Coluna: Com os pés no chão

Humildade é virtude fundamental, até mesmo no futebol. O diabo é que torcedores, cartolas e imprensa se habituaram a carregar nas tintas, enaltecendo sempre os nossos clubes, em descompasso com a realidade. Depois que o Paissandu passou o maior aperreio para vencer o Penarol amazonense, no meio da semana, surgiram logo críticos mordazes a detonar o time de Sérgio Cosme. E logo em momento glorioso do maltratado futebol local, quando um de seus mais importantes times rompia o tabu de cinco anos sem ganhar umazinha longe de casa.
Chatos de plantão questionam: como o bicampeão paraense foi se atrapalhar com adversário tão peladeiro? Ora, ninguém duvida que o Paissandu é um balaio de problemas, a começar pelo goleiro, sem esquecer os dramas defensivos e a falta de criatividade ali pelo meio. Mas é um baita exagero atirar pedras em Cosme pelo fato de sua equipe quase ter se entalado com espinha de peixe miúdo.
A crítica não é apenas exagerada, mas pretensiosa, por não levar em conta os novos tempos. Sabe-se que qualquer oponente, por mais modesto que seja, cria entraves medonhos para os grandes de Belém. Remo e Paissandu vivem dando topadas em timecos. Vila Aurora, Salgueiro, Palmas e outros menos votados são a prova viva dessa dura realidade.
Por vesguice ou teimosia, o torcedor às vezes age como se o Pará fosse o eldorado da bola. Esquece de fazer a conta simples sobre as legiões de enganadores e ex-jogadores que batem às nossas praias, degradando ainda mais a qualidade do jogo por aqui. Há exceções, claro. Tiago Potiguar veio sem fama e hoje é aclamado. A desgraça é que, para cada Potiguar, chegam dúzias de Petrolinas, Canindés, Nildos e Fábios Baianos.
O fato é que a tal hegemonia nortista se perdeu no tempo, virou lenda. Até os anos 50 e 60, o Pará podia bater no peito como o rei do pedaço, pois pontificava nas batalhas regionais do Brasileiro de Seleções. Quarentinha, Socó, Gilvandro, Chaminha, Natividade, Jambo, Carlos Alberto e outras feras corriam atrás do balão de couro e sabiam o que fazer com ele. Mais que respeitados, Remo e Paissandu eram temidos.
Sou da jovem guarda, mas lembro bem dos testemunhos irrefutáveis de gente como Edyr e Grimoaldo. Eram tempos bacanas e a gente nem sabia. As coisas mudaram e é preciso cair na real. É duro aceitar o fato, mas derrotar o Penarol, genérico daquele que padeceu na Curuzu, merece festejos, sim. Sem constrangimentos.
 
 
Última rodada da fase classificatória pode reservar confrontos emocionantes. A disputa pela última vaga faz do jogo Cametá x Tuna o mais interessante e tenso de todos. Leandro Cearense, um dos três melhores jogadores do campeonato – Rafael Oliveira e Marlon são os outros –, deveria merecer marcação especial, e isso a Lusa sabe fazer bem. Remo e Paissandu entram classificados, mas o primeiro lugar (e a vantagem que confere para a decisão) ainda está em disputa.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 27)

21 comentários em “Coluna: Com os pés no chão

  1. Boa coluna Gerson,
    Já estava na hora de nós reconhecermos isto. Serve de aprendizado constante para nós torcedores que influenciamos nossos clubes, principalmente na critica desproporcional como você bem relatou. Parabéns

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  2. Verdades ditas e não há como contestar, mas tem que ser levado em conta que a qualidade de dirigentes, contratações de jogadores e técnico é sofrível nos dias atuais o que atiça a todos quando das opiniões. Certamente sacrificar Sérgio Cosme pode ser injusta, mas está na medida do que tem feito até agora. Jogar como jou o clássico, aliás nem jogaram, é esperar o que? Está na hora da torcida exigir seus direitos porque paga para entrar no estádio, mesmo que fosse entrada franca não justificaria má qualidade apresentada. Desculpe Gerson, mas minha opinião é essa e a Imprensa tem que combrar junto com o torcedor. Muitos apenas se afastam dos estádios e pelo interesse do futebol sem nem resmungo e não são poucos, basta compravar o público, ainda mais com esta de ficar em casa assistindo a pelada de hoje na maior comodidade.

