Stones relançam filme histórico

Boas notícias sobre Rolling Stones. O relançamento remasterizado do DVD Ladies And Gentlemen… The Rolling Stones, o registro da turnê de 1972, a do álbum Exile On Main Street. O DVD é importante por registrar a participação de Mick Taylor na guitarra, o substituto do fundador Brian Jones. Mick trouxe grandes momentos de excelência para a banda, grande instrumentista que era. O outro registro em vídeo dele é Gimme Shelter, o documentário da turnê de 1969 que tem o antológico solo dele em Love In Vain. Infelizmente a versão lançada no Brasil tem som deficiente, mas lá fora há um remaster pela Criterion com um som decente. O mesmo deve acontecer agora com Ladies And Gentlemen, que sai em novembro, depois de uma temporada em cinemas lá fora.

Em junho sai o DVD com o documentário Stones In Exile, sobre a gravação do álbum Exile On Main Street, com muito material bônus. A gravadora universal lança aqui o disco remasterizado em maio mesmo ( a data lá fora é 18 de maio). Terá 10 faixas extras, seis delas inéditas e quatro takes alternativos. A música de trabalho será a inédita Plundered my soul, um blues ao bom estilo da banda, que tem raízes fincadas no som, do delta do Mississippi.Em entrevistas para a Rolling Stone americana, Mick Jagger, Keith Richards e o produtor Don Was contaram que algumas faixas foram retrabalhadas por eles. Following The River, por exemplo, tinha apenas a base instrumental de piano, baixo, bateria e guitarra.

Don Was não confirma nem desmente que Mick Taylor foi chamado para gravar algumas guitarras, uma vez que Exile foi o segundo álbum com sua participação plena. Keith disse que preferia ter deixado tudo como estava, mas acabou cedendo à vontade de Mick e colocou partes de violão em algumas músicas. As gravações de Exile datam de 1969 a 1972, parte em oito canais, parte em 16 canais, nos estúdios Olympic Sound (Londres), Sunset Sound (Los Angeles) e na Villa Nellcôte, no sul da França, alugada pela banda, onde se dividiram em orgias de sexo e drogas e gravações de rock’n’roll. (Tudo que rolou em Nellcôte está no livro Uma Temporada no Inferno Com The Rolling Stones, de Robert Greenfield, lançado aqui pela Zahar). (Por Jamari França)

Vox: Serra e Dilma quase empatados

Por Luis Nassif

Pesquisa divulgada neste sábado pelo instituto Vox Populi mostra que o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se mantém na liderança. Dilma Rousseff, do PT, volta a crescer e reduziu a diferença para apenas três pontos percentuais. O ex-governador de São Paulo aparece com 34 por cento das intenções de voto, mesmo percentual de janeiro. A ex-ministra da Casa Civil Dilma Roussef, do PT, subiu quatro pontos percentuais e segue na segunda posição, com 31%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Ciro Gomes, do PSB, vem em terceiro lugar, com 10%. Marina Silva, do PV, está em quarto lugar com 5% das intenções de voto. Votos nulos e brancos somam 7%, enquanto 13% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder. Em um cenário sem Ciro Gomes, Serra aparece com 38%. Dilma vem a seguir, com 33% e é seguida por Marina Silva, com 7% das intenções. Brancos e nulos contabilizam 7%, enquanto os que não quiseram ou não souberam responder somam 15%. 

Comentário:

A pesquisa Datafolha trouxe dúvidas até entre jornalistas da Folha. A única esperança de ganhar credibilidade seria a confirmação por parte de institutos independentes. Não se confirmou. Paira a sombra da dúvida sobre o Datafolha.

Dica de cinema: “O Segredo dos seus Olhos”

Conhecido por sua comédia de sucesso “O Filho da Noiva” (2001), o diretor argentino Juan José Campanella surpreende pela profundidade e combinação de gêneros de seu novo longa, “O Segredo dos seus Olhos”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e que estreia em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Brasília. “O Segredo de Seus Olhos” é protagonizado por Ricardo Darín, o ator-fetiche de Campanella, que aqui está num registro diferente daquele que o transformou numa presença constante em comédias argentinas.

Como pede seu personagem, o oficial de justiça Espósito, ele tem uma interpretação mais contida e, por isso, repleta de nuances. A maquiagem contribui nas idas e vindas no tempo da narrativa, mas é o trabalho do elenco — que também inclui Soledad Villamil (”Não É Você, Sou Eu”) e Guillermo Francella (”Rude e Brega”) — que dá a credibilidade à combinação de estilos e à transição entre passado e presente.

Roteirizado por Campanella e pelo escritor Eduardo Sacheri (autor do romance no qual foi inspirado), o filme toca em feridas da história argentina sem nunca fazer destas o seu tema principal, ou sua razão de ser. Um dos tempos da narrativa é em meados dos anos 1970, quando uma moça é encontrada brutalmente assassinada. Apesar de motivações políticas serem mencionadas — “Seria ela uma subversiva?” — elas não são aprofundadas, pois o foco do diretor é outro.

