10 consequências da derrota da CBF

Por Juca Kfouri

1. O Morumbi deve ser definitivamente afastado da Copa de 2014;

2. O Flamengo deve  receber a Taça das Bolinhas;

3. O Coritiba deve ter a pena do Couto Pereira amenizada;

4. O Corinthians deve ser bem tratado na Libertadores, assim como o Cruzeiro, além de, dependendo do que pensar o novo governador de São Paulo, Alberto Goldman, que é corintiano, poder a sonhar com um estádio para a Copa do Mundo no Brasil;

5. Lusa e Bahia, que surpreendente, e dignamente, não se submeteram às pressões, comerão o pão que o diabo amassou na Série B;

6. Ricardo Teixeira provavelmente trocará de cardiologista, porque Roberto Horcades, seu médico e presidente do Fluminense,  não o apoiou.

Foi Horcades quem deu a Teixeira, por ocasião da CPI da CBF, o atestado médico que o livrou de depor pela segunda vez;

7. Os oito que votaram em Kléber Leite podem lançar um G8, com a expectativa de minar o C13.

Andres Sanches, aliás, já está dizendo que o C13 tem de acabar, porque “não serve para nada”.

8. A Record tentará se aproximar mais ainda de Fábio Koff, mesmo sabendo do que ele fez com o SBT, em  1997, quando apenas usou a proposta de Sílvio Santos, que aceitou em jantar na casa do empresário, para subir o contrato com a Globo;

9.Haverá pressão para acabar com os jogos às 21h50, ainda mais depois que o presidente Lula manifestou-se favorável ao horário, no máximo, das 21h;

10. Fábio Koff e Ricardo Teixeira podem selar novo acordo, lembrando que depois de terem vivido às turras, Teixeira convidou, e Koff topou, docemente constrangido, chefiar a delegação brasileira que foi à Copa da França, em 1998.

Meninos da Vila acertam o passo

Após muitas críticas aos jogadores santistas que se recusaram a visitar no dia 1º de abril a instituição espírita Lar Mensageiros da Luz, que abriga pessoas com paralisia cerebral, quatro dos atletas mais criticados do Peixe compareceram nesta segunda-feira ao local. Sem combinar previamente, Robinho, Neymar, Paulo Henrique Ganso e Roberto Brum fizeram surpresa para os 34 moradores, por iniciativa própria e sem a presença da imprensa.

O primeiro a chegar foi Robinho, logo após o treino. Em seguida foram Neymar e Ganso, e por último Brum, ao lado da família. De acordo com o assessor de imprensa do Santos, Fábio Maradei, o volante ligou para a escola e pediu a liberação dos filhos, para que pudessem fazer a visita ao seu lado.

Chegando lá, os jogadores fizeram festa e cantaram para as crianças. Brum ainda preparou uma surpresa e levou 34 miniaturas de baleias, mascote do time, uma para cada interno do Lar, que foram entregues por ele, mulher e filhos. Robinho ainda doou a sua camiseta da partida número 200 pelo clube, que será leiloada e a renda será revertida à casa.

A primeira visita causou grande polêmica, pois boa parte do elenco não quis descer do ônibus para doar simbolicamente 600 ovos de Páscoa, que foram vendidos na loja do clube, na Vila Belmiro. A renda foi revertida para o Lar. Só desceram 11 atletas na ocasião: Felipe, Wladimir, Edu Dracena, Zé Eduardo, Arouca, Pará, Gil, Maikon Leite, Breitner, Zezinho e Wesley. (Do Globoesporte.com)

Errar é humano, mas reconhecer o erro é quase sempre divino. Parabéns a todos e, principalmente, ao nosso Ganso. 

Repórter brasileiro agredido na África do Sul

Por Cristiano Dias (O Estado de S. Paulo)

Centro de Johannesburgo, tarde de sábado. Em plena luz do dia, na saída do Carlton Center, um dos mais importantes edifícios comerciais da África do Sul, fui atacado por nove homens armados que me jogaram ao chão. Levaram documentos e dinheiro, mas me deixaram a vida. Desde então, me pergunto se esse país tem ou não condição de organizar uma Copa do Mundo. Dentro de 60 dias, estarão aqui as melhores seleções e os jogadores mais caros do mundo. Com eles, virão jornalistas e alguns milhares de torcedores. Baseado no fato de que tudo isso é inexorável, a resposta é sim, haverá uma Copa. Será a Copa da África, mas não será uma Copa qualquer.

Não haverá torcedores comemorando pelas ruas. Confraternização, só em bares dentro de shoppings ou em lobbies de hotel. Em jogos noturnos, preocupação em dobro. Não haverá aqui jantares varando a madrugada. A volta para casa não será uma caminhada feita de conversas amenas sobre futebol. Johannesburgo não é Berlim ou Paris – ressalva seja feita, também não é como outras cidades sul-africanas, bem menos violentas.

Para os brasileiros, que acham que tudo isso é uma bobagem porque já estão acostumados com a violência das grandes cidades, um alerta: abram os dois olhos. Separados pela distância de um oceano, é difícil ter a dimensão do que foi o apartheid. Nosso único parâmetro seria a escravidão, no período colonial, que terminou 122 anos atrás.

Em termos históricos, o fim do apartheid e a eleição de Nelson Mandela são eventos recentes. É impossível exigir que a África do Sul supere o passado em tão pouco tempo. Voltando à comparação, seria como se a princesa Isabel assinasse a Lei Áurea em 1991 e, três anos depois, o Brasil elegesse Zumbi dos Palmares como presidente. Mudança radical.