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  3. Só a bruxa tira a classificação do Cametá, mas o que me chama a atenção é a dificuldade que o Leãozonho poderá passarr frente o Galo, alguma coisa me diz que o Leãozinho sairá bicado. Já o Maior do Norte penso que ganha com os mesmos tropeços apresentados. Quanto ao Águia, pode armar o alçapão que o Japiím não escapa desta.

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  4. Gerson, com todo o respeito a sua opinião, mas penso um tantinho diferente. Acho que a torcida paraense está muito consciente de que os tempos são outros; que no passado nossos clubes já contrataram melhores jogadores, e técnicos, do que contratam hoje; que nossos dirigentes cada vez mais metem os pés pelas mãos; que ultimamente os nossos adversários interestaduais, a maioria, ilustres desconhecidos, no mais das vezes nos tem nos causado problemas. Enfim, o torcedor sabe muito bem que no Pará, de um modo geral, atualmente se vem jogando um futebol bem abaixo da crítica.

    Com verdade, fora à parte as encarnações recíprocas, que relembram à exaustão feitos passados e deliberadamente exageram as dimensões de qualquer mínimo feito recente, creio firme que é exatamente deste estado triste de coisas referidos no seu post e repetidas no meu parágrafo anterior, que o torcedor paraense reclama de seus clubes.

    Reclama porque quer de volta os velhos tempos. E quer de volta porque sabe que é possível. Aliás, a prova de que é possível a reedição dos velhos tempos, ou de algo próximo, é o próprio triunfo sobre os nossos clubes, obtido frequentemente nos últimos tempos por clubes bem mais modestos de outros estados. Ora, se um Vila Aurora ou um Salgueiro, com todo o respeito a eles, podem vir aqui, desclassificar os nossos clubes, continuar na competição e acessar divisões superiores, tudo isso com um orçamento infinitamente inferior ao dos nossos clubes, numa estrutura algumas vezes semi-amadora, como não reclamar? Fica-se alegre com as vitórias, mas reclama-se, sim, e muito. Se reclamando, protestando, pouco ou nada muda, imagina se ficarmos calados. Afinal, a realidade é esta, mas já faz muito tempo que nossos clubes tem experimentado oportunidade de mudá-la, de subir de divisão, e não foram competentes para fazê-lo. No meu modo de ver a reclamação não decorre de pretensão, desrazão, estrabismo, teimosia ou coisa que o valha, mas, sim, de plena consciência de nossa inferioridade atual e do potencial que temos para ascender novamente ao lugar que a grandiosidade de nossa torcida e a tradição de nossos clubes merece ocupar. Ah, uma última coisa: os anos 50, 60 foram bons (não os acompanhei, mas os registros históricos confiáveis indicam que sim), mas, desde os anos 70 até bem recentemente, o futebol paraense também teve uma boa performance.

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  5. Concordo com G.N e como sempre vou mais fundo…A VESGUICE E/OU TEIMOSIA IMPEDE QUE OS PARAENSES ENXERGUEM QUE NÃO É O PARÁ UMA MARAVILHA E NEM OS PARAENSES MELHORES QUE OUTROS GENTILICOS…

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  6. Já não aguento mais torcerdores de Paysandu e Remo chorarem as pitangas por serem eliminado por Salgueiro e Vila Aurora. Eles foram melhores e pronto, pomba! E daí se esses times não tem tradição nenhuma? Estavam no mesmo nível: 3ª e 4ª divisão portanto, no mesmo nivelamento.

    Não adianta nada um time que já participou da Libertadores , e agora estar na 3ª divisão ou um que já foi campeão da Série C fora de casa e ganhando de goleada do adversário se agora está na 4ª divisão.

