“Eu levaria o Neymar para a Copa e não para ganhar experiência. Ele mostra em campo que tem qualidades. Se é bom e está em condições, tem de levar independentemente da idade”.
(Do Galinho Zico, um dos gênios da bola)
“Eu levaria o Neymar para a Copa e não para ganhar experiência. Ele mostra em campo que tem qualidades. Se é bom e está em condições, tem de levar independentemente da idade”.
(Do Galinho Zico, um dos gênios da bola)
Sem Marciano, contundido, o Remo enfrenta hoje à noite o Independente com um ataque que une dois jogadores velozes, Landu e Héliton. Nem sempre essa combinação deu certo. Lembro do próprio Remo se atrapalhando quando usou velocistas para formar a linha ofensiva. O grande problema é que são jogadores que têm por característica buscar as extremidades do campo, deixando normalmente um espaço vazio na entrada da área, expondo a ausência do centroavante típico.
Como o campeonato já se encaminha para o final e o Remo passou até aqui sem um atacante de área – o próprio Marciano não tem esse perfil – é compreensível que Giba repita o uso de dois ponteiros como tantas vezes fez Sinomar Naves quando esteve no comando da equipe.
A entrada de Vélber, substituindo a Gian na articulação de meio-de-campo, pode eventualmente compensar a ausência de um atacante central. O problema é que Vélber também costuma cair pelos lados da área no papel de meia-atacante. A rigor, a melhor opção disponível para Giba seria Samir, que vai no banco de reservas.
Aliás, sobre Samir pesa um imenso ponto de interrogação. Jogador de grande produtividade na fase de preparativos para o campeonato estadual, perdeu espaço com a contratação de Marciano e passou a ser o suplente nº 1, o chamado pau para toda obra, que normalmente é aquele sujeito chamado quando a casa já está caindo.
Teve poucas chances no campeonato, sempre entrando no decorrer das partidas. Apesar disso (e talvez até por isso mesmo), caiu no gosto do torcedor, que normalmente pede sua entrada quando a situação se complica. O problema é que salvadores da pátria têm pouquíssimo tempo para se virar em campo. Samir entra quase sempre aos 20, 25 minutos do segundo tempo. Se por um lado pega os marcadores mais cansados, convive também com a exaustão dos próprios companheiros de time.
Contra o São Raimundo, no primeiro turno, fez sua melhor aparição como primeiro reserva. Entrou aos 20 do segundo tempo e mudou por completo a história de um jogo que se desenhava complicadíssimo para o Remo. Incendiou a torcida e carregou o time para uma vitória consumada nos quatro minutos finais.
Por outro lado, contra o Paissandu, na decisão, passou em branco: entrou quando a barca já afundava e ainda teve a marcação individual de Alexandre, que Charles lançou no jogo exclusivamente com essa missão. É apenas um palpite, mas hoje, diante do Independente, se for lançado, tem boas chances de repetir seus melhores momentos no Remo.
Não por acaso Samir, que não é titular, desperta mais atenção e ocupa mais espaço neste comentário que alguns dos efetivos do time de Giba. Suas habilidades – velocidade, explosão e boa finalização – cairiam como luva nas carências remistas atuais.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 17)
O mistério sobre os convocados para a Copa do Mundo tem dia e hora para acabar. O técnico da Seleção Brasileira, Dunga, anunciará a lista final no dia 11 de maio, às 13h. O anúncio da relação dos convocados, seguido por uma coletiva de imprensa, acontecerá no Hotel Windsor, nos Salões Alhambra I e II, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Zico em pessoa estará em Belém no próximo fim de semana para lançar o projeto Escola Zico 10, que consiste em utilizar o futebol como ferramenta de inclusão social. “A ideia é expandir o projeto pelo Pará. Em cada localidade, serão 100 crianças que terão oportunidades. Aí daremos todos os materiais, uniforme, vamos repassar os fundamentos do futebol”, explicou Carlyle Santos, sócio do Galinho no projeto. A parceria entre Zico e as prefeituras durarão por um período estimado em um ano. Quem estiver interessado, pode procurá-lo através do telefone (21) 8301-5894.
Já há duas datas escolhidas para o lançamento do projeto: dia 24, em Santarém, e dia 25, em Belém. Nas oportunidades, um time recheado de craques do passado (Cantareli, Leandro, Djair, Válber, Junior Baiano e, claro, Zico), jogará contra um selecionado local. Quem se destacar nas escolinhas pode ganhar chances no CFZ (DF) e no Flamengo (RJ). O grupo RBA apoiará o evento, inclusive sorteando telespectadores, acima de 40 anos, para atuar contra o time do ex-craque do Flamengo.
