A Secretaria de Estado Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop) apresentou na manhã desta sexta-feira (26) o projeto de reforma do estádio Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão, que será fechado em novembro próximo e ficará em obras por um ano e meio.
Participaram da reunião com autoridades do governo os presidentes dos 10 clubes que disputam o campeonato Paraense, além de representantes da Federação Paraense (FPF). A obra terá custo de R$ 155.801.387, 73 milhões.
Uma das novidades da proposta apresentadas é a colocação de assentos com encosto, para diminuir o número de pessoas nas arquibancadas. A capacidade será aumentada dos atuais 42 mil lugares (com restrições) para 53.645 lugares.
O anel das cadeiras será fechado, aumentando a capacidade de público. O gramado será totalmente refeito. O estádio ganhará novas bilheterias e os estacionamentos internos não serão mais abertos para torcedores. A pista de atletismo terá um novo piso.
A estrutura das cadeiras ficará próxima da margem da pista de atletismo, permitindo que o torcedor fique mais próximo ao campo de jogo. O estádio apresentava problemas nos últimos anos, com rachaduras e queda de placas nas estruturas interna e externa. O projeto tem início previsto para novembro de 2020 e entrega agendada para julho 2022.
O Campeonato Estadual está bem perto de uma definição. O encontro previsto para a manhã de hoje entre o governador Helder Barbalho, os presidentes de clubes e representantes da Federação Paraense de Futebol deve sacramentar a aprovação do protocolo de segurança para a volta dos jogos e a data de reabertura da competição.
Ontem, durante reunião no Ministério Público do Estado, em torno do protocolo de treinos e jogos, teria sido revelado pelo diretor da FPF, coronel Cláudio Santos, o dia 12 de agosto como provável data dos jogos da 9ª rodada do Parazão, marcando o reinício do campeonato.
Essa revelação, divulgada pelo presidente do PSC, Ricardo Gluck Paul, não foi confirmada por Cláudio em declaração prestada à Rádio Clube do Pará. Não falou sobre a obrigatoriedade de participação de todos os clubes no torneio, também citada por Ricardo.
Apesar dos muitos pontos de discórdia esboçados nas reuniões feitas pela FPF e clubes, é natural que a federação tenha em mente uma data para recomeçar o campeonato. Afinal de contas, a entidade existe para isso: organizar e cuidar da realização das competições.
Estranho seria se a FPF estivesse alheia à necessidade de estruturar as condições necessárias para que o certame estadual recomece ainda em agosto, após as sete semanas previstas para treinos e preparação dos clubes.
Os pontos que geram dúvidas se referem ao pagamento das despesas com os jogos. Cada partida deve custar aos clubes mandantes cerca de R$ 10 mil, valor considerado proibitivo diante da ausência de receita, visto que os jogos não terão cobranças de ingressos.
Há a expectativa de que a novela que mexe com corações e mentes da torcida paraense finalmente ganhe um desfecho nesta sexta-feira. É bem provável que a FPF, após aprovação pública do protocolo pelo governador, anuncie a data oficial de reabertura do campeonato, 9 ou 12 de agosto.
Na mesma ocasião, o governo do Estado irá apresentar o projeto da obra de revitalização do estádio Jornalista Edgar Proença, cujo início deve ocorrer somente depois do encerramento do Parazão.
Direto do blog campeão
“De antemão ressaltando meu profundo respeito ao contraditório, declaro pensar quase 100% diferente do amigo George Carvalho (cujo comentário foi publicado na coluna de ontem). Diminuir as cotas de patrocínio do Parazão em nada ajudará com mais recursos à saúde e educação, pois essas estão diretamente ligadas ao Orçamento Fiscal. Por enquanto, o grande problema das duas maiores secretarias estaduais estão lá em Brasilia, desde quando foi parida a tal de ‘PEC do Teto’.
