#BTTF2015: o futuro chegou

POR PABLO VILLAÇA, no Submarino

Quando Marty McFly embarcou no DeLorean para fugir dos terroristas líbios que haviam matado seu amigo Doc Emmett Brown, a máquina do tempo construída pelo cientista acabou levando o adolescente para 30 anos no passado – como o filme se passava em 1985, a data final da jornada de Marty era, portanto, 1955.

Pois se “De Volta para o Futuro” fosse produzido hoje, o herói retornaria para 1985.

Sim, 30 anos voaram – e, em apenas três décadas, a trilogia comandada por Robert Zemeckis e co-escrita com Bob Gale se tornou um clássico do Cinema, despertando a imaginação de milhões de fãs ao longo do tempo. Este ano, por exemplo, uma exibição especial foi feita durante o Festival de Tribeca, que cobri aqui para o Submarino, e reuniu centenas de pais que, entusiasmados, dividiam a paixão pelo filme com os filhos ou mesmo com os netos.

O que me fez lembrar de minha própria experiência com os longas: em novembro de 1997, quando o Cinema em Cena tinha menos de 20 dias de existência, aproveitei o espaço que havia acabado de criar para publicar textos sobre as três partes. Eram críticas ainda cruas, com alguns erros de português e um estilo ainda trôpego – algo natural para alguém que tinha, então, apenas três anos de carreira. Porém, mesmo com todas as fragilidades, mantenho um imenso carinho por aqueles textos, que traziam, em um de seus trechos, a seguinte passagem:

“De Volta Para o Futuro é, em suma, um grande filme que deve ser visto, revisto e rerevisto. Aliás, mal posso esperar para revê-lo ao lado de meus filhos (que ainda nem nasceram) e conferir suas reações às aventuras de Marty.” 

Pois Luca, meu mais velho, assistiu à trilogia há alguns anos; e Nina, a caçula, foi apresentada a ela neste fim de semana, cerca de 18 anos depois que escrevi aquelas palavras. E curtiu.

Mas como não curtiria? Os roteiros de Zemeckis e Gale são inventivos, divertidos, inteligentes e muitíssimo bem estruturados, dobrando-se sobre si mesmos, repetindo ações a partir de pontos de vista diferentes e recontextualizando cenas sobre as quais julgávamos já saber tudo. Enquanto isso, a direção de Zemeckis combina a maestria técnica que este exibe em todos os seus trabalhos a uma energia invejável que nem sempre ele voltaria a demonstrar em outros projetos.

E há, claro, o elenco: Michael J. Fox, então estrela da série Caras & Caretas, praticamente saltou ao estrelato absoluto graças ao primeiro longa ao conferir humor e carisma a Marty, mostrando-se igualmente confortável com as sequências de ação e as gags físicas, ao passo que Christopher Lloyd, como Doc, basicamente homenageava/subvertia/recriava o clichê do “cientista maluco” em uma só tacada. E se Lea Thompson e Crispin Glover transformavam o futuro casal McFly em personagens pelos quais torcíamos e temíamos ao mesmo tempo, Thomas F. Wilson estabelecia Biff Tannen como o típico vilão que amamos odiar.

Já a trilha de Alan Silvestri, bom… você provavelmente já começou a cantarolá-la aí apenas o relembrar a trilogia.

No entanto, 2015 não marca apenas o aniversário de 30 anos do longa original, mas também uma outra data especialíssima na mitologia da trilogia – afinal, na segunda parte, Doc traz Marty e sua namorada Jennifer (Claudia Wells na produção de 85; Elisabeth Shue nas continuações) para 21 de Outubro de 2015. 

Sim, hoje.

Claro que decepcionamos em relação à visão original de Zemeckis e Gale: não temos carros voadores, tênis com cadarços que se amarram sozinhos, pizzas desidratadas que surgem gigantescas com poucos segundos e nem skates voadores (perdão: hoverboards). Por outro lado, tampouco tivemos que aguentar mais 15 continuações de Tubarão, o que já é alguma coisa.

Mas, mais importante do que isso, temos algo que os personagens daquelas obras jamais tiveram ou terão: o prazer de contar com a trilogia De Volta para o Futuro em nossas vidas cinéfilas.

Acho que é uma boa troca.

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Universal Pictures

Aliás, há uma vantagem relacionada a isto: não só temos os filmes para aproveitar, mas todo tipo de “brinquedo” para mantê-los presentes – e sei que adultos preferem falar em memorabilia ou “itens de colecionador”, mas, bom, não tenho qualquer problema em chamá-los do que quer que seja, desde que possa brincar com eles.

Semana passada, por exemplo, postei no Facebook que havia acabado de receber meu modelo do DeLorean em escala 1:18 (há diversos modelos aqui), mas este é apenas um dos produtos que os fãs apreciarão – e acho que o único filme que me inspirou a comprar mais itens do que De Volta para o Futuro foi O Poderoso Chefão. Além do carro, tenho também o livro sobre os bastidores da trilogia (lindíssimo, por sinal) e, claro, versões dos filmes não só em Blu-ray e DVD, mas também VHS.

É, eu sei. Sou doente.

Mas querem saber? Não me ofereçam cura, pois já até infectei meus filhos. Meus netos virão em seguida.

Mas daqui a uns 30 anos escrevo sobre isso.

5 comentários em “#BTTF2015: o futuro chegou

  1. Ontem minha esposa e eu iríamos ao cinema assistir (era pirralho quando passou no cinema e não fui), mas um contra tempo nos atrapalhou. Quem sabe nos 40 anos… Sem sombra de dúvidas é um jovem clássico do cinema.

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  2. O Marty McFly veio do passado ontem pra deixar dois recados pros listrado, mas deu de cara com os portões fechados e não pode dar….Antes ele já tinha tentado por 7 anos seguidos, mas sempre encontrava os listrados na série c, pensou até que fosse defeito no carro, mas descobriu que o problema era mesmo com o time listrado…Então o recado é o seguinte…O Dovival Chrispim da Transamerica mandou saudações azulinas pra voces, já o Nicacio mandou papel higienico pros próximos 7 anos…kkkkkkkk

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  3. Celira, quando vc postou isso ontem no face, nem sabia do que se tratava
    Depois isso virou febre por lá, ai entendi

    É o tipo do filme pra toda a família

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