Coluna: Critérios em descompasso

Remo e Paissandu têm adotado postura bem diferente no critério usado para contratação de jogadores. Se os azulinos são frequentemente acusados de conservadores, pela parcimônia na busca de reforços neste final de temporada, o mesmo não se pode dizer dos alvicelestes. Em pouco mais de dois meses, o clube saiu à caça de atletas com uma voracidade espantosa até mesmo para os padrões locais. 
Pelo que se sabe das decisões do setor de futebol azulino, boa parte da contenção demonstrada pelo Remo deve-se ao papel sereno desempenhado pelo técnico Sinomar Naves. Depois de assumir o comando do time no pior momento da história do clube, apeado de qualquer competição nacional e com oito meses pela frente sem agenda oficial, Sinomar dedicou-se à montagem de uma equipe modesta, baseada na prata-da-casa e em alguns poucos valores mais experientes.
Ao cabo dessa longa jornada, repleta de amistosos mambembes pelo interior e muita apreensão por parte do torcedor, o Remo limitou-se a fazer oito contratações (Wagner Bueno, Paulinho, Samir, Renan, Danilo, Diego, Rodrigo e Fabrício).
O que parecia comedimento excessivo começa a adquirir feição de atitude centrada e segura. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Continuo a achar que o Remo está demorando em resolver problemas crônicos, como a carência de armadores especialistas e atacantes de ofício. Precisa, também, de mais um zagueiro experiente e um lateral-esquerdo.
Apesar disso, salta aos olhos que os passos dados pelos remistas são muito mais firmes do que a trajetória em ziguezague que o Paissandu vem experimentando desde que trouxe Nazareno Silva e um inacreditável pacote de 26 jogadores contratados (vários já descartados pelo caminho).
A providência divina entrou em cena e a saída do treinador, por força do tropeço no clássico, dá ao clube nova chance de corrigir os rumos a semanas da estréia no certame estadual.
 
 
Os muitos pontos nebulosos da proposta de compra do estádio Evandro Almeida pelo consórcio Agra/Leal Moreira continuam a chamar atenção de conselheiros e associados do Remo. Um item dos mais contestados é o que estipula em R$ 200,00 o metro quadrado construído na futura Arena do Leão – por ora, em local incerto e não sabido. Engenheiros e construtores experimentados asseveram que, por esse valor, só seria possível fazer caixas de areia.
A promessa de um centro esportivo dotado de três campos de futebol, piscina térmica e diversos outros serviços, retratada na exposição virtual feita para os conselheiros do clube, fica inteiramente inviabilizada por preço tão depreciado e fora da realidade. Para se ter idéia do tamanho do disparate, o preço médio do metro quadrado praticado na Região Metropolitana de Belém gira hoje em torno de R$ 2.200,00.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 15)

13 comentários em “Coluna: Critérios em descompasso

  1. Gerson, não consigo entender, como vcs da Imprensa, falam a toda hora que o Remo está precisando de um Meia, de um Atacante, de um Zagueiro….. e, nunca falam que o Remo está precisando sim, mas de um Treinador Rodado, para só então esses jogadores serem contratados. No site do Remo(que tenho raiva até de acessar), tem uma enquete, que pergunta o que o Torcedor pensa que está faltando para o Remo contratar(mas, quem vai contratar?) e, cita: um Atacante,… . Gente, pelo amor de Deus, vamos atentar para uma coisa: PRIMEIRO SE CONTRATA UM TÉCNICO BOM, DEPOIS SE CONTRATA JOGADORES. Esse tipo de pensamento, só existe em futebol Pelada(a exceção, aqui no Columbia). Gerson, Remo e Paysandu, não podem se projetar, para ganhar jogos um do outro, ou para 1 ano só. Tem que se Projetar para no mínimo 3 anos e, esse tipo de planejamento, TEM QUE PASSAR POR ESSE BOM TÉCNICO. Esse pensamento da Imprensa e de todos os Diretores de Futebol do Estado, já acontece a anos e, será que não aprenderam? Ora bolas, tem que contratar um MATADOR, sim mas quem vai contratar? O louro? o Sinomar? o Abelardo? o Amaro? o LOP? A Imprensa? Por esse pensamento de vcs, pergunto: Pra que serve o Técnico? Pra nada? Técnico não ganha jogo?… Pelo amor de Deus Gerson, atente, mais uma vez pra isso: REMO E PAYSANDU, TEM QUE SE PLANEJAR POR PELO MENOS 3 ANOS, PRA GANHAR TÍTULOS, SUBIR DE DIVISÃO E, SEMPRE ESTAR ENTRE OS PRIMEIROS EM QUALQUER COMPETIÇÃO E, NÃO É TÉCNICO LOCAL QUE VAI CONSEGUIR ISSO. PELO AMOR DE DEUS EU PEÇO. Ufa, cansei.

