
O estádio Evandro Almeida foi vendido na manhã de segunda-feira (23), durante reunião na Justiça do Trabalho entre representantes das construtoras Agre e Leal Moreira e o presidente do Remo, Amaro Klautau. O valor da venda é R$ 33,2 milhões, sendo que deste dinheiro R$ 7,9 milhões se destinam a pagar as dívidas trabalhistas.
A venda foi sacramenta sem o aval do Conselho Deliberativo, instância máxima do clube. O fechamento do acordo, com intermediação da juíza Ida Selene, do Tribunal Regional do Trabalho, explica o gesto insano do presidente Amaro Klautau ao mandar derrubar o escudo do Remo do pórtico do estádio na noite de segunda-feira. A medida teve o objetivo de impedir qualquer recurso relacionado com o tombamento do imóvel. Àquela altura, AK já havia sido informado pela Secult do deferimento da ação de tombamento do patrimônio azulino, fato que só se tornou público na terça-feira.
A homologação da venda está marcada para 21 de setembro, mas a juíza Ida Selene afirmou, em entrevista à Rádio Clube, que o negócio é irreversível. Observou, ainda, que, sob o ângulo da Justiça, foi o menos “gravoso” para o Remo. Lembrou também que o clube ainda ganhará um “Centro de Treinamento” moderno, em área localizada em Marituba (nos fundos de um cemitério).
Em julho, as construtoras chegaram a oficialmente desistir da transação (o blog informou que era jogo de cena), mas isto não freou o ímpeto de venda do presidente Amaro Klautau, que moveu céus e terra para fechar a negociação. AK elegeu como prioridade de seu mandato, que termina em novembro, “fazer dinheiro” com a venda do estádio de 75 anos.
Todos os prazos de negociação que a Justiça do Trabalho concedeu ao clube para quitação de dívidas, desde o final de 2006, foram seguidamente descumpridos, inclusive nos dois últimos anos, quando AK abandonou os acordos trabalhistas e se concentrou em procurar um comprador para o Baenão. Até que atraiu o interesse das incorporadoras Agre e Leal Moreira, aliadas a outros empresários locais.
Aos críticos de sua cruzada em favor da venda, AK alega que não havia outra saída, embora jamais tenha apresentado qualquer plano alternativo. O terreno que abrigaria o CT (ou Arena do Leão) teria sido adquirido por R$ 4 milhões (em 10 parcelas de R$ 400 mil). O novo estádio teria custo, segundo AK, de R$ 18 milhões. A juíza Ida Selene, na entrevista, disse que o clube terá direito a um novo estádio, mas a construtora já informou que só será responsável pela construção até o limite de R$ 18 milhões. Se os custos da obra ultrapassarem esse valor, a responsabilidade de conclusão será inteiramente do clube.
Sem justificar a destruição do símbolo do clube, que ficava no pórtico do estádio, AK argumenta que obteve autorização do Condel para vender o estádio. Os conselheiros, revoltados com a forma pouco transparente da negociação, garantem que aprovaram o começo do processo de venda, mas precisariam ser consultados no ato de fechamento do acordo.
Uma reunião extraordinária do Condel está marcada para segunda-feira, mas será antecipada a fim de discutir, em regime de urgência, os desdobramentos dos atos do presidente do clube.