Clima pesado. O clima na África do Sul é pesado, o ressentimento está no ar. E nem é preciso ter tanta sensibilidade para perceber, basta olhar as estatísticas. Todos os dias são registrados 50 assassinatos, 100 estupros e 700 assaltos à mão armada – isso entre uma população quatro vezes menor do que a brasileira. Muitos sul-africanos começam a perder a paciência. Metade da população negra está desempregada. A euforia criada pela Copa do Mundo fez com que muitos acreditassem na miragem da redenção. Mas os empregos não vieram. O Mundial enriqueceu poucos. Ou, como me disse um sujeito na fila de um banco: “A Copa está chegando, mas e daí?”.

Égua, sumano, agora deu medo… e pensar que ainda é preciso enfrentar oito horas de voo até lá.

Clube dos 13: Koff derrota candidato da CBF

Do UOL Esporte

O atual presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, se manteve no cargo após a eleição nesta segunda-feira. Na sede da entidade em São Paulo, os 20 principais clubes do país deram seu voto aberto. Koff derrotou Kléber Leite, candidato da CBF, por 12 votos a 8, e alcançou o seu sexto mandato. Ele já está há 14 anos no cargo. Ao chegar ao local, Kléber Leite já mostrava um pouco de abatimento em seu discurso. “Estou confiante, fizemos o possível, falamos com quem foi possível. Eu considero que, pelo tempo que tivemos, fizemos um verdadeiro milagre”, disse.

Confirmado para iniciar seu sexto mandato à frente do Clube dos 13, Fábio Koff precisou superar o apoio maciço do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao oposicionista. A campanha de ambos os candidatos ficou marcada por uma série de acusações e forte disputa por votos nos bastidores. Ao longo da campanha, a CBF manteve forte pressão sobre alguns clubes para angariar votos a favor de Kléber Leite. A entidade foi acusada, inclusive, de exigir do Botafogo o apoio a seu candidato para liberar um empréstimo de R$ 8 milhões. A exemplo do clube carioca, Goiás e Coritiba também mudaram de lado após manifestarem intenção de voto em Koff.

Com o triunfo na eleição, Fábio Koff assume o controle do poder de negociação no contrato dos direitos de televisão do Brasileiro a partir de 2012. Atualmente, o valor está em R$ 1,6 bilhão, e tem promessa de ser cerca de 60% maior a partir de 2012, quando termina o atual.

Coluna: Coincidências azulinas

O Remo não podia esperar um fim de semana mais favorável. No sábado, o Ananindeua operou o milagre de parar o Independente, em Tucuruí, virando o placar em apenas sete minutos. Ontem, o time de Giba venceu seu primeiro Re-Pa no atual campeonato e ainda lucrou com os tropeços de S. Raimundo e Cametá, em Santarém.
A peça de resistência desse roteiro de felizes coincidências foi obviamente o clássico, que repetiu as mesmas doses de sofrimento e angústia para o torcedor remista, mas com desfecho diferente dos anteriores. O Remo, com firme postura defensiva no segundo tempo, conseguiu segurar o escore de 2 a 1 até o fim, mesmo jogando a maior parte do tempo com 10 jogadores – rotina de quase todos os duelos com o Paissandu nesta temporada.
Desta vez, porém, o samba mudou de tom. O adversário, que quase sempre soube aproveitar muito bem a superioridade numérica, perdeu-se em passes laterais e desperdiçou a velocidade inteligente de Tiago, Moisés e Fabrício. Aliás, foi a pior exibição do trio desde que começou a jogar sob o comando de Charles.  
Foi também a mais desatenta atuação defensiva de Cláudio Allax, pois pelo seu lado surgiram os cruzamentos que garantiram a vitória remista. E, para regozijo azulino, foi por ali que brilhou a estrela de Marlon, um valor injustamente negligenciado pelos treinadores do clube.
Sob a orientação de Giba, mesmo improvisado na ala esquerda, Marlon já mostrou utilidade nas duas ocasiões em que o Remo usou o sistema 3-5-2. Contra o Santa Rosa, sofreu e converteu o pênalti salvador. Ontem, participou dos dois gols e lutou bravamente enquanto teve fôlego, tornando-se a melhor figura em campo.   
As condições meteorológicas foram tão benéficas ao Remo que a vitória foi construída quando o Mangueirão ainda tinha um gramado razoavelmente bom. Quando as poças começaram a aparecer, Marciano já não estava em campo para enfrentar os zagueiros e disfarçar a precária condição física. E, por fim, quando tudo dá certo, até erros óbvios – como a desnecessária entrada de Otacílio – passam despercebidos. Coisas do futebol. 

Um jogador experiente como Sandro não tem o direito de agir de maneira tão destemperada diante da marcação de uma falta boba, sem maiores conseqüências para o jogo. Desde o primeiro tempo do Re-Pa, o volante e capitão do Paissandu já vinha pressionando o árbitro com reclamações exageradas. No lance que levou à expulsão, voltou a protestar de forma insistente contra a marcação e praticamente pediu para tomar o segundo cartão amarelo. Depois, transtornado, completou a lambança, insultando o bandeirinha com xingamentos e acusações absurdas.
Quando vejo essas injustificáveis explosões de ira recordo sempre das cenas da célebre batalha dos Aflitos, quando o Grêmio com apenas sete jogadores conseguiu derrotar o Náutico. Todos enaltecem a bravura gremista, mas esquecem as agressões perpetradas contra o árbitro daquele jogo, transmitidas ao vivo pela TV. Quem comandava o esquadrão de ataque era justamente Sandro. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 12)