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  2. Bom dia Gerson Nogueira e amigos do Blog;
    Concordo com o Claudio no que diz respeito a planejamento, ferramenta tão importante que faz parte, inclusive, da grade curricular de muitos cursos de graduação em nível superior, mesmo assim, rejeitada por quem se mete à administrador, porém, à moda antiga; no entanto caro Claudio, quero só fazer um lembrete que num planejamento de futebol, seja qual for a duração, até mesmo no curtíssimo prazo, todos são importantes. O Técnico e sua CT, são elementos de uma cadeia empresarial que se propõem a proporcionar lazer, satisfação e bem estar a milhões de clientes(torcedores), mundo afora; enquanto os clubes não entenderem isso e profissionalizarem suas administrações, vão continuar olhando para apenas UM elemento dessa cadeia produtiva, neste caso o Técnico, como o MAIS importante, o Salvador da pátria, o SUPER SUPER, é por isso que temos Egos inflados(figuras arrogantes e presunçosas, não sei se dá para perceber Murici Ramalho e Luxemburgo representando essa legião), salários inflacionados e clubes quebrados.
    Quando vejo, leio, ou ouço dizer que, time tal vai trazer um técnico de peso, de renome, prá botar ordem na casa, fico a matutar comigo mesmo: “Que tiro no próprio pé este caboclo está dando, está passando atestado de incompetente, desorganizado, sem moral(pois está contratando alguém prá botar ordem na cada dêle), e coisas desse gênero”; aí então, faço analogia à vida política do nosso país, quando um político vence uma eleição e chega ao Executivo, isso acontece em todas as esferas, chama logo prá Ministro ou Secretário de Saúde(por exemplo) o melhor médico que ele conhece, de quem muitas das vêzes é paciente; no moral da história, a comunidade perde o melhor médico e ganha um péssimo Ministro/Secretário, afinal, ele estudou, aprendeu e sabe cuidar dos males do organismo humano, não das finanças e administração da vida de milhões de pessoas e suas interfaces.
    No futebol não é diferente, um clube bem administrado, utilizando as ferramentas da gestão moderna, eliminará essa dor de cabeça na hora de substituir seus comandantes técnicos, quando precisar oxigenar o sistema.

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  3. Amigo Gerson. Lembrando os bons textos da CRONICA esportiva relembro o saudoso Geraldo Romualdo da Silva.
    ” Fundar um clube é criar uma pátria. Comparação que se identifica e se justifica por quase tudo. Os mesmos anseios, as mesmas lutas, as mesmas desventuras e ainda as mesmas alegrias. Um clube representa soma interminável de dedicação – dedicação que ergue estoicamente os alicerces de um futuro luminoso. Pátria e clube significam batalhas afins, iguais dissenções e conflitos parecidos.
    Há bandeirantes pelo destemor e há os que esperam placidamente pelo aplainamento do terreno. O que enfrentam a fúria medonha dos elementos e os que se defendem cuidadosamente á sombra das arvores e dos acontecimentos. É interessante observar que Pátria e clube tem origens parecidas. Filhos da aventura e produtos do heroismo, não é sem sacrifício que atingem o ponto desejado até que o mastro da libertação se levante e se enfune a bandeira do grande ideal de descobrir e depois construir. ”
    E assim escreviam os cronistas .

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  4. Silas;
    Concordo com você, suas colocações seguem na risca a sistemática de Liderança. Os nossos Clubes estão acamados justamente por ausência dela. Cúpula fraca, sempre buscam em um treinador não somente a solução dentro das quatro linhas, mas tembém em administrar conflitos pertinente ao escopo gerêncial. Por outro lado, um treinador tido como de “Peso”, percebendo a fragilidade do comando piramidal se aproveita da situação para transformar o cenário de acordo com as suas conveniências. E, em pouco tempo, o que apenas era uma brisa, logo se transforma em um ciclone quase que irremediável, se levarmos em conta a inabilidade daqueles que estão no ápice da pirâmide.
    Leão Azul e Paysandu sempre estiveram acometidos dessa anomalia, mas vale ressaltar que hoje, a coisa chegou ao nível insuportável, exigindo ações mais representativas por parte das duas torcidas nas arquibancadas, porque é de lá, das arquibancadas, que o “comando” tem algum receio. Mas, diferentimente disso, alguns acham que não indo ao estádio propositalmente conseguirão fazer algum tipo de pressão, enganam-se.
    Como historicamente as mudanças nos nossos Clubes ocorrem em função das contradições sugeridas apartir dos antagonismos entre Cúpula X Torcidas no processo de formação do elenco, fico no aguardo e com esperança de dias melhores, times melhores e muitas alegrias com o Leão em2010.

