GP da Bélgica, segundo um craque na matéria

Por Flávio Gomes

Chuva nas duas pontas: na primeira volta e, depois, nas últimas. São os caprichos de Spa. Que, claro, mexeram na história do GP da Bélgica. E do Mundial. Foi a água marota, por exemplo, que começou a acabar com as chances de título de Alonso, acertado por Barrichello no fim da primeira volta — quando a água caiu só para lembrar a todos que ela estaria por lá, à espreita. Fernandinho teve um domingo daqueles. Sobreviveu à pancada (Rubens, não), arriscou pneus intermediários, a chuva parou, trocou de novo, fazia uma prova bonita, entrou nos pontos, mas no fim, quando a chuva apertou de novo, errou sozinho, rodou, bateu e tchau.

Tchau campeonato? Bem, pode ser que na próxima corrida todos tenham azar e ele, não. Mas não é muito provável.

A chuva, porém, não teve nada a ver com a tragédia de mais dois postulantes ao título, Button e Vettel. Jenson estava bem na corrida, faria pontinhos importantes, mas estava mais lento que Tião Alemão. Que foi para a ultrapassagem, claro. Não acho que Vettel tenha sido tão desastrado assim. Tirou para passar, o carro balançou, apontou para dentro, bateu. Furou a lateral de Button, tirando o inglês da corrida.

E tirando-o do campeonato, também? Acho que Jenson está na mesma situação de Alonso. Precisa urgente de uma vitória e de uma desgraça coletiva dos rivais.

Vettel errou, embora tenha sido um erro menor do que o que tentam desenhar, e foi injustamente punido. Aquilo é acidente de corrida. Não se pode reprimir tanto as tentativas de ultrapassagem. Mesmo assim, faria pontos, não fosse o pneu furado quando passou Liuzzi, e aí, tchau.

Tchau campeonato? Para Sebastian, ainda não. Está um pouco à frente de Button e Alonso e tem um carro bom o bastante para ganhar corridas. Só que precisa, igualmente, que Webber e Hamilton tenham domingos tão ruins como o que ele teve em Spa.

Webber e Hamilton, Hamilton e Webber. São três pontos pró-Lewis na classificação, 182 a 179. O Mundial começa a ficar com a cara de um dos dois. Vettel, em terceiro, está 31 pontos atrás do mclariano e a 28 do canguru. Mas são seis provas pela frente. Ainda tem água para rolar. De qualquer forma, os dois ponteiros são aqueles que, até agora, mais merecem o título. Webber erra pouco (errou na largada, mas se recuperou bem) e não se envolve em trapalhadas como Vettel. Hamilton brilha na pilotagem. Se teve problemas com Button no início do campeonato, agora não tem mais. Entre outras coisas, porque o companheiro tem andado mal em classificações.

Ando postando cada vez menos coisas sobre F-1, que é um tema que a cada dia perde mais interesse na minha cabeça. Já gostei muito, acordei incontáveis vezes mais cedo no domingo pra ver Piquet correr, mas hoje não me abalo nem para ligar o televisor. Barrichellos, Massas e Bruninhos têm muito a ver com esse estado de espírito.

Coluna: Das verdadeiras intenções

Desde que o mundo é mundo, no futebol – assim como na política – quase todo gestor culpa os antecessores pelas mazelas que surgem. O artifício, apesar de óbvio e manjado, sempre surte algum efeito. Num país em que fiscalizar as administrações não é prática corrente, as críticas acabam adquirindo ar de verdade, mesmo quando agridem os fatos.
No futebol paraense, particularmente na vida política de Remo e Paissandu, os presidentes se sucedem e o doce esporte de atirar responsabilidades nas costas do antecessor é praticado à luz do dia, sem qualquer constrangimento. No momento, a moda entre os dirigentes azulinos é uma caça às bruxas disfarçada de arqueologia gerencial.
Em meio à operação de guerra para venda do Evandro Almeida, a diretoria alveja administrações passadas, acusadas de levar a agremiação ao atoleiro em que se encontra. De Raimundo Ribeiro a Licínio Carvalho, passando por Rafael Levy, Ubirajara Salgado, Roberto Porto, Manoel Ribeiro e tantos outros. Não escapa ninguém à metralhadora revisionista dos atuais dirigentes.
Curiosamente, nenhum erro é admitido pelos atuais ocupantes, que não assumem sua parte nos descaminhos. É fato que numerosos erros de avaliação e delitos contábeis foram praticados pelos outros gestores.
Uns pecaram por inépcia, outros por consumismo inconseqüente, alguns por puro despreparo. Mas houve também quem se empenhasse em fazer bom trabalho. E é forçoso reconhecer a natureza não menos danosa de atos recentes.
No afã de justificar a obsessão em fechar a transação imobiliária, o mandatário atual alega que herdou dívidas monstruosas. Esquece de observar que teve a oportunidade de – a exemplo de Luiz Omar Pinheiro no Paissandu – quitar os débitos aos poucos, mas virou as costas para os acordos assumidos na Justiça do Trabalho desde 2006.
Optou por descumprir todos os prazos, forçando a execução sumária da dívida de R$ 8 milhões pelo TRT, através da venda do Baenão. Chega a ser risível, portanto, que a fatura final pela perda do patrimônio seja repassada às antigas diretorias. Se houve negligência no passado, a irresponsabilidade administrativa do presente foi muito mais grave. Resta saber se tamanha omissão foi deliberada ou não.  
 
 
Bem mais bizarra que a destruição a picaretadas do escudo que ornava o pórtico do estádio Evandro Almeida, na segunda-feira, foi a tentativa de transformar em celebração um desfecho que devia inspirar constrangimento e vergonha. Indiferente ao ridículo da cena, o presidente desfilou pelos canais de TV e emissoras de rádio, aparentemente orgulhoso de seu feito. Se nossos clubes fossem instituições realmente sérias, o desmanche (forçado por decisão judicial) de um patrimônio jamais deveria estimular festejos. A não ser que as verdadeiras intenções estejam ocultas. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 29)       

Águia quebra invencibilidade do Paissandu

O Águia derrotou o Paissandu por 2 a 1, na noite deste sábado, em Marabá, e manteve suas chances de classificação à próxima fase da Série C. O zagueiro Ari abriu o marcador, logo aos 4 minutos, em cobrança de falta. O time de João Galvão foi todo à frente buscando ampliar. Teve chances para isso, mas falhou nas finalizações. No entanto, o Paissandu foi se equilibrando aos poucos e  começou a criar boas situações ofensivas, principalmente com jogadas articuladas por Tiago Potiguar, mantido no ataque por Charles Guerreiro. E, ainda no primeiro tempo, aos 35 minutos, em belo disparo de fora da área, Tiago empatou a partida. Em seguida, fez grande assistência para Marquinhos, que chutou forte, rente à trave de Alan.

No segundo tempo, precisando garantir os três pontos, o Águia voltou mais ofensivo, pressionando o Paissandu desde o início. Aos 15 minutos, Felipe Mamão deu passe para Vânder bater. Fávaro conseguiu defender, milagrosamente. Mas, aos 33, Ari cruzou na área e Felipe desviou de coxa para marcar o segundo gol marabaense. Charles então alterou o desenho da equipe, passando a jogar com três atacantes. O Paissandu exerceu forte pressão até o fim da partida, mas não conseguiu empatar.

A renda no estádio Zinho Oliveira ficou em R$ 36.910,00. O público pagante foi de 2.196 pessoas. Com mais 316 credenciados, o público total chegou a 2.502. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)