A ideia de proibir inversão de mando de campo é providência urgentíssima, apesar de ir contra a volubilidade argentária da FPF. Todavia, fixar idade para o exercício de qualquer profissão é coisa que nem o Duce ousou; assim como obrigar que egressos da base tenham prioridade na escalação das equipes é absurdo capaz de dispensar a presença de treinadores futuramente. Enfim, má gestão não se cura com autoritarismo ou punitivismo nos moldes herdados do medievo, mas com mais democracia e transparência na perspectiva da purgação do atraso”.
Jorge Amorim, sobre a ajuda que o governo do Pará dá aos clubes
Cenografia da emoção ou teatralização do aplauso
Fiquei abismado ao receber uma matéria sobre a ferramenta criada para que o torcedor tenha uma nova experiência ao ver seu time em campo, mesmo não estando presente ao estádio. A empresa que está faturando com isso tem como embaixadores os ex-atletas Rivaldo e Berbatov.
O campo de experiências é a atual retomada dos campeonatos europeus, como La Liga e Premier League. Como as partidas de futebol estão acontecendo em estádios sem público, a preocupação é manter viva a emoção dos torcedores através das transmissões na TV.
A grande sacada da engenhoca é um equipamento que simula sons e reações das torcidas. Entre as 12 opções disponíveis estão: o pontapé inicial, faltas mais duras, vaias, comemoração de gol e o apito final.
A modernidade é uma cornucópia de surpresas.
O legado de marra e autosuficiência de Luxa no Real
O jornalista Rafa Cabeleira, do jornal El País, ao comentar a postura oblíqua de Quique Setién no comando do Barcelona, utilizou a passagem de Vanderlei Luxemburgo pela Real Madrid como exemplo (negativo) de técnicos que chegam prometendo glórias e páginas na história do clube.
É interessante a imagem que Luxa deixou por lá. “Pelo menos à distância, tinha a autoconfiança própria de um deus, a tal ponto que não hesitou em se apresentar nas coletivas de imprensa vestindo uma jaqueta jeans de acomodação duvidosa das zonas nobres de Chamartín”.
Cabeleira relembra também a entrevista que o treinador deu a O Globo dizendo que nasceu para vencer e tecendo loas aos profissionais do Brasil. “Na Europa, eles não estão acostumados a trabalhar como nós. No Brasil somos competentes, somos especialistas em futebol”.
Luxemburgo ficou menos de um mês no Real, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, realizando 45 partidas à frente dos galácticos.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 26)
Há 56 anos, os Beatles lançavam nos EUA “A Hard Day’s Night”, seu terceiro disco de estúdio. Foi divulgado, no auge da Beatlemania, junto com o filme de mesmo nome, dirigido por Richard Lester. Traz só músicas de Lennon e McCartney, sem covers ou colaborações de George Harrison.
Dona Rosinha era nossa vizinha, no casarão da frente.
Daqueles com janelas altas dando pra rua. Um portãozinho abrindo para uma ampla varanda que se afundava até o quintal de trás. Uma porta de uns quatro metros de altura, entrada pra sala enorme, sempre fresca, porque protegida do sol, pé direito de catedral. Móveis dos anos 40, toalhas com crochê.
Mas a vida era na cozinha. Ela me chamava na rua, “Andrezinho, venha comer um bolinho!”.
Era lá que ela, dona Meninha, e Maria me serviam bolinhos de laranja com cobertura de raspa de coco e leite com groselha. Que era produzida no galpão ao lado, Fábrica de Bebidas Orlando, da família dela.
Cresci vizinho de uma fábrica de refrigerantes. Passeava livremente no meio dos tonéis de xarope e esteiras rolantes, centenas de garrafas de Gengi-Birra e Orlan-Cola recebendo tampinhas.
Era de casa. Era da família. Os dois netos de dona Rosinha moravam em Campinas. Virei sobrinho-neto adotado, mesmo com minha avó de verdade morando na parte de baixo do nosso sobrado.
(Francisca Sajovic Forastieri me adorava, único neto até poucos meses antes da sua morte, quando eu tinha 14 anos. Sua presença doce, elegante, resignada me conforta, talvez minha mais forte impressão de amor incondicional.)