O poder do amor, da obsessão e a sede de vingança são o que move os personagens. Espósito trabalha num tribunal de justiça criminal, chefiado por uma mulher, Irene (Soledad), por quem ele se apaixona platonicamente. O romance deles sobrevive três décadas depois quando, já aposentado, ele ainda visita a amiga — eterno amor — que trabalha no mesmo tribunal, onde passam horas conversando.

No presente, ele escreve um livro de ficção inspirado naquele crime, possivelmente até hoje sem solução — ou pelo menos, com uma resolução frustrada. O passado jamais descansa. Por meio de flashbacks, que entrecortam toda a narrativa, descobre-se que Espósito foi o detetive que solucionou o caso. O assassino é descoberto, mas logo ganha liberdade, pois se oferece para ser informante da polícia e fazer o trabalho sujo que a ditadura militar necessita.

“Subversivos são mais perigosos do que estupradores e assassinos”, comenta uma pessoa ligada à Justiça. Isso incomoda tanto Espósito quanto o marido da vítima (Pablo Rago, de “Apaixonados”), que todos os dias passava por uma estação de ônibus, na esperança de que o assassino, que ele sabia quem era, passasse por ali. A montagem, também assinada pelo diretor, dialoga com o passado, com a urgência da resolução do crime, e o presente, carregado da melancolia das oportunidades perdidas. Os personagens olham para trás e analisam as suas vidas e constatam que se transformaram naquilo que nunca planejaram ser.

Esse é sem dúvida o filme mais sombrio e mais interessante do diretor que, ao combinar um clima noir com um drama dos romances frustrados, é capaz de prender a atenção por mais de duas horas. Em se tratando da direção, aliás, existem algumas sequências memoráveis. Especialmente uma tensa e longa perseguição num estádio de futebol abarrotado de torcedores numa noite de jogo. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

Brasileiros mal posicionados para GP da Malásia

O piloto australiano Mark Webber conquistou a pole position do GP da Malásia no início da manhã deste sábado e larga na primeira posição da corrida, que será disputada neste domingo, às 5h (horário de Brasília), no circuito de Sepang. O treino classificatório foi conturbado por conta das fortes chuvas que atingiram o autódromo. A Ferrari não teve boa estratégia e não passou da primeira etapa da classificação: Fernando Alonso sai em 19º, enquanto Felipe Massa será só o 21º. A chuva provocou a bandeira vermelha e a paralisação da terceira e última etapa da classificação, que define as dez primeiras posições do grid.

Nico Rosberg, da Mercedes, ficou com o segundo tempo e dividirá a primeira fila no grid de largada do GP. O alemão Sebastian Vettel, companheiro de Webber na Red Bull, ocupará a terceira posição. O melhor brasileiro foi Rubens Barrichello (Williams), que cravou o sétimo tempo. Bruno Senna, da Hispania, e Lucas di Grassi, da Virgin, serão os dois últimos colocados – 23º e 24º, respectivamente. (Do Folhaonline)

Grid de largada:

1- Mark Webber (Red Bull)
2- Nico Rosberg (Mercedes)
3- Sebastian Vettel (Red Bull)
4- Adrian Sutil (Force India)
5- Nico Hulkenberg (Williams)
6- Robert Kubica (Renault)
7- Rubens Barrichello (Williams)
8- Michael Schumacher (Mercedes)
9- Kamui Kobayashi (BMW Sauber)
10- Vitantonio Liuzzi (Force India)
11- Vitaly Petrov (Renault)
12- Pedro de la Rosa (BMW Sauber)
13- Sebastien Buemi (Toro Rosso)
14- Jaime Alguersuari (Toro Rosso)
15- Heikki Kovalainen (Lotus)
16- Timo Glock (Virgin)
17- Jenson Button (McLaren)
18- Jarno Trulli (Lotus)
19- Fernando Alonso (Ferrari)
20- Lewis Hamilton (McLaren)
21- Felipe Massa (Ferrari)
22- Karun Chandhok (Hispania)
23- Bruno Senna (Hispania)
24- Lucas di Grassi (Virgin)

