Não é a formação sugerida pelo escriba, mas representa um avanço substancial em relação ao cambaleante esquema 3-5-2 que o Remo vinha usando desde a sofrida vitória sobre o Santa Rosa, há duas semanas. Giba, que demonstra ter reavaliado seus conceitos sobre o time que tem nas mãos, treinou a equipe num 4-4-2 que pode migrar para 4-5-1, dependendo da situação do jogo em Santarém, domingo.
Pela primeira vez desde sua volta ao Remo, o treinador paulista opta pela escalação simples, com quatro zagueiros, que garantiu a melhor campanha na fase classificatória do primeiro turno. Deve lançar Adriano; Levy, Raul, San e Marlon; Danilo, Otacílio, Patrick e Gian; Samir e Landu.
É quase o melhor time possível do Remo neste campeonato. Ficam faltando, a meu ver, Marciano e Vélber para que o time ganhe a necessária força ofensiva. Além disso, há a carência de um volante mais a fim de executar a tarefa de marcar. Otacílio, mantido como titular, ainda não conseguiu fazer sequer uma atuação razoável no campeonato.
Sempre insistindo que poderá reutilizar o 3-5-2 nas próximas rodadas, o treinador admitiu a necessidade do 4-4-2 em função das falhas individuais verificadas no jogo diante do Independente, quando sofreu três gols em pouco mais de 20 minutos depois de ter aberto o placar.
A insegurança do setor defensivo, na visão de Giba, deve-se a erros dos zagueiros, comprometendo sua estratégia de jogo. Em comparação com a desculpa inicial das chuteiras de trava de borracha observa-se uma saudável admissão de problemas técnicos, embora relevando as desastrosas apresentações de seus volantes (Fabrício e Otacílio) naquela noite.
Com poucos zagueiros à disposição no elenco e baixíssima confiança nos suplentes, o comandante decidiu ressuscitar o sistema tradicional. Fez bem. O 4-4-2 é mais simples e prático, pois todo jogador já começa aprendendo a jogar dessa forma. Quando um treinador decide lançar mão do esquema de três beques, bate logo a desconfiança – assentada em fatos – de que o real objetivo é guarnecer a defesa.
Quase sempre, além da linha final de três, o desenho se completa com mais três volantes, além de alas que não avançam. Em resumo: oito defensores quase fixos, o que é um baita exagero para o nivelamento raso entre os times que disputam o Parazinho.
Os idiotas da objetividade gostam de eliminar a discussão sobre sistemas táticos alegando que influenciam pouco na condução de um time em campo. Em termos. Com a bola rolando, as posições deixam de ser fixas e os jogadores buscam espaço nos diversos setores do campo, mas a marcação inicial prevalece nos momentos capitais da partida. Quando atacado, um time que usa três zagueiros se defende com um trio, até porque se preparou dessa maneira. De mais a mais, só um néscio arrumaria seu time num determinado formato e esperaria que, em ação, os jogadores se posicionassem de maneira completamente diversa.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 23)