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    1. Em relação ao jogo do Salgueiro, a derrota, não foi culpa Técnico Charles Guerreiro, no entanto, foi ele o sacrificado e hoje tido por muitos como incompetente, esquecem que naquele jogo, houve a ENTREGAÇÃO comandada pelo SANDRO devido ao valor destinado O BICHO, em caso de vit[ória, não chegar a duzentos mil reais, isso foi denunciado pelo Próprio presidente Luiz Omar Pinheiro, ao Dinho Menezes da Rádio Clube do Pará, e eu acredito nele!
      Não fosse a “entregação”, o Salgueiro, claro, não teria vencido; portanto caro Saulo, não está correta tua afirmação de que naquele momento o GRANDE BICOLOR AMAZÔNICO foi superado por equipe de superior futebol; e caso não aguentes mais ler os reclamos das torcidas, fica na tua, retira-te! pois as torcidas do GRANDE BICOLOR AMAZÔNICO, e as demais PARAENSES, são APAIXONADAS MESMO, FUTEBOL PARAENSE, É PAYXÃONOSSA, MOROU?
      Quanto a radicalizar e pegar no pé apenas do técnico, caro Gerson Nogueira, não é só no Pará que isso acontece e se mesmo ganhando estamos vaindo o técnico, vão a seguir duas razões, em meu entendimemto, claro:
      1- Não queremos que os vexames anteriores se repitam, pois não somos de gostar de sofrer e estamos vendo vitórias que não traduzem segurança, por falta de padrão de jogo e regularidade da equipe;
      2- O Capitão ENTREGADOR, sandro, continua na equipe e na titularidade, isso é uma temeridade, técnico de fibra e moral, sabendo do ocorrido em passado tão recente, de imediato o teria descartado, pois essa laranja podre, pode estragar todo o trabalho de um ano inteiro; pois só agem na final, são sorrateiros e subreptícios, não dão tempo prá recuperação; DOIDO É O LOP, que o manteve no plantel e ainda renovou-lhe o contrato.

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      1. Amigo, não trato ninguém mal. Portanto não me trate mal também. Podemos fazer críticas sem ofender. Nessa resposta você não me ofendeu, porém em respostas anteriores você foi. Todos temos opiniões diferentes.

        Ninguém me engana, ninguém me insulta, ninguém bota as mãos em mim. Eu não faço isso com as pessoas e exijo delas o mesmo.

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  7. MAS O PAPÃO ESTÁ ACIMA MAIS DO QUE UM DEGRAU DO QUE O re-mio.POderá estar na série a em 2013 e o re-mio ? Será que vai ter série esse ano? E se conseguir quem garante que não vai patinar uns cinco ou mais anos na QUARTA E DEPOIS MAIS UNS CINCO NA TERCERIA ,OU SEJA TIMECOS DE QUINTA COMO – re-mio podem levar uns dez,doze anos so´ pra beliscar uma participação na serie A.

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      1. JÁ QUE ENTENDE DE FEZES POSTO QUE ELAS PROLIFERAM AOS QUILOS EM SUAS GLANDULAS ME DIGAS PORQUE GOSTA DE AGREDIR VERBALMENTE E NÃOQ UER OUVIR ?O RE-mio UM TIEMCO DE QUINTA E SEM SÉRIE VAI PASSAR UNS DEZ ANOS OU MAIS PARA VOLTAR A SERIE A E ISSO É UM FATO ,SÓ PORQUE TORCES PARA UM TIMECO BOSTA DESSE NÃO SIGNIFICA QUE TEU TIME PRESTA SEU IMBECIL.DEZ ANOS NO MINIMO PAR AVOLTAR Á SERIE A E O PAPÃO ESTÁ ACIMA E PONTO.PODE CHORAR ,VOCIFERAR E REBOLAR BICHONA…PAPÃO É PAPÃO…

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  8. Sem querer menosprezar os momentos passados do futebol paraense, em especial o histórico feito do Paysandu sobre o Penarol, mas acredito que, até recentemente, o futebol paraense viveu os seus momentos mais áureos.
    Com efeito, por mais importantes que tenham sido os feitos dos anos 50-60, os feitos mais relevantes do futebol paraense foram alcançados na década de 90 e no início dos aos 2000. Os dois títulos brasileiros do Paysandu, o título de Campeão dos Campeões, a participação na Libertadores, a sequência de participações na 1a. divisão…
    Isso tudo, a meu ver, representa as maiores conquistas do futebol do Norte.
    Antigamente, ficava o romantismo, a paixão e a impressão de que o futebol paraense era forte porque o parâmetro para comparação era o futebol do Maranhão, do Amazonas e de Fortaleza. O intercâmbio com o futebol do Sul-Sudeste era praticamente inexistente, pois jogar contra Flamengo, Vasco ou Santos era algo raríssimo. Tanto assim que o paraense tinha a ridícula mania de torcer para times do Rio e de SP. Nos últimos anos, o intercâmbio é muito maior e os jogos contra times de SP e RJ foram, durante certo tempo, coisas corriqueiras.
    Prova disso é que a torcida do Paysandu deixou de torcer para times do RJ e SP e passou a ver Vasco, Botafogo, Flamengo, Palmeiras etc como rivais, e não como algo distante e inalcançável.
    Em resumo, o auge do futebol paraense está bem aqui próximo, daí a revolta em ver o Paysandu se conformar em estar na série C.

