“Não existe Bolsonaro ‘paz e amor’. Existe um Bolsonaro com ‘medo e pavor’. Bolsonaro está afundando numa gestão trágica e com sua família envolvida em escândalos. Ele sabe que a delação de Queiroz derruba o governo”.
No final do dia de ontem o repórter da CNN Brasil Daniel Adjunto relatou que Fabrício Queiroz está pensando em uma delação premiada. Queiroz, por tudo o que se viu depois de sua prisão, não era apenas operador de rachadinhas, mas o tesoureiro da família Bolsonaro. O dinheiro operado por Queiroz, como mostrou o MP do Rio, vinha de diversas fontes. O tesoureiro recebeu, por exemplo, R$ 400 mil de Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, chefe da milícia Escritório do Crime, envolvido no assassinato de Marielle Franco. Adriano, que era um arquivo vivo, foi fuzilado por policiais.
Mas o que pode contar Fabrício Queiroz?
Engana-se quem pensa que a lama que escorre em Flavio Bolsonaro não tem nada a ver com o pai. Fabrício Queiroz depositou dinheiro na conta da primeira dama Michele Bolsonaro. É aqui que as histórias sem juntam.
Isso porque o dinheiro não era de Michele, mas do Jair, como o próprio presidente declarou. “Eu podia ter botado na minha conta. Foi para a conta da minha esposa, porque eu não tenho tempo de sair. Essa é a história, nada além disso.”
Jair alegou um “empréstimo” que teria feito a Queiroz, sem mostrar provas disso (empréstimos precisam ser declarados no IR).
Em se confirmando que Queiroz era o operador de um esquema ilegal que faturou milhões de reais, teremos o presidente da República que afirma que recebeu dinheiro do operador desse esquema, sem comprovar, até agora, o motivo.
Os Bolsonaro defendem as milícias há muitos anos. Flavio queria até mesmo legalizá-las. Jair disse que eles faziam a “segurança das comunidades”, em um tom que fazia parecer que criticar milicianos era injusto.
Na fala pública acima, o presidente praticamente descreve a máfia italiana: um grupo armado que “organiza a segurança da vizinhança” em troca de dinheiro – me pague para que eu não faça mal a você. Extorsão pura, um dos mais antigos crimes das máfias mundiais.
Milícia não é segurança comunitária, milícia é crime.
Em uma decisão torta, o Tribunal de Justiça do Rio deu a Flávio o foro especial. A manobra tem tudo para ser derrubada. A quadrilha (de festa junina, bem entendido) ganhou tempo, mas as investigações estão muito avançadas para serem destruídas agora. A mulher de Queiroz segue foragida. O medo do tesoureiro é que ela seja presa. O jornal Valor Econômico apurou que um emissário de Márcia Oliveira de Aguiar, falando também em nome da filha dela com Queiroz, Nathália, foi enviado a dois escritórios de advocacia do Rio de Janeiro para sondar uma delação. E de quem Nathália foi funcionária fantasma? Do Jair.
O suposto esquema criminoso que desviava recursos da saúde do Rio de Janeiro e levou à prisão o marido da piloto Bia Figueiredo também operou na Secretaria de Esporte do Rio, de acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que embasou a operação Pagão. De acordo com o Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC), pessoas ligadas ao ex-deputado estadual André Lazaroni (MDB), então secretário de Esporte, sacaram mais de R$ 140 mil na boca do caixa, em pequenas operações, das contas de uma empresa que recebia recursos da secretaria.
Um ex-assessor de Lazaroni foi preso na quinta (26). O ex-deputado segue influente no esporte do Rio. Este mês, outro ex-assessor dele foi nomeado pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) como subsecretário do Legado Olímpico.
O esquema denunciado pelo MP era comandado pelo médico Juracy Batista, sogro de Bia Figueiredo, e diretor-presidente do Instituto dos Lagos Rio, uma organização social (OS) que opera equipamentos públicos de saúde e recebeu ao menos R$ 650 milhões do governo do Rio, de acordo com o MP. Parte desses recursos foi desviada pela empresa F71 Serviços e Comércio, que por sua vez repassou mais de R$ 1,5 milhão a Bia Figueiredo.