Dona Rosinha era pequenita, um palito, e elétrica. Tinha a mais tradicional escola de datilografia da cidade, onde era a única professora. Estudei lá por quase um ano. Meu pai zombava, dizia que só um aluno tinha demorado mais para fazer o curso do que eu, o então prefeito da cidade…mas aprendi bem. Sou rápido nas teclas. Não tanto quanto ela.
Era no centro de Piracicaba, uns sete quarteirões de casa, no alto de um sobradinho. Umas 20 máquinas talvez. Eu ia a pé, 12 anos, às vezes direto da educação física no campo do XV de novembro, todo sujo de jogar bola.
Do lado ficava a melhor fornida revistaria da cidade, a Distribuidora Gianetti. Lá comprei uns 90% dos gibis mais importantes da minha vida, os lidos entre os oito e catorze anos. E muitos li de pé lá mesmo, que o dono liberava, sabia que eu era cliente fiel.
Uma ver por mês, por aí, minha mãe ia visitar as cunhadas de dona Rosinha, e vira e mexe levava. Na casa de Heleninha e Belica Canto tinha um cachorro amedrontador, que sempre cheirava minhas as partes, e a eterna empregada delas, Neguinha, filha de escravos que cuidou das duas quando pequenas, e seguiu cuidando até elas passarem a cuidar dela, até sua morte.
Neguinha sempre fazia gelatina pra mim, quando sabia que íamos aparecer, e em vez de “Andrezinho” me chamava de “Minino”. Meu pai tratou, não me lembro do quê, e descobriu o nome verdadeiro dela, que me contou, e esqueci.
Minha mãe acreditava muito em cuidar dos outros, em estar presente. Para os parentes e amigos que estavam longe, ligava regularmente. Fazia umas visitinhas pra quem estava perto, e levava o filho único junto. É forte parte da minha infância, as conversas, os aromas, o carinho.
Eu cresci em mundo assim, que não existe mais. Protegido, educado, amado por tias. Tia isso, tia aquilo, tias-avós, tias de adoção. Mães e tias dos meus amigos. Primas da minha mãe. Minha tia queridíssima, a mais próxima até hoje, Lourdes Maria.
Quando dona Rosinha fechou a escola, bem velhinha, ganhei de presente uma das máquinas. É uma Remington 1927, que levei para São Paulo, usei pra fazer os trabalhos de faculdade, e onde escrevi o currículo inventado que garantiu meu primeiro emprego.
Está um pouco enferrujada e empoeirada, mas bem-guardada – como minhas lembranças.
O PRIMEIRO JORNALISTA QUE EU CONHECI
Foi o Cecílio Elias Neto, editor do Diário de Piracicaba. Grande memorialista da cidade, escreveu o dicionário definitivo do piracicabanês, “Arco, Tarco, Verva”. Ele escreveu esse artigo sobre a Dona Rosinha.
OUÇA
O novo podcast dos amigos progressivos! Que, como sugeriu um ouvinte, devia mudar de nome pra Febeapá. Que encaixa certinho com nossas iniciais, e temos tradição em festival de besteiras. Dessa vez o tema foi “como eu não conhecia essa banda!”. Os camaradas capricharam. Tem até post-rock de Wuhan!
Eu fui de duas canções queridas aqui da casa, sendo uma de um cara até célebre, mas que eu só conhecia de dois hits chiclete. É um calipso de Harry Nilsson, que botou John Lennon no crime na famosa “Lost Weekend” do Beatle: um ano e meio de sexo, drogas e rock´n´roll, longe da maleta Yoko.
Na foto, os dois mais Alice Cooper, Mickey Dolenz dos Monkees, e uma moça que não ligava pra más companhias.
RENDA BÁSICA SALVA VIDAS
Você precisa entrar nesta campanha pela extensão do auxílio até o final do ano. Porque a pandemia vai longe. Mesmo o povo doido tocando o fôda-se. E porque Bolsonaro diz que vai pagar no máximo R$ 300 por mês até agosto. Vai lá. Assine. E se informe sobre Renda Básica Universal. O Brasil precisa.