Sábado de sonolências em 400 canais

Sábado arrastado, sonolento. Acordo ainda atordoado pela fria madrugada na Redação com sua agenda inflexível de “pescoção” para fechar a edição domingueira do jornal. Silêncio na casa, zapeio (ainda se diz assim?) na TV buscando música, futebol ou bom cinema, necessariamente nessa ordem. Acerto em cheio no som. Num dos 400 e tantos canais da Sky, rola um cover de Elvis com as guitarras do Pearl Jam. 

Felicidade na música, azar nos esportes, diria Januário de Oliveira, aquele que decretava, solene: “Tá lá o corpo estendido no chão”. Falar nisso, por onde andará Januário? E Achiles Chirol, sua contraface rabugenta nos idos de 90 na tela desbotada da TVE-RJ? O tempo passaaaa, diria o outro – e passa mesmo.  Finda o dueto Vedder-Presley e eu sigo na saga de achar um canal que mostre esporte de verdade, mas só tem reprise de pôquer e algumas cenas de golfe. Esportes (?) para extraterrestres, criaturas intergalácticas. Terráqueos normais não toleram tanta pasmaceira. Terráqueos cansados e sonados, menos ainda.

Nos canais ditos esportivos reina a grade de inclusão democrática das modalidades. É a hora da xepa, recheada de futsal (o antigo futebol de salão dos fortes), vôleibol, nado sincronizado e até capoeira… Tudo muito longe das minhas ansiedades por competições mais óbvias, como o velho esporte bretão. Os sentidos exigem coisas descomplicadas.

Sem esporte, recorro ao cinema, reduto generoso dos desgarrados do rebanho. O final da manhã mostra-se ingrata com este velho fã dos filmes que fazem sentido. Os canais se repetem, as bombas também – A Irmandade, Noites no Rio, Máquina Mortífera 4, Miss Simpatia etc. Por curiosidade, paro no History Channel, com um documentário sobre a glória e o poder de Hosni Mubarak! O ditador, antes da derrocada, passeia pelos corredores do palácio egípcio, sorrindo, impávido colosso. É. Como diria Sam Spade, a vida é um risco.

5 comentários em “Sábado de sonolências em 400 canais

  1. Bom, pode ter sido arrastado, sonolento e arriscado, para quem depois da dura labuta quer ficar de molho assistindo algo mais instigante. Mas do ponto de vista do blog nunca tinha visto um sábado assim tão dinâmico com tantas postagens aptas a desencadear debates os mais empolgantes e produtivos. A troca de idéias entre o Maciel e o Sérgio no post sobre o Saldanha e a postagem do Villaça são apenas alguns exemplos de quão produtivo foi o sábado aqui neste espaço.

    A propósito, no que respeita à crônica futebolísca desenvolvida no rádio, me parece um exercício de coragem e tolerância aqueles “tete a tete” entre os comentaristas e os jogadores, técnicos etc logo após os jogos nosvestiários, ou, às vezes, ainda no gramado. Geralmente tudo dá certo. Mas há casos em que o caldo engrossa. Lembro uma vez de um verdadeiro barraco montado por um treinador (Waldemar Carabina) e um analista da Clube (salvo engano, o Carlos Castilho). O negócio foi feio de ouvir, excessos de parte a parte. Na Clube há alguma orientação específica de conduta para os repórteres e analistas, partida do comando da emissora, para situações desta natureza, seja para evitá-las, seja para não agravá-las quando elas já estiverem instaladas, ou tudo mesmo depende da presença de espírito do jornalista?

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  2. ‘OLHOS nos olhos’, ‘De frente pro crime’ e ‘Tá lá um corpo estendido no chão’. JANUÁRIO de Oliveira era um espetáculo à parte, parecido com ele só o … (esqueci o nome, mas é o que diz ‘PELO amor dos meus filhinhos’ e coisas assim, – ah, lembrei: o Sílvio Luís). PENSEI que Januário não estivesse aqui entre nós, até motivado por uma coisa que me disseram: homossexualidade. Mas a última notícia é que estava morando em Goiania.
    Tempos bons, que não voltam mais, como dizia Lilico.

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