A cúpula da OS era formada por Juracy e seus filhos, incluindo Fábio, marido de Bia. O terceiro da hierarquia da OS era Sildiney Gomes, um funcionário concursado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) que antes havia sido assessor parlamentar dos deputados estaduais Noel de Carvalho e Geraldo Moreira.
“Não consigo mais lidar com isso. Recusei a oferta”.
Foi assim, sem florear nada, que Jurgen Klopp informou a Hans-Joachim Watzke, homem forte do futebol do Borussia Dortmund, que havia declinado uma proposta oficial do Manchester United. Era 11 de abril de 2014, e o técnico alemão estava no topo da lista para substituir David Moyes em Old Trafford.
Mais de seis anos depois, o mesmo Klopp que recusou assumir o maior campeão inglês – ok, talvez nem tanto o mesmo – foi às lágrimas ao vivo na Sky Sports ao encerrar a fila de 30 anos do Liverpoolsem o maior troféu nacional. Um técnico que escolheu a hora de ir à Premier League. E mais: escolheu o clube.
Abaixo, o ESPN.com.br detalha bastidores do acerto do “Normal One” com os Reds. As histórias fazem parte do livro “Klopp”, biografia do treinador traduzida e publicada pela editora Grande Área no Brasil.
FILA DOS PRETENDENTES
O interesse do United em Jurgen Klopp era concreto, a ponto de Ed Woordward, executivo do clube inglês, voar até a Alemanha para se encontrar com o então treinador do Dortmund. A reunião durou algumas horas, mas o discurso do cartola não cativou o pretendido.
Só que os Diabos Vermelhos não estavam sozinhos na briga. Após recusar a mudança para Old Trafford, Klopp recebeu uma sondagem forte do Manchester City (bem antes da chegada de Pep Guardiola) e também foi procurado pelo Tottenham, clubes que mais tarde seriam seus grandes adversários nas maiores conquistas pelo Liverpool.
O técnico, ciente do poder que tinha em mãos, preferiu comentários vazios ao falar de uma possível ida para o futebol inglês: “Se alguém me telefonar, discutiremos a possibilidade”.
O INTERESSE DO LIVERPOOL
E alguém telefonou…
No começo da temporada 2015-16, com Klopp já livre do compromisso que tinha com o Dortmund, o Liverpool jogou as cartas na mesa. Os dirigentes dos Reds procuraram Marc Kosicke, agente do treinador, para questionar se haveria o interesse em uma conversa.
Era a segunda abordagem do Liverpool sobre Klopp. A primeira, em 2012, para a vaga da lenda Kenny Dalglish, acabou em fracasso. Desta vez, porém, não parecia haver qualquer problema para o casamento acontecer.
“Foi uma decisão fácil e relativamente simples. Estávamos considerando alguém que tivesse experiência e sucesso nos mais altos níveis. Jurgen havia conseguido isso em âmbito local. Acho que suas credenciais como um dos melhores, se não o melhor, eram evidentes para todos”, explicou Mike GordOn, presidente da FSG, parceira do Liverpool, em depoimento ao biógrafo do treinador.
Antes de levar a conversa adiante, o Liverpool fez uma pesquisa profunda sobre os antecedentes de Jurgen. Foi até o Mainz, onde ele virou treinador, e bateu na porta do Dortmund também. As referências eram as melhores, o que permitia avançar a conversa. Faltava o “olho no olho”.
O ENCONTRO SECRETO
O primeiro encontro entre Klopp e os cartolas do Liverpool aconteceu em 1º de outubro, em Nova York. Já com inglês na ponta da língua, o treinador partiu para se encontrar secretamente com John Henry, proprietário da FSG, e Tom Werner, presidente do clube.
A ideia era que ninguém soubesse da reunião, mas dois momentos quase atrapalharam. Na sala de embarque, Klopp, tentando despistar a curiosidade de um comissário da Lufthansa, disse que iria ver um jogo da NBA (que sequer havia começado). Já em Manhattan, o técnico foi reconhecido por um recepcionista do hotel, nascido em Mainz.
Mas nada disso atrapalhou. Klopp, seu empresário e os dirigentes tiveram duas longas conversas, em que o técnico brilhou. Falou da sua visão de futebol, compartilhou o que pensava de Anfield e projetou como seria a coligação entre seu estilo de time e a energia da torcida.