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  5. Concordo com o Sr. Claudio Santos. Apenas daria destaque para o seguinte. Planejamento, seja a pequeno, médio ou longo prazo passa, tambem e principalmente, por finanças (leia-se balanços anuais positivos (+)) o que não é o caso da dupla RE x PA. A matemática é exata, não mente. Enquanto os gastos forem de valores maiores que as arrecadações, se continuará no vermelho. O que contradiz frontalmente todos os preceitos da boa administração seja em qualquer ambito.Em 15.12.09, Marabá-PA.

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    1. Luis Sergio e os titãs de Belem com apoio de unimed, cerpa, governo do estado ainda estaum em fase falimentar..é incrivel isso…e o Tourinho que parte da imprensa (95%) criticou tanto é visto como o salvado da patria, ops, dos clubes do Pará…..

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  6. Silas, Sérgio e Luiz, Quando falo em Planejamento, amigos, estou falando em planejar o Time de Futebol e, não um todo, pois Remo e Paysandu, são capazes de se planejar (e eu ja falei isso aqui e, vou mostrar, abaixo), com uma folha salarial, baixa ( 150 a 200 mil, por exemplo), só que, até para se trabalhar com os pés no Chão, tem que se ter competência. O Time do Paysandu, Campeão brasileiro de 2001, tinha: Cláudio Gavião, Um volante, que não me recordo o nome(Castanhal), Valentin( ou seja, uma folha baixa, para a grandeza do Papão), mais tinha o Pincipal: O Técnico-Givanildo Oliveira. Outro exemplo, é o Águia, que todo mundo elogia, mais não consegue entender, que o sucesso do Águia, é atribuido ao seu grande Técnico João Galvão( Tire ele e coloque outro daqui pra ver) e, por aí vai… .

    Tribuna do torcedor
    31/10/2009 · 20 Comentários
    Por Cláudio Santos
    DE PARTE DO MEU COMENTÁRIO
    “O que muita gente não tem coragem de d’izer, ou não sabe dizer, digo agora o que penso para Remo e Paissandu fazerem times com pés no chão, com uma folha de 150 mil: contratem primeiramente um bom técnico, na faixa de 60 a 70 mil: Roberval Davino, Edson Gaúcho, Vica, PC Gusmão.., de posse de um bom técnico, este fará com que Mael, Paulo de Tárcio, Dadá, Ednaldo, Heliton, Diego Azevedo, San, Michel, Bernardo, Ademilton, Moisés e outros jogadores baratos, a que vocês se referem, renderem o que se espera de um bom jogador. Esses jogadores tem potenciais, só precisam ser melhores orientados. Agora sim, defendi o falado pés no chão, mas mostrando, na minha opinião, como se faz. Assim não é melhor? Quem contrataria? No Remo, Tonhão ou Jones Tavares; no Paissandu, se tivessem humildade e pensassem mais no clube era só consultar o Tourinho”.

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  7. Bom dia gerson,…não quero duvidar do que você fala,…mas…quando o presidente Amaro klautal informou que havia uma construtora interessada no Baeão,todos foram descretes e fizeram chacota do Amaro, agora a Leal moreira e Agra incorporadora mostrou o projeto,é uma proposta todos os comentáristas,narradores,setoristas,conselheiros entendem de trasação imobiliária,…sabe o que está parecendo…que esses comentários estão direcionados aos conselheiros que são contra a proposta,…eu só não vejo o mesmo empenho da midia quando a sede vai a leilão,bloqueiam 100% das contas do clube,que por ironia são os mesmo conselheiros que são contra que fizeram essa bola de neve
    É não vi ninguém perguntar aos que são contra o que vão fazer para reformar o estádio Baenão
    pois o campeonato está logo ali.

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  8. CONTINUAM OS REFLEXOS DO RE-PA:

    Quem diria, Gerson, o Sinomar, que estava demissionário, agora é um treinador “centrado” e “seguro” segundo você. O Remo, que vinha fazendo tudo errado, em 6 meses ainda não tinha time nem esquema, agora está numa “trajetória segura”. Tudo por causa da vitória enganosa do Re-Pa.

    A cada dia vejo como foi bom para o Paysandu ter perdido e como foi mau para o, agora endeusado Remo, ter vencido. Uma vitória que ainda será lamentada por muito tempo…

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    1. Cleiton,
      Caso leia com um mínimo de frieza, perceberá que o texto relativiza esse novo status do Sinomar. E chama atenção para o perigo justamente de se fazer avaliação apressada sobre a parcimônia do Remo em reforçar seu time.

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