Da ESPN
A Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pediu as imagens da confusão entre os zagueiros Danilo, do Palmeiras, e Manoel, do Atlético-PR, que virou caso de polícia após o palmeirense ofender o rival de forma rascista no confronto entre os times na noite desta quinta-feira, pela Copa do Brasil. De acordo com o procurador-geral da entidade, Paulo Schmitt, ambos devem ser denunciados.
“Vamos ver o lance e analisar. O que identificarmos de infração, iremos denunciar, e o que não conseguirmos, iremos solicitar a instauração de um inquérito”, disse Schmitt, em declaração ao site ‘Justiça Desportiva’. Acaloradas discussões entre Danilo e Manoel causaram grande polêmica no Estádio Palestra Itália, culminando com acusações de racismo. Danilo cuspiu na cara do adversário antes de uma disputa de bola e teria chamado-o de “macaco”. Já Manoel acertou uma cabeçada no palmeirense fora da disputa de bola e pisou no rival. O atleticano fez a denúncia de racismo após o final do confronto e compareceu ao 23º Distrito Policial, em Perdizes, para registrar queixa por “injúria qualificada por racismo”.
O árbitro Marcelo de Lima Henrique não puniu nenhum dos envolvidos. Apesar disso, as penas podem ser pesadas para ambos. Manoel deve ser enquadrado duas vezes no artigo 254-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), por agressão física – o jogador confessou que pisou no rival de propósito durante o confronto. Pode pegar de quatro a 12 jogos de gancho.
O técnico palmeirense, diga-se, é Antonio Carlos Zago, que já foi punido por racismo pelo STJD – quando defendia o Juventude, fez ofensas ao gremista Jeovânio.
Assim que Neymar e Ganso começaram a estraçalhar a bola no Santos fiquei com a esperança de que a Seleção Brasileira os recrutasse para compor elenco, pelo menos. Aquela famosa tática de dar experiência a moleques na briga de cachorro grande que é a Copa do Mundo, como ocorreu com Pelé em 1958, Edu em 1966, Bismarck em 1990 e Ronaldo em 1994.
Ingenuidade total de minha parte. Dunga, do alto de sua casmurrice, resmungou – com o endosso de Carlos Alberto Parreira, que levou Ronaldo aos EUA, mas não usou – que a dupla santista é jovem demais para ir à guerra. A juventude virou desculpa para barrá-los no baile. Bobagem. O futebol, como o tênis, é um esporte cada vez mais dos jovens. De mais a mais, como já dizia o poeta, sabiamente, o novo sempre vem.
A lamentar que tamanhas demonstrações de talento estejam sendo deliberadamente ignoradas, como se futebol dependesse de tempo de serviço ou registro em carteira. Na seleção de Dunga e Jorginho, antiguidade é posto. E ponto. A história do futebol brasileiro desmente esse critério na figura daquele que é o exemplo máximo de categoria e genialidade em campo.
Pelé, aos 17 anos, foi convocado por Vicente Feola para disputar o Mundial da Suécia. Arrebentava nos treinos, mas nada do gorducho treinador dar uma chance entre os titulares. Quando o conselho de veteranos do escrete percebeu a injustiça, tratou de peitar Feola. Nilton Santos, Zito, Didi e Bellini praticamente impuseram a escalação do futuro Rei. E o resto da história está nos compêndios.
Pelas escolhas feitas e pelo perfil ressentido que expressa a cada entrevista, desconfio que o jovem Pelé não teria a menor chance com Dunga no comando do selecionado. Não seria sequer convocado, como provavelmente Neymar e Ganso também não.
Pena que o auge dos garotos talvez seja exatamente agora ou pouco mais à frente. Talvez até a Copa de 2014 a situação já não seja a mesma. A vida tem caprichos e, no caso dos atletas, muitos fatores influem no rendimento. Até mesmo a frustração. Por sorte, justamente por estarem apenas começando, ambos mantêm o entusiasmo próprio da idade.
Lembro, porém, que um supercraque da estirpe de Maradona até hoje se ressente de ter sido ignorado por César Luis Menotti em 1998. Em entrevistas, El Pibe não esconde: aquela foi sua maior frustração. Queria ter sido campeão mundial e sabia ter futebol para jogar. Talvez Neymar e Ganso só venham a entender o tamanho do prejuízo daqui a algum tempo.
Nós, que apenas observamos (e torcemos), já temos uma idéia da falta que os dois craques farão ao Brasil na África do Sul. O time que Dunga tem nas mãos não conta, à exceção de Robinho, com nenhum driblador. Tem 350 brucutus, mas nenhum anjo torto. Anjos sempre fazem falta.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 16)
À beira da extinção, informação e curtição sem perder o sinal do Wi-Fi.
futebol - jornalismo - rock - política - cinema - livros - ideias