Orvil.

Perguntinha do dia (31)

O Bahia vem a Belém com o pensamento de eliminar o segundo jogo. A defesa do Paissandu, que ostenta a perigosa média de 2 gols sofridos por jogo, resistirá ao ataque tricolor? 

Coluna: O boicote ao Mangueirão

Quase ninguém, tirando os dirigentes de Remo e Paissandu, entende a razão do sistemático desprezo que os dois grandes rivais devotam ao estádio Edgar Proença, o Mangueirão. Por incrível que pareça, um dos melhores estádios do país é, há anos, boicotado pelos principais clubes de Belém, que fogem dele como o capeta da cruz.
Há algum tempo, a justificativa eram os custos de aluguel e iluminação. Juntava-se a isso a distância do centro, que inibiria a presença do torcedor, principalmente em jogos noturnos. Hoje, esses aspectos foram superados, pois os clubes já dispõem de isenção da taxa de aluguel e o custo da iluminação é baixíssimo. Quanto a atrair o torcedor, depende de bons espetáculos e de criatividade para badalar jogos menos importantes.
É a respeito dessa doença crônica que versa o comparativo feito pelo consultor Christian Costa, comparando dados do borderô do clássico Re-Pa de 13 de fevereiro com o da partida entre Paissandu x Cametá, que decidiu o primeiro turno do campeonato, na Curuzu. “Por que os dirigentes diziam que o aluguel do Mangueirão era muito elevado (R$ 8.000,00), e por isto preferiam jogar na Curuzu e Baenão, se no borderô do jogo de 24 de março, no Leônidas Castro, há o registro de R$ 38.000,00 como ‘aluguel de campo’ (R$ 30.000,00 a mais do que o valor considerado caro para o estádio olímpico)?”, questiona.
Christian observa que o Re-Pa foi a única partida do Parazão realizada no Mangueirão, com renda de R$ 701.160,00, e sem taxa de aluguel.
Ele aponta ainda outra incongruência: os dirigentes alegavam que a cobrança pela iluminação do Mangueirão era muito cara (R$ 2.000,00), mas na Curuzu registrou-se um desconto de R$ 12.000,00 a título de “iluminação” – R$ 10.000,00 a mais do que a taxa do Mangueirão. Mais: a renda líquida da final do turno consistiu em somente 30% da receita bruta, com 70% de despesas. No Re-Pa, “onde o torcedor teve mais conforto, mais segurança, mais higiene, mais tudo”, ocorreu exatamente o inverso: o líquido correspondeu a 70% da renda total, com 30% de despesas.
Christian não entende como no Mangueirão, com 36 mil pagantes, gastou-se R$ 11.687,00 em “despesas de segurança”, enquanto na partida da Curuzu, com 12 mil ingressos vendidos, tais despesas totalizaram R$ 22.705,00! Observa, por fim, que essa circunstância não é prejudicial apenas aos clubes (atletas, técnicos e gestores), “mas também à cadeia produtiva do mercado futebolístico em geral, com prejuízos consideráveis que atingem todos os agentes envolvidos no processo”.  
 
 
Enquanto isso, o Internacional (RS) vai lançar no dia 8 de abril o site Rede Colorada de compras coletivas. De cara, espera cadastrar 1 milhão de fãs. Serão disponibilizados 5 mil itens licenciados para venda. Sócios terão prioridade na aquisição de produtos. A ideia resulta de parceria com a empresa Winehouse e já está disponível no endereço: www.redecolorada.com.br. Vivendo e aprendendo. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 29)

Ganso desperta interesse dos italianos

Ainda sem acordo com o Santos para o seu plano de carreira, o meia paraense Paulo Henrique Ganso está cada vez mais perto de uma transferência para o futebol italiano. E as especulações a esse respeito devem aumentar nesta semana. Representantes de Ganso viajaram para a Itália, onde deverão se reunir com dirigentes de Internazionale e Milan, para ouvir propostas desses dois rivais. Thiago Ferro, representante do grupo DIS (braço esportivo do grupo Sondas), que administra a carreira de Ganso, e Júlio Chagas de Lima, o Papito, irmão do jogador, representarão Ganso nas conversas. Inter e Milan são os dois maiores interessados no jogador.

