POR GERSON NOGUEIRA
Coerente com o planejamento definido desde o começo do torneio, o técnico Hélio dos Anjos decidiu bancar o goleiro Geovane como titular para o clássico contra o Remo, pela semifinal da Copa Verde. É, a rigor, a única novidade na provável escalação do Papão em relação ao último confronto contra o rival, ainda valendo pela Série C.

Além da necessidade de abrir vantagem na disputa, o Papão vai para o jogo defendendo duas invencibilidades: 19 jogos (14 empates, 5 vitórias) sem derrota, incluindo Série C e Copa Verde, e a escrita de quatro confrontos sobre o rival na temporada – duas vitórias e dois empates. Em termos de Copa Verde, o retrospecto é amplamente favorável aos bicolores. Em seis confrontos, foram quatro vitórias do PSC, uma do Remo e um empate.
Quem acompanha os capítulos da rivalidade entre PSC e Remo sabe que o histórico de duelos é uma espécie de campeonato particular entre os dois. A coisa é tão séria que até hoje a torcida alviceleste não assimilou os quatro triunfos azulinos (1 a 0) no campeonato estadual de 2017.
Com Hélio no comando, porém, o Papão não deu chances ao rival na Série C. Foi uma vitória e um empate, sendo que no último jogo o resultado provocou a desclassificação do Remo. Além dos bons resultados, o time teve atuações sempre superiores no aspecto tático, desde o Parazão, quando comandado ainda por João Brigatti e Leandro Niehues.
A partida de domingo representa um novo desafio, pois Hélio vai poder mostrar que a equipe está plenamente recuperada emocionalmente da frustração e da revolta pela desclassificação na Série C.
Na formatação mostrada nos treinos da semana, a defesa terá a formação titular, com Bruno Collaço e Diego Matos disputando a lateral esquerda. No meio-campo, Léo Baiano volta à equipe após cumprir suspensão. Uchoa e Tiago Primão devem completar o setor.
Para o ataque, Nicolas e Hygor têm presença certa. A dúvida está entre Vinícius Leite e Elielton, embora nos últimos jogos o técnico tenha optado sempre por começar com Vinícius, que pode cumprir a função tática de voltar para ajudar o meio-campo e atravessa sua melhor fase no Papão. (Foto: Jorge Luiz/Ascom PSC)
——————————————————————————————–
Dewson desperta sentimentos parecidos nos dois lados
A indicação de Dewson Fernando Freitas (Fifa) para apitar o Re-Pa de domingo abriu novo foco de polêmica na já catimbada semana do clássico. O ex-presidente do PSC, Alberto Maia, criticou a escolha, previu problemas e sugeriu à diretoria que mande filmar a atuação do árbitro.
Mais diplomático, o presidente Fábio Bentes (Remo) disse que Dewson é qualificado, mas observou que ele não atravessa um bom momento. Cobrou também resposta para o pedido de VAR na semifinal e final da CV.
Em meio ao clima de desconfiança, Dewson pisará no Mangueirão pressionado, mas pode usar a experiência para reverter as expectativas desfavoráveis.
——————————————————————————————
Clubes promovem dança milionária de técnicos
Com 33% de aproveitamento em oito jogos, com uma fieira de resultados ruins, Rogério Ceni foi demitido ontem à tarde pela diretoria do Cruzeiro. Desgastado no vestiário, possivelmente fritado pelos líderes do elenco (Tiago Neves, Fred e Edilson), Ceni não suportou a pressão e sai de cena de maneira frustrante. Era um nome que despontava entre os novos técnicos brasileiros, após boa passagem pelo Fortaleza.
O desafio de voltar a treinar um clube tradicional – havia treinado o São Paulo antes – foi visto como a oportunidade para que mostrasse estar preparado para voos mais altos. Não está. A dificuldade em lidar com os egos cruzeirenses prova que Ceni precisa de mais rodagem.
O aproveitamento de Cuca no São Paulo foi um pouquinho melhor, 47,4% (26 jogos), mas insuficiente para garantir sua permanência. Foi a outra demissão de ontem na Série A. Sob seu comando, o Tricolor não decolou, nem mesmo quando o clube contratou estrelas como Daniel Alves e Juanfran.
Como consolo, há a contrapartida financeira embutida na rescisão dos técnicos, alcançando valores de nível europeu. Cuca, segundo especulações, teria a receber cerca de R$ 1,2 milhão do São Paulo. Ceni vai embolsar R$ 1,8 milhão como indenização. Como se vê, os acordos contratuais são mais competentes do que os esquemas táticos utilizados pelos dois.
——————————————————————————————
Quase toda a Série A está com nome sujo na praça
Não é surpresa, mas a informação da Folha de S. Paulo inspira reflexões mais profundas. “Maioria dos clubes da Série A está com nome sujo no Serasa”. Das 20 equipes, apenas Ceará, Goiás e Palmeiras não foram protestados por dívidas.
É óbvio que algo vai (muito) mal no reino da fantasia do futebol brasileiro. Está óbvio que há muita gente comendo sardinha e arrotando caviar. O problema é que um dia a bolha estoura.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 27)