POR GERSON NOGUEIRA

A histórica frase de mestre Didi ganha outros contornos em meio às discussões quanto à retomada do futebol no Pará. Tudo porque a ausência de um protocolo específico para treinos motivou uma reclamação do presidente do PSC, Ricardo Gluck Paul. Com razão, ele cobrou a necessidade de um entendimento quanto aos testes e providências que devem ser adotados por todos os clubes para o retorno das atividades.
Observa que, até por problemas de ordem financeira, nem todos os clubes do Parazão terão condições para arcar com o pagamento dos testes da covid-19, dentro das especificações consideradas seguras, como prazos para a aplicação dos exames e a necessidade de confinamento de atletas.
Ricardo argumenta que os testes rápidos não são confiáveis para verificar contaminação, pois têm uma margem de erro de até 70%. O risco está na falta de um compromisso de todos os clubes com medidas iguais, que sejam cumpridas da mesma forma.
Como referência, citou o exemplo do Campeonato Alemão, onde os jogadores foram submetidos a testes rigorosos e os times seguem protocolo severo, que inclui isolamento em hotéis com saídas permitidas apenas para treinos e jogos.
A questão é que, ao contrário das principais ligas de futebol do planeta, o Brasil convive com problemas básicos quanto à saúde, agravados pelas consequências da pandemia. No âmbito do futebol, existe um fosso entre os clubes, com profunda desigualdade de recursos e meios.
O problema se reproduz, em escala menor, no Pará. A dupla Re-Pa tem grandes torcidas e, por isso, concentra os recursos provenientes da bilheteria dos jogos e patrocínios. Na pandemia, mesmo sem o dinheiro oriundo da renda dos jogos, os grandes da capital têm maior margem de captação de recursos em comparação com as agremiações interioranas que disputam o campeonato estadual.
Vantagens expressivas em momento de grande crise financeira e dificuldades em todas as áreas de atividade. Quando defende um protocolo de treinos, que é essencialmente um conjunto de normas para o período de preparação dos times, o presidente do Papão manifesta também a preocupação com problemas decorrentes do afrouxamento de protocolo.
Teme, por exemplo, que jogadores acabem infectados em consequência de falhas na prevenção por parte de um ou outro clube. E essa situação, caso ocorra, não significará negligência, mas dificuldade financeira em adquirir os testes e bancar o período de confinamento dos atletas.
A desigualdade entre os clubes pode levar a sérios problemas quando o campeonato for reiniciado, caso a obrigatoriedade de procedimentos não seja igual para todos os envolvidos. E quem, em última instância, precisa se responsabilizar por isso é a Federação Paraense de Futebol.
Em meio a isso, a FPF diz esperar a manifestação dos clubes quanto ao protocolo dos jogos. Eles poderão contribuir com sugestões e críticas ao estudo formulado. No próximo dia 16 de junho, o protocolo será encaminhado para avaliação do Governo do Estado, a fim de balizar a decisão sobre a retomada do futebol.
Uma carreira pontuada pelo individualismo absoluto
Cristiano Ronaldo uniu-se ontem aos principais bilionários do futebol mundial, alcançando o seu primeiro US$ 1 bilhão, dinheiro referente ao faturamento na temporada passada. Chega ao patamar do golfista Tiger Woods, tenistas e astros do pugilismo internacional.
Não quer dizer absolutamente nada aos simples mortais, que não fazem sequer ideia da montanha de dinheiro que 1 bilhão de dólares representam, mas é mais um galardão na carreira vitoriosa do craque português hoje atleta da Juventus de Turim.
CR7 vive, há algum tempo já, da acumulação de recordes pessoais no futebol. Coloca-se, desse modo, acima do primado de coletividade, tão defendido pelos cultores do esporte. Aprendemos desde sempre que futebol é jogo coletivo e que o individualismo não constrói.
Quando o atacante lança aqueles olhares às câmeras durante os jogos, checando se o cabelo está penteado e o visual satisfatório, reforça o lado vaidoso e a preocupação com a própria imagem.
Não é o primeiro e seguramente não será o último a agir assim, mas com certeza é o astro que mais investiu em si mesmo, o que inclui premiações e alto faturamento. Não pode ser julgado por isso. É apenas o exemplo vivo de como o esporte das multidões virou um negócio portentoso.
Fox elege Papão de todos os tempos quase perfeito
A Fox acaba de montar o esquadrão bicolor de todos os tempos, com Castilho; Pikachu, Gino, Maurício e Paulo Tavares; Sandro Goiano, Quarenta e Iarley; Robgol, Vandick e Bené. O lado positivo é qu ficou bem melhor escolhido do que o “Remo de todos os tempos” eleito pela torcida azulina na internet.
Apesar de alguns torcedores mais tradicionalistas terem observado a ausência de jogadores importantes, como Omar, Aldo, João Tavares, Ércio, Lupercínio, Paulo Robson, Roberto Bacuri, Chico Spina e Vila, é inegável que o time escalado faz jus à relevância dos atletas votados.
Fazer a escolha de nomes para definir um time histórico, atravessando décadas de existência do clube, é uma missão das mais complicadas, sujeita a erros e muitas injustiças.
Por sorte, na lista da Fox estão nomes inquestionáveis, como Castilho (foto), Quarenta, Paulo Tavares, Iarley, Bené e Vandick. O próprio Iarley, de curta passagem pelo PSC, tem a escalação justificada pelo gol mítico na Bombonera, historicamente o mais valioso de todos os tempos.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 05)