E a gente ainda reclama…

Incrível, mas verdadeiro. A imagem acima é de um lance do jogo entre Itaperuna x Aperibeense, realizado no último sábado, no estádio Jair Siqueira Bittencourt, pela 2ª Divisão do Campeonato Carioca. Grande parte do gramado estava inteiramente alagada, um verdadeiro piscinão. Apesar das evidências, o soprador de apito Carlos Raphael Sampaio Torres decidiu autorizar a partida.  Os jogadores eram obrigados a ficar dando chutões para o alto. Um espetáculo circense, vencido pelo Itaperuna com um gol de Cebola. Mais impressionante ainda foi o fato de, na súmula do jogo, Carlos Raphael não ter escrito uma linha sobre as péssimas condições do campo. (Com informações do Bola de Meia) 

Mais diabruras de Calvin & Haroldo

Para os fãs fiéis da dupla infernal Calvin & Haroldo, como este escriba e o infante João, um presentaço acaba de ser lançado pela editora Conrad. Trata-se do álbum “O ataque dos perturbados monstros de neve mutantes e assassinos” (P&B, 128 páginas, R$ 33,90). É o oitavo da editora, que promete publicar toda a obra do eremita Bill Watterson sobre as sacadas hilárias do moleque e seu arguto tigre de pelúcia. A compilação não é inédita no Brasil (havia saído, em dois volumes, pela editora Best News), mas vale rever as variadas facetas do imaginativo Calvin, que se transfigura em dinossauro, astronauta, detetive particular ou apenas um menino de seis anos extremamente engraçado. A má notícia é que, a partir deste lançamento, ficam faltando três livros de Watterson para completar a obra em português. Depois, restarão somente as seis coletâneas. (Com informações do blog Gibizada)

Papão quase definido para pegar o Bahia

Sérgio Cosme não comandou o treino do Paissandu na tarde de segunda-feira, no campo do Kasa, mas o time está praticamente definido para o jogo desta quarta-feira (21h50) contra o Bahia, pela Copa do Brasil. Cosme sentiu dores na coluna ainda na sexta-feira e foi atendido em um hospital de Belém, mas já está em recuperação. Além do técnico, três jogadores também não foram ao campinho do Kasa: o zagueiro Ari, o lateral-direito Sidny e o atacante Rafael Oliveira. Todos, porém, devem enfrentar o tricolor baiano. A escalação deve ser a seguinte: Alexandre Fávaro; Sidny, Ari (Nei Baiano), Hebert e Brayan; Alexandre Carioca, Billy, Alisson e Alex Oliveira; Rafael Oliveira (foto) e Mendes. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

“Também tenho fígado”

Por Caetano Veloso

Não concebo por que o cara que aparece no YouTube ameaçando explodir o Ministério da Cultura com dinamite não é punido (assista aqui ao vídeo ao qual Caetano faz referência). O que há afinal? Será que consideram a corja que se “expressa” na internet uma tribo indígena? Inimputável? E cadê a Abin, a PF, o MP? O MinC não é protegido contra ameaças? Podem dizer que espero punição porque o idiota xinga minha irmã. Pode ser. Mas o que me move é da natureza do que me fez reagir à ridícula campanha contra Chico ter ganho o prêmio de Livro do Ano. Aliás, a “Veja” (não, Reinaldo, não danço com você nem morta!) aderiu ao linchamento de Bethânia com a mesma gana. E olha que o André Petry, quando tentou me convencer a dar uma entrevista às páginas amarelas da revista marrom, me assegurou que os então novos diretores da publicação tinham decidido que esta não faria mais “jornalismo com o fígado” (era essa a autoimagem de seus colegas lá dentro). Exigi responder por escrito e com direito a rever o texto final. Petry aceitou (e me disse que seus novos chefes tinham aceito). Terminei não dando entrevista nenhuma, pois a revista (achando um modo de me dizer um “não” que Petry não me dissera – e mostrando que queria continuar a “fazer jornalismo com o fígado”) logo publicou ofensa contra Zé Miguel, usando palavras minhas.

A histeria contra Chico me levou a ler o romance de Edney Silvestre (que teria sido injustiçado pela premiação de “Leite derramado”). Silvestre é simpático, mas, sinceramente, o livro não tem condições sequer de se comparar a qualquer dos romances de Chico: vi o quão suspeita era a gritaria, até nesse pormenor. Igualmente suspeito é o modo como “Folha”, “Veja” e uma horda de internautas fingem ver o caso do blog de Bethânia. O que me vem à mente, em ambas as situações, é a desaforada frase obra-prima de Nietzsche: “É preciso defender os fortes contra os fracos.” Bethânia e Chico não foram alvejados por sua inépcia, mas por sua capacidade criativa.

