Em primeiro lugar, rejeito a expressão “torcidas organizadas”, por não acreditar que o verdadeiro torcedor precise se organizar para ir a campos de futebol. Nesses tristes tempos, são os criminosos que se organizam. No mundo paralelo das gangues – denominação mais apropriada –, o mandamento vigente significa assalto, briga e morte.
No último domingo, a cidade paulista de Jundiaí foi o novo palco de cenas de pura barbárie, depois do clássico entre S. Paulo e Palmeiras. Um torcedor palmeirense, atingido por bomba de fabricação caseira, perdeu a mão. Outro, baleado na cabeça, morreu no hospital mais próximo. Outros três torcedores do Palmeiras também foram baleados no conflito.
O registro da Polícia Rodoviária Estadual indica que mais de 200 torcedores palmeirenses e tricolores se envolveram no embate, programado com dias de antecedência através de comunidades na internet. São Paulo é, no momento, o Estado mais explosivo quanto às ações desses gângsteres, mas não é um caso isolado.
Na rodada final do Brasileiro da Série A, hordas de hooligans curitibanos invadiram o gramado do estádio Couto Pereira (já parcialmente liberado) e, em meio a um quebra-quebra nas arquibancadas e equipamentos do Coritiba, enfrentaram a força policial presente.
Em Belém, há duas semanas, chefe de facção organizada foi esfaqueado dentro de um ônibus. O ato foi uma represália por rixas anteriores nos estádios de Belém. Com o Baenão fechado para torcedores, a restrição não impediu que partida decisiva do campeonato sub-20 de 2009 tivesse uma horda de criminosos agindo nas cercanias, semeando violência e medo.
São episódios que se repetem acintosamente, escarnecendo da Polícia e desafiando a Justiça. Não há dúvida: trata-se de um movimento terrorista contra o futebol como espetáculo e entretenimento. Com a sórdida anuência de dirigentes inescrupulosos que se valem da “organização” das gangues para intimidar e calar eventuais opositores. Parcerias funestas desse tipo existem em toda parte, inclusive no futebol do Pará. Até quando?
Pedro Paulo Braga, estudante de Direito, envia comentário sobre a venda do Baenão, cuja autorização foi sacramentada ontem pelo Condel azulino: “Embora seja Paissandu, estou preocupado com o que está acontecendo com nosso ‘rival’ das quatro linhas. Sou contra a venda/troca do Baenão. A ideia seria boa se nossos ‘empregadores’ não pensassem da seguinte forma: chutar o problema pra frente, ou seja, não assinar a carteira, ou assinar pelo valor do salário mínimo, dessa forma todos os encargos sociais serão calculados pelo valor menor. Aí, o empregado vai até a Praça Brasil buscar o que é seu, com todo direito, pois tudo que é pago ‘por fora’ tem natureza salarial”, argumenta. “Prolatam que o Remo vai entrar numa nova era moderna. Como? Se o patrão pensa como senhor de engenho, não importa se ela é uma Arena moderna recém-construída ou o velho Baenão dando prejuízo. Vai ser assim hoje e daqui a 20 anos, pois é uma questão de mudança cultural nas relações trabalhistas entre o cartola e o jogador de futebol. Minha preocupação é que a Curuzu e o Souza devem ser os próximos da lista. É cultural também copiar ideias ruins”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 23)