POR GERSON NOGUEIRA
Desocupados virtuais dispostos a manipular incautos começam a povoar as redes sociais com ofensas racistas e discriminatórias de supostos internautas paranaenses contra a torcida do Remo, às vésperas do confronto entre o clube paraense e o Operário de Ponta Grossa (PR). É preciso denunciar e informar às pessoas que se trata de um golpe.
O torcedor deve se acautelar em relação a tais fakes que se espalham como pragas pela internet, divertindo-se à custa da boa fé alheia.
Foi assim que agiu um grupo local atiçando a ira de grande parte da torcida do Papão ao reproduzir mensagens discriminatórias no Facebook atribuídas a torcedores do Fluminense. Eram postagens chamando de “índios” os bicolores, por ocasião do confronto entre os dois times pela Copa do Brasil.
Um olhar menos apressado, sem as tintas explosivas da paixão, revelaria que nenhum dos posts tinha identificação ou origem confirmada. Era tudo fake. Bastava pesquisar os nomes dos supostos cariocas no Face para constatar a fraude.
A estratégia, porém, surtiu o efeito desejado: criar um clima de hostilidade aos cariocas em Belém. Durante dias, a cobertura esportiva – principalmente na TV – ocupou-se do assunto, focando nas manifestações indignadas de cidadãos paraenses quanto ao pretenso ato de discriminação por parte de adeptos do clube carioca.
Muitas pessoas compareceram ao Mangueirão fantasiadas de índio como forma de protesto, submetendo-se involuntariamente à manipulação engendrada pelos delinquentes virtuais.
Houve crime, cujas penalidades estão previstas em lei, mas ninguém foi sequer investigado pela incitação à violência, ao racismo e à xenofobia. Aliás, muita gente sequer desconfiou que estava sendo alvo de uma picaretagem.
Como não existem providências preventivas por parte das autoridades, resta ao torcedor se precaver ao receber tais mensagens, procurando prestar bastante atenção ao enunciado das frases. Quase sempre há um ou outro detalhe, um palavrão ou xingamento a mais, que denuncia a armação.
De maneira geral, é preciso reagir ao uso irresponsável e criminoso da internet. Há robôs em ação para tentar influenciar opiniões a serviço dos mais diversos interesses, políticos inclusive, semeando ódio e intolerância. Enfrentar isso é um gesto de cidadania.
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Calote em atletas pode provocar rebaixamento
O Macaé (RJ), que disputa a Série B, marcha para ser o primeiro clube brasileiro a ser punido pela resolução da CBF contra atrasos salariais de atletas em competições nacionais. Por dever de dois a cinco meses aos jogadores, o clube foi denunciado ontem ao STJD pelo Sindicato dos Atletas de Futebol do Rio.
A denúncia se refere ao artigo 18 do Regulamento Geral de Competições da CBF, que, a partir desta temporada, pune com a perda de pontos clubes que não pagarem em dia seus jogadores. Caso seja condenado, o Macaé pode vir a ser rebaixado.
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Um mestre que reverenciava a bola
Astro da grande safra de boleiros do nosso futebol, Mestre Didi faria 87 anos ontem, se estivesse vivo. A data passou em branco, mas sua passagem pelo futebol foi fulgurante e inestimável, com especial brilho no super Botafogo do final dos anos 50 e começo dos 60.
Um craque de fina estampa, com lugar cativo na galeria dos imortais. Tratava a bola com tanto carinho que a chamava de Leonor. Tão diferente dos pés de chumbo que hoje deslustram a lendária camisa canarinho.
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Seleção Brasileira continua sem técnico
Os chilenos mereceram vencer. Chegaram a respeitar o time brasileiro em boa parte do confronto, mas foram agudos e certeiros quando partiram para decidir o jogo. A diferença não está na qualidade individual dos jogadores, mas na competência dos técnicos. A seleção de Sampaoli joga com intensidade e aproximação, não cede espaços em excesso. Abusa das pancadas, mas é eficiente na marcação.
O Brasil de Dunga é lento na saída, incapaz de surpreender e tem um buraco no meio-campo. A opção de fazer Oscar jogar pela esquerda do ataque não acrescenta força ofensiva e deixa o time sem um bom armador. William é o mais dinâmico e habilidoso, mas o desnível entre jogadores afeta o equilíbrio.
Para piorar, com Oscar e Hulk bem abertos, não havia um finalizador correndo pelo centro. Ao mesmo tempo, Dunga apostou em três volantes, atraindo os chilenos para o seu campo de defesa. E só foi corrigir o vazio na frente após tomar o primeiro gol em vacilo coletivo da defesa, incluindo o goleiro Jefferson.
Kaká, convocado para acrescentar experiência ao grupo, poderia ter entrado no segundo tempo. Teria sido mais útil que Lucas Lima.
Não há mistério. Desde o começo, o problema no Brasil segue o mesmo: o grupo tem limitações, agravadas sem Neymar, e a Seleção precisa de um técnico.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 09)
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