Para começo de conversa, uma constatação. Jogando para os lados e errando passes, Canindé não é reforço. Gian corre mais, lança melhor e até ajuda a marcar. A escalação do recém-contratado pareceu forçada. Giba, sob pressão, alterou o meio-de-campo e o time todo sentiu os efeitos. Vélber, acertadamente, recuou para fazer a armação, mas o ataque ficou capenga contra um time que botava até 9 jogadores atrás da linha da bola.
Os pais que chegaram com o jogo em andamento não perderam rigorosamente nada. Canindé, Gilsinho e Lima abusaram dos erros de passe e a defesa – principalmente Ênio – andou batendo cabeça contra o tímido ataque baré. O único lance forte do período foi um chute despretensioso de Fitti, que enganou Adriano e quase resultou no primeiro gol. No Remo, somente Marlon, Vélber e Júlio Bastos salvaram-se do desastre inicial.
Para o 2º tempo, Giba sensatamente tirou Canindé e pôs Gian em campo. Essa substituição simples deixou o time mais dinâmico. Diminuiu a confusão no meio-campo e as bolas começaram a chegar a Vélber e Zé Carlos. Só que a defesa cochilou e permitiu duas boas chances para o América. Na mais clara de todas, Felipe recebeu livre dentro da área e mandou a bola no travessão de Adriano.
Assustado com o lance, Giba trocou Zé Carlos por Héliton e Gilsinho por Betinho. Boas mexidas. O time passou a atacar em velocidade, às vezes com até quatro homens e forçou o América a recuar. Em escanteio cobrado por Gian, Héliton apareceu livre para tocar para as redes, mas refugou na hora do chute. Aos 25, finalmente, com participação de Vélber e Betinho, a bola chegou ao atacante, que se desmarcou com habilidade na área e chutou para abrir o placar – a coisa estava tão complicada para o Remo que a bola ainda resvalou num zagueiro antes de entrar.
A liderança do grupo é o benefício óbvio da vitória, mas existem outros. Giba, por exemplo, teve a chance de observar que Gian é titular incontestável, que Zé Carlos não pode jogar sozinho no ataque e que Héliton tem lugar no time.

O Paissandu foi excessivamente respeitoso no jogo de sábado no Castelão. Nos primeiros minutos, a prudência era necessária. Mas, aos poucos, ficou visível a limitação técnica do Fortaleza. Mesmo assim, o bicampeão paraense levava quase uma semana para armar ataques e desperdiçava seguidos contra-ataques. Tiago Potiguar, mesmo bem marcado, criou situações perigosas e deixou Marquinhos e Bruno Rangel na cara do gol duas vezes. Mas a chance mais clara veio no cruzamento perfeito de Sandro para Bruno Rangel, que cabeceou errado.
No segundo tempo, Rangel perdeu outro, na cara do gol, depois de passe caprichado de Tiago Potiguar. Cansado de ver seus companheiros perderem gols, Sandro foi lá e resolveu a parada. Bem ao seu estilo, apanhou a bola na intermediária, invadiu a área e bateu firme. Daí por diante, bastava controlar a correria cearense, mas a zaga dormiu no ponto e cedeu o empate. Jogo bom e movimentado que o Paissandu não soube vencer. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 9)