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    1. É isso aí Luis, parabéns pelo resgate histórico, A HISTÓRIA REGISTRA A PASSAGEM DE QUEM REALMENTE FEZ HISTÓRIA, Parabéns ainda, pela indgnação demonstrada, devido a atual situação vivída pelo GRANDE BICOLOR AMAZÔNICO!!
      MAS, SUBSISTIREMOS A MAIS ESTA!!!
      HAVEREMOS DE SUPERÁ-LA!!!

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  9. O PAPÃO ESTÁ ACIMA MAIS DO QUE DOIS DEGRAUS E PONTO.o rival ,a elza a leoa velha NÃO TEM ´SERIE E PODE VOLTAR A DISPUTAR UM BRASILEIRO SOMENTE ANO QUE VEM,PODE FICAR UNS 4,5 ANOS NA d E MAIS UNS OUTROS 5 NA c ,ISSOSE CONSEGUIR SUBIR,PORTANTO MEU RACIOCINIO É MAIS DO QUE RAZOAVEL DE QUE ESSE TIMECO DE QUINTA PODE FICAR UNS DEZ ,DOZE ANOS OU MAIS SEM DISPUTAR UMA SERIE A E AS AZULETES ESTÃO SE REBOLANDO TODA E SOLTANDO COCÔ PELAS NARINAS CHATEADAS,KKKKKKKKKK REVOLTA DAS PILOMBETAS AZULETES….KKKKKKKK ALGUÉM ME DIGA QUANTOS ANOS FAZ QUE ESSE TIEM DE PERIFERIA NÃO DISPUTA UMA SERIE A.PROVEM QUE ESTOU ERRADO…ORA VÁ SE CATAR BICHONA AZULETE.TORCER PRA ESSA POBREZA NÃO SIGNIFICA QUE O TIMECO PRESTE…

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  10. O torcedor paraense é um apaixonado por futebol, ele até entende a situação dos clubes, mais não consegue aceitar. Há um sentimento de paterno pelos seus clubes, e para tal deveriam ser retribuidos a altura.
    Acredito que os verdadeiros culpados foram os gestores, que quando estavam por cima nada fizeram para dar continuidade no futebol e na sua respectiva infraestrutura.

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  11. Pés no chão é estar ciente que o futebol paraense está tão distante em termos de qualidade em relação a outros estados. A Copa do Brasil, tem mostrado isso. Que bela decisão do catarinense, jogo eletrizante e bom nível, jogadores de qualidade. Digo sem medo de errar, mas o papa título está fadado a uma derrota acentuada quando enfrentar o Bahia. Espero que eles não estajam tão a fim de jogo e se contentem com pouco.

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  12. O PAISSANDU CONTINUA CUMPRINDO DIGNAMENTE O FEITO QUE MAIS LHE DESTACA (NEGATIVAMENTE), NESSE INICIO DE TEMPORADA : TOMAR DOIS GOLS POR JOGO. ENTRA ZAGUEIRO, SAI ZAGUEIRO, MAS A SINA DE DEFESA RUIM CONTINUA. PELO JEITO, ISTO AINDA VAI CONTINUAR POR MUITO TEMPO.

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  13. HOJE FOI MAIS LONGE, TOMOU TRES GOLS DO SÃO RAIMUNDO E AINDA PERDEU O JOGO. A CONTINUAR DO JEITO QUE ESTÁ, NA COPA DO BRASIL, SEJAMOS REALISTAS, ESTE TIME NÃO PASSARÁ PELO BAHIA.

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