Coluna: Com todos os méritos

Quiseram os deuses da bola que os gols do título inédito ao S. Raimundo viessem dos pés de Michel e Rafael Oliveira, justamente os mais habilidosos da equipe – e, ao mesmo tempo, dois renegados que aproveitaram a Série D para se reconciliarem com o futebol. Michel virou o artilheiro da competição e Rafael tornou-se um atacante fundamental no esquema montado por Lúcio Santarém.

Do jogo de ontem, no estádio Barbalhão, pode-se dizer que foi nervoso, emocionante e pontuado de erros, como costumam ser as decisões. Raramente, o futebol registra decisões de campeonato tecnicamente irrepreensíveis. Em geral, a transpiração é muito maior que a inspiração.

Apesar disso, S. Raimundo e Macaé fizeram um combate empolgante, onde não faltou equilíbrio e entrega, do começo ao fim. No primeiro tempo, o nervosismo quase desfigurou a equipe santarena, ao ponto de esmorecer até o torcedor que lotava as arquibancadas. A primeira oportunidade clara de gol só foi aparecer nos instantes finais, através de Rafael Oliveira.

Depois do intervalo, veio o susto. Quando mais se apossava do jogo, atacando com consistência, o dono da casa foi surpreendido em rápido contragolpe dos visitantes, pelo lado direito do ataque. A bola ainda resvalou na zaga e se ofereceu livre para o atacante adversário finalizar.

Ali, aos 16 minutos, surgiu a grande encruzilhada da vida do S. Raimundo. Poderia ter sucumbido ante o desafio de precisar virar o marcador ou partir, determinado, em busca do resultado que interessava. Optou pela segunda alternativa e não mediu esforços até conseguir seu intento.

Para isso, contou com o ânimo dos jogadores e o apoio decisivo do torcedor. Mais ainda: aproveitou-se do cansaço do Macaé, que se arrastava em campo a partir dos 30 minutos. No ataque a todo instante, o S. Raimundo acabou recompensado. O chutão para a área que iniciou o lance do primeiro gol foi aparado por Rafael Oliveira, que deu um passe, de cabeça, para a finalização de Michel.

O Macaé nem teve tempo de tomar fôlego. Três minutos depois, novamente Rafael aparecia, desta vez para finalizar frente a Lugão, com uma cavadinha sutil. Gol que garantiu uma vitória que esteve longe de ser tranqüila e coroou uma campanha exemplar.

 

Em meio às comemorações de um título brasileiro é normal que os protagonistas não lembrem de todos os construtores da obra. Cá de fora, cabe registrar o papel importantíssimo que três outros técnicos tiveram para o desfecho vitorioso, já sob o comando de Lúcio Santarém. Artur Oliveira e Carpegiane treinaram o Pantera em momentos importantes da disputa e têm méritos por isso.

Mas, acima de todos, paira a figura de Valter Lima, que montou as peças que serviram de alicerce para o S. Raimundo atual. Foi sob sua liderança que o time conquistou o vice-campeonato estadual e deu os primeiros passos na Série D. Não pode ser esquecido e está entre os baluartes desse feito histórico.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 2)