“Estava claro que era a pessoa certa. Por isso decidimos discutir os detalhes do contrato, e foi aí que Jurgen pediu licença e se ausentou”, lembrou Gordon.
Enquanto seu empresário acertava as bases do contrato, Jurgen caminhava solitariamente pelo Central Park. Mal sabia ele que, menos de uma semana depois, estaria sendo apresentado em Anfield Road, para uma história apaixonante de amor e devoção a um clube histórico.
Foram 1.721 dias de trabalho até a conquista da Premier League, uma temporada depois de levantar a Champions League e sete meses após o título do Mundial de Clubes. Jurgen Klopp era o homem certo na hora certa. E, mais importante, no clube certo.
O Ministério Público do Rio de Janeiro e a defesa de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, atualmente senador, estão negociando um acordo de delação premiada. De acordo com fontes envolvidas na investigação, a maior preocupação de Queiroz é com a família dele.
Ele quer garantias de proteções no processo para a mulher, Márcia Aguiar de Oliveira, que está foragida, e para as filhas, Nathalia Mello e Evelyn Mello, todas investigadas no “esquema da rachadinha”, prática em que os funcionários dos gabinetes devolvem parte de seus pagamentos a políticos e assessores. Queiroz também pede para que cumpra prisão domiciliar.
A negociação está arrastada porque os promotores querem garantias que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro tenha informações novas para apresentar e não apenas relatar fatos que a investigação já conseguiu remontar. Queiroz está bastante preocupado que as filhas venham a ser presas e que Márcia seja localizada. Ela está foragida desde o dia 18 de junho e os agentes já fizeram buscas em 12 endereços diferentes para tentar encontrá-la.
Márcia, Nathalia e Evelyn, assim como o pai, trabalharam no gabinete de Flávio na Alerj. Evelyn assumiu a vaga da irmã depois que Nathalia foi exonerada do gabinete.
De acordo com o MP, a maior parte do dinheiro recebido pelas três foi depositado na mesma conta corrente que Queiroz usava para gerenciar as rachadinhas. Nathalia foi funcionária de Flávio Bolsonaro entre 2007 e 2016. Menos de uma semana depois de ser exonerada, em dezembro de 2016, foi nomeada para o cargo de secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, em Brasília. Para os promotores, a eventual prisão da mulher e o envolvimento das filhas no processo são fundamentais para pressionar Queiroz a colaborar. Vale lembrar que importantes delações foram negociadas ao longo da Operação Lava Jato após as prisões de familiares dos operadores do esquema.
Enquanto a negociação se arrasta, os advogados de Queiroz e Márcia aguardam os julgamentos dos habeas corpus dos dois. O pedido do HC de Queiroz já foi rejeitado no Plantão Judiciário no último sábado, mas sem análise do mérito, o que deve acontecer nos próximos dias. Na sequência, será a apreciação do pedido de soltura de Márcia.
Em visita ao Ceará, faixas “Fora, Bolsonaro” recepcionam Bolsonaro, que busca faturar politicamente com obra de transposição do rio São Francisco, marca do governo Lula.
Em comunicado distribuído hoje a seus funcionários, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, informou que “não recomenda” que médicos tratem pacientes da instituição com cloroquina. O documento, assinado pela direção do hospital, afirma que não há evidências de que o medicamento reduz a mortalidade e o tempo de internação ou evite o uso de ventilação mecânica em pacientes graves. Também argumenta que possíveis benefícios da cloroquina não superam seus riscos.
O Einstein não tinha protocolo orientando o uso do medicamento —-até esta quinta-feira (25), cada médico podia decidir se o administrava ou não a seus pacientes, segundo o hospital informou à reportagem. Ao ser questionada, na quinta-feira, se haveria a proibição do uso do remédio, a assessoria do hospital havia afirmado à reportagem do UOL que sim.
Na manhã desta sexta-feira, a instituição informou que “não há uma proibição, mas uma recomendação para a não utilização nem em modo off label, ou seja, fora das indicações homologadas para os fármacos pela agência reguladora no Brasil, a Anvisa”.