Giba testa 3-5-2 e aposta na garotada

Na expectativa do confronto com o Santa Rosa, na próxima quarta-feira, o técnico Giba dedicou os últimos dias a tentar reconstruir o time titular do Remo para o returno. Identificou as principais deficiências – laterais, zaga e criação no meio-campo – e busca alternativas dentro do elenco para as posições mais carentes. Surge aí a oportunidade para jogadores que andavam esquecidos ou fora dos planos. Patrick, Neto, Diego Azevedo, Levy, Marlon, Ramon, Alessandro, Héliton, Raul e Jorge Santos voltam a ter boas possibilidades de aproveitamento no campeonato. O alvo de Giba é, declaradamente, o grupo de atletas oriundos da base, pelo potencial físico que representam e que deve ser usado para renovar o fôlego do time. Giba também já anunciou a intenção de abraçar o sistema 3-5-2 como alternativa tática à ausência de laterais especialistas. Nos primeiros treinos da nova formação, Pedro Paulo apareceu como líbero, jogando na sobra, enquanto Raul se posiciona do lado direito e Jorge Santos na esquerda. Giba argumenta que Jorge e Raul já atuaram nessas funções nas categorias de base do Remo. “Como são rápidos, vamos ter uma cobertura melhor ali atrás”, acredita. O time titular passa a ter a seguinte configuração: Adriano, Raul, Pedro Paulo, Jorge Santos; Patrick, Danilo, Fabrício Carvalho, Gian e Marlon; Landu (Héliton) e Marciano. Patrick, que deixou Giba impressionado pela boa atuação nos instantes finais da partida contra o Ananindeua, virou peça-chave na nova onzena. Volante de origem, tem facilidades para atuar na lateral/ala direita e até como atacante. Aos 20 anos, o jogador voltou a treinar em janeiro, depois de passar por problemas cardíacos e ficar com a carreira ameaçada. (Com informações de Nilson Cortinhas/Bola)

Atribulações de Lennon no país do rock

Por Pedro Alexandre Sanches

O filme “Os EUA X John Lennon” estreia no Brasil com quatro anos de atraso e empacotado numa frase elogiosa da viúva do ex-Beatle, Yoko Ono: “De todos os documentários já feitos sobre John Lennon, este é o que ele amaria”. Yoko deve saber de fato o que o marido assassinado em 1980 pensaria, mas a frase usada para promover por aqui a produção de David Leaf e John Scheinfeld diz apenas metade de tudo que está em jogo. A história contada é honrosa não apenas para John, mas também para Yoko. A meta é recuperar um dado específico da biografia da dupla – o esforço do governo republicano de Richard Nixon para deportar John (e Yoko) no início dos anos 1970 – e explicar os seus porquês.

Em palavras resumidas, o britânico Lennon irritou o governo norte-americano por ridicularizar a guerra do Vietnam, fazer músicas contra Nixon, escrever letras pacifistas (tipo Give Peace a Chance) que eram cantadas por milhares às barbas da Casa Branca, aproximar-se dos Panteras Negras (ou seja, do movimento pelos direitos civis dos negros), cantar em público pela soltura de um poeta e ativista de esquerda (John Sinclair) condenado à prisão por oferecer dois cigarros de maconha para uma policial disfarçada. E, quem sabe, por fazer tudo isso incitado em certa medida por uma artista plástica vanguardista esquerdista japonesa mulher sobrevivente do bombardeio de Tóquio pelos EUA em 1945, com quem ele tivera a estranha ideia de se casar.

“Essa bruxa japonesa o enlouqueceu, ele pirou”, vocifera um homem de mídia da época, logo no início do filme. Por sua parte, o casal encena uma lua-de-mel multiétnica pública numa cama rodeada de cartazes pedindo paz (e de repórteres). Bélica diante do casal, uma jornalista diz a John que ele ficou “ridículo” e que suas ações não têm qualquer serventia para a paz.

Egresso dos Beatles, Lennon continuava sendo um herói mundial, apesar das supostas “maluquices”. Era combatido, mas continuava a ser respeitado, até certo ponto. A barra pesava mesmo era para Yoko, que aparece em dez entre dez cenas de época tentando falar e não conseguindo. Sua cabeça que balança em silêncio contrasta com os depoimentos loquazes que ela concede no presente, tentando remontar o passado. E fica evidente ao espectador (se já não estava) a feroz futilidade dos argumentos corriqueiramente utilizados para rejeitá-la, no mínimo, ou ejetá-la da história, no máximo.

Uma lista bombástica de ingredientes torna a fervura suficientemente quente: direitos humanos, racismo, misoginia, machismo, autonomia feminina (os depoimentos da feminista negra Angela Davis são eloquentes, assim como são os de personas non gratas pelo conservadorismo norte-americano como Gore Vidal, Noam Chomsky e Tariq Ali), sexo, casamentos (e filhos) multirraciais, pacifismo, liberação de drogas… Até o “ame-o ou deixe-o”, muito conhecido de certo país da América do Sul, aparece ali em versão anglo-americana, nos depoimentos de ex-agentes do FBI e que tais.

É forçoso concluir que o país que queria extraditar John e Yoko era uma nação que lutava a favor de guerra, ódio racial, misoginia, eugenia, puritanismo, mordaça. Lançado antes do advento de Obama, Os Estados Unidos Contra John Lennon deixa explícitos os paralelos que quer estabelecer entre a era Nixon e a era Bush Jr. “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, diria em tom de pergunta certa cantora brasileira, se pudesse entrar na conversa.

O melhor de tudo é que, conquistas e retrocessos à parte, Yoko “sim, eu sou uma bruxa” Ono continua por aí, incomodando onde John Lennon e Elis Regina não podem mais incomodar. Não é à toa, nem sem merecimento, que ela ama tanto esse eloquente documentário.