A “Folha” disparou, maliciosamente, o caso. E o tratou com mais malícia do que se esperaria de um jornal que – embora seu dono e editor tenha dito à revista “Imprensa”, faz décadas, que seu modelo era a “Veja” – se vende como isento e aberto ao debate em nome do esclarecimento geral. A “Veja” logo pôs que Bethânia tinha ganho R$ 1,3 milhão quando sabe-se que a equipe que a aconselhou a estender à internet o trabalho que vem fazendo apenas conseguiu aprovação do MinC para tentar captar, tendo esse valor como teto. Os editores da revista e do jornal sabem que estão enganando os leitores. E estimulando os internautas a darem vazão à mescla de rancor, ignorância e vontade de aparecer que domina grande parte dos que vivem grudados à rede. Rede, aliás, que Bethânia mal conhece, não tendo o hábito de navegar na web, nem sequer sentindo-se atraída por ela.

Os planos de Bethânia incluíam chegar a escolas públicas e dizer poemas em favelas e periferias das cidades brasileiras. Aceitou o convite feito por Hermano como uma ampliação desse trabalho. De repente vemos o Ricardo Noblat correr em auxílio de Mônica Bergamo, sua íntima parceira extracurricular de longa data. Também tenho fígado. Certos jornalistas precisam sentir na pele os danos que causam com suas leviandades. Toda a grita veio com o corinho que repete o epíteto “máfia do dendê”, expressão cunhada por um tal Tognolli, que escreveu o livro de Lobão, pois este é incapaz de redigir (não é todo cantor de rádio que escreve um “Verdade tropical”). Pensam o quê? Que eu vou ser discreto e sóbrio? Não. Comigo não, violão.

O projeto que envolve o nome de Bethânia (que consistiria numa série de 365 filmes curtos com ela declamando muito do que há de bom na poesia de língua portuguesa, dirigidos por Andrucha Waddington), recebeu permissão para captar menos do que os futuros projetos de Marisa Monte, Zizi Possi, Erasmo Carlos ou Maria Rita. Isso para só falar de nomes conhecidos. Há muitos que desconheço e que podem captar altíssimo. O filho do Noblat, da banda Trampa, conseguiu R$ 954 mil. No audiovisual há muitos outros que foram liberados para captar mais. Aqui o link: http://www.cultura. gov. br/site/wp-content/up loads/2011/02/Resultado-CNIC-184%C2%AA.pdf . Por que escolher Bethânia para bode expiatório? Por que, dentre todos os nossos colegas (autorizados ou não a captar o que quer que seja), ninguém levanta a voz para defendê-la veementemente? Não há coragem? Não há capacidade de indignação? Será que no Brasil só há arremedo de indignação udenista? Maria Bethânia tem sido honrada em sua vida pública. Não há nada que justifique a apressada acusação de interesses escusos lançada contra ela. Só o misto de ressentimento, demagogia e racismo contra baianos (medo da Bahia?) explica a afoiteza. Houve o artigo claro de Hermano Vianna aqui neste espaço. Houve a reportagem equilibrada de Mauro Ventura. Todos sabem que Bethânia não levou R$ 1,3 milhão. Todos sabem que ela tampouco tem a função de propor reformas à Lei Rouanet. A discussão necessária sobre esse assunto deve seguir. Para isso, é preciso começar por não querer destruir, como o Brasil ainda está viciado em fazer, os criadores que mais contribuem para o seu crescimento. Se pensavam que eu ia calar sobre isso, se enganaram redondamente. Nunca pedi nada a ninguém. Como disse Dona Ivone Lara (em canção feita para Bethânia e seus irmãos baianos): “Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há?”.

Diretoria remista fecha a matraca

Com receio de interceptações pelo caminho, a diretoria do Remo decidiu que só vai anunciar  contratações depois que os atletas chegarem a Belém. Nada de entrevistas ou especulações. Só quando a coisa estiver na base do preto-no-branco é que a diretoria se manifestará. Aliás, informação repassada ao blog, na tarde desta segunda-feira, indica que o pacote de reforços inclui pelo menos quatro jogadores, dos quais dois para o ataque. Todos chegam em condições de jogar imediatamente, diz a fonte.

E, em Recife, jornais e rádios garantem que Landu deixou o Santa Cruz para retornar ao Evandro Almeida. O jogador não foi localizado para esclarecer a história.