Por Cosme Rímoli
A guerra de nervos começou. Será assim até a última lista dos convocados para a Copa da África. De um lado Ronaldo. De outro Dunga e Jorginho. Como Romário fez em 2002, o atacante corintiano espera que a força dos torcedores o leve para o Mundial.
O ex-atacante cometeu um pecado mortal. Ele traiu Luiz Felipe Scolari. Pelo menos, o treinador pensou e ainda pensa assim. O treinador havia conversado com Romário e o quanto gostaria que fosse o líder da equipe. Um exemplo a ser seguido. Mas veio a partida contra o Uruguai, em Montevidéu, pelas Eliminatórias. E amigos de Scolari garantem que o atacante acabou seduzindo uma aeromoça às vésperas do jogo. Na noite anterior. Ninguém viu, fotografou. Mas a história dominou Montevidéu.
O que importa é que Scolari soube e acreditou. Romário teve a notícia que Scolari descobriu tudo. E foi conversar com o treinador, pedir para ficar de fora da partida. Irritado, o treinador foi muito inteligente. Imaginava que, por motivos óbvios, Romário ficou sem dormir. O colocou como titular, com a tarja de líder, de representante do técnico em campo. O jogador andou, esteve irreconhecível. Foi um desastre.
E nunca mais foi chamado. O atacante tinha o apoio explícito das TVs mais poderosas, rádios e jornais. Romário chegou até a chorar pedindo sua vaga. E se desculpando. Sem nunca tocar no nome de mulher alguma ou pronunciar a palavra aeromoça. Scolari resistiu a todo tipo de apelos. E Romário teve de assistir de longe Ronaldo, Rivaldo e outros, sem tanto prestígio, ganharem a Copa.
A história parece que irá se repetir. Jorginho ironizou Ronaldo dizendo que ele, auxiliar de Dunga, se pudesse também jogaria a Copa. Fino, elegante, ele falou sem falar. Atingiu sem atingir. Dunga pensa em Nilmar, Robinho, Adriano e Luís Fabiano e, talvez, Ronaldinho Gaúcho. Talvez.
Sabendo disso, ele é muito inteligente, Ronaldo deixou vazar para a imprensa que havia acabado com as suas férias para estar em forma em 2010. Ele gastou o ano todo com seu staff particular e a barriga ficou. A barriga de Ronaldo é considerada como o motivo principal, a evidência que Ronaldo tinha outras prioridades, muito além da carreira. E só se lembrou que é um atleta agora que a Copa se aproxima.
Agora o fenomenal jogador quer que todos acreditem que em dez dias tudo mudará. Avisar que agora vai treinar foi o primeiro passo. E os jornalistas do Brasil inteiro foram avisados. Mas como o próprio Dunga disse em entrevista exclusiva: futebol é marcado por histórias repetitivas. A resposta foi a uma pergunta que comparava Ronaldo de 2010 a Dunga de 2002.
Ficou claro que o treinador tem em mente outros jogadores. Ele e Jorginho. É bom Ronaldo mudar a estratégia de Romário. Se insistir, em usar a imprensa, os torcedores, o final poderá ser desastroso para o jogador e excelente para o Brasil. Assim como foi no Mundial de 2002. Conflito à vista.
Dunga e Jorginho se mostram mais do que preparados. Só faltam gritar a Ronaldo e seus amigos. “Venhaaaaam!”.