Independência ou conchavo?

POR GERSON NOGUEIRA

O brado de libertação ensaiado pelos clubes de Minas e Rio Grande do Sul começa a receber a adesão de outras agremiações do resto do país, também insatisfeitas com as imposições da CBF e de seus parceiros mais notórios – Rede Globo à frente. Por outro lado, existem pontos obscuros merecendo esclarecimentos.

No discurso, quase ninguém se opõe ao projeto de gaúchos e mineiros, idealizadores da Liga Sul-Minas-Rio. É evidente que representa um sopro de ar que pode abalar as estruturas acomodadas do futebol no Brasil.

O problema será conciliar a partilha de lucros e as cotas de televisão. Flamengo, Inter, Cruzeiro, Grêmio e Atlético-MG têm muito a discutir sobre ganhos e precisam se entender ainda com a Globo, verdadeira dona do futebol no país. Negociações, pelo que se sabe, já estão em marcha.

Outro aspecto a ser considerado é o impacto sobre os campeonatos estaduais das três regiões, que naturalmente ficarão esvaziados com a criação da Liga. É justamente quanto a isso que a CBF mostra resistências, depois de ter aparentemente aceitado a ideia num primeiro momento, chegando a autorizar a competição.

Depois de perceber o real alcance da novidade, a entidade refez seus cálculos e avaliou o tamanho do baque que a Liga poderá causar no campo político e também quanto às suas próprias finanças.

Um sinal disso é que, anteontem, a CBF lançou a ideia de uma assembleia geral entre os clubes e federações para decidir sobre a criação da Liga, o que na prática a inviabilizaria, pois a totalidade das federações é contra a iniciativa. Os dirigentes da Liga não aceitaram se submeter à assembleia e o risco de um impasse é cada vez mais forte.

Como está projetada, a primeira competição da liga recém-criada tem tudo para ser um sucesso, seguindo as pegadas (e até superando) da Copa do Nordeste, que congrega as principais agremiações da região, independentemente de seus posicionamentos nas divisões estabelecidas pela CBF.

De início, a competição reuniria somente clubes gaúchos e mineiros, mas a imediata adesão da dupla Flamengo e Fluminense concede à liga uma força política e popular ainda maior, agregando ainda representantes paranaenses e catarinenses. Os paulistas consultados não demonstraram qualquer interesse em participar, leais a Marco Polo Del Nero, poderoso chefão da CBF.

Será disputada provavelmente em 20 datas, coincidentes com as dos campeonatos estaduais, de fevereiro a 30 de março. Serão três grupos de quatro clubes: Cruzeiro, Flu, Avaí e América-MG no 1; Grêmio, Inter, Atlético-PR e Chapecoense no 2; e Atlético-MG, Flamengo, Figueirense e Coritiba no 3.

Os clubes fundadores são 15, mas somente 12 estarão na primeira edição. Ricardo Calil, que preside a liga, defende que as questões de natureza jurídica sejam rápidas, com ocorre nas ligas europeias, tendo como eixo de referência o Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Consultada, a assessoria da Liga informa que clubes brasileiros de outras regiões – Nordeste, Centro-Oeste e Norte – por ora não serão aceitos, pelas dificuldades de datas e também pela logística, que tornaria a competição extremamente dispendiosa. Isso vale para o Papão, cuja diretoria chegou a manifestar interesse em se filiar à nova entidade e participar do torneio.

Por ora, em plena fase de estruturação, a Liga Sul-Minas-Rio ainda gera mais perguntas do que respostas. A conferir.

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Desafio do Leão é superar a acomodação pós-acesso

Além das ausências de Eduardo Ramos e Levy, a comissão técnica do Remo tem um desafio a mais para as semifinais da Série D contra o Botafogo de Ribeirão Preto: a acomodação natural do time depois do grande esforço pela conquista do acesso.

Várias declarações de jogadores logo depois da vitória sobre o Operário-PR, enfatizando que o dever havia sido cumprido na competição, deram a impressão de que o prolongamento da competição pode ter deixado de ser prioridade.

Para o torcedor, porém, o campeonato continua e entra em fase tão interessante quanto antes da obtenção do acesso à Série C. Passa a valer a conquista da taça de campeão. Além do prestígio e da posição na ranking da CBF, há o lado financeiro.

Caso chegue à final da competição, o Remo terá oportunidade de faturar algo em torno de R$ 2,5 milhões nos dois jogos (semifinal e final) em casa.

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Blog campeão alcança nova marca 

www.blogdogersonnogueira.wordpress.com bate mais um recorde. Alcançou ontem a marca de 5.854.000 acessos, com média de 3.600 acessos/dia. São seis anos de funcionamento ininterrupto, com debates e comentários sobre jornalismo, futebol, política, cinema, livros, rock & outros ritmos. A nova vitória se deve à generosa contribuição de baluartes, colaboradores e visitantes fiéis. Por isso, faço questão de dividir a boa nova com todos os leitores e amigos.

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Restrições à imprensa desafiam bom senso 

Com a imprensa outra vez barrada nos portões da Curuzu, o Papão treinou e começou a definição do time para enfrentar o Sampaio no sábado à tarde, em São Luís. Esquisita providência a de punir os profissionais da mídia esportiva pela má fase do time na Série B. Comparável à história do marido traído que resolve tirar o sofá da sala para resolver o problema do adultério.

O Papão não chegou à vice-liderança do campeonato por força do trabalho da imprensa, mas também não caiu de rendimento por culpa da cobertura dos veículos de comunicação.

É natural que a comissão técnica procure se blindar diante das queixas da torcida, expostas de maneira ruidosa no sábado à noite no Mangueirão, mas momentos de crise exigem atitudes inteligentes. E criar restrições à imprensa não é seguramente a medida mais sábia.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 21)

19 comentários em “Independência ou conchavo?

  1. Ao invés de unir-se a Liga Sul-Minas (o nome já diz o foco de interesse), penso que Papão e Leão deveriam fundar a Liga Norte-Nordeste para ampliar a importância dos regionais, tornando estes campeonatos locais praticamente em nacionais.

    Agora, convencer a cabeça dos nordestinos é i mais difícil. Ela está afastada do Norte. Infelizmente o bom momento vivido por lá subiu a cabeça de quase todos os dirigentes de lá que passaram a ser ver grandes demais quando olham para cima.

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  2. A imprensa não é nenhuma santinha
    Mas prostituta tbm não
    Há como em todas atividades os bons e os maus
    O Maia infelizmente as vezes se comporta como torcedor fanático

    Se fosse eu, neste momento daria um coquetel e puxaria a turma da latinha pra um bate papo
    Falaria minhas verdades
    Pediria criticas e no final adotando um tom conciliatório, pediria dentro do possível a união de todos em prol do acesso do Rei do Norte

    O problema é que nessas horas tem mais gente pra incendiar do que debelar as chamas.

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    1. É isso, amigo Cláudio. Tudo graças à firme e fidelíssima participação dos amigos baluartes, capitaneados por você. Sem essa colaboração diária, jamais chegaríamos a tanto. Obrigado e parabéns a todos.

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  3. Totalmente descabido essa atitude do Maia. Está parecendo que o Presidente só quer holofotes para os bons feitos. Para piorar e Diretoria está criando uma crise com a torcida, sem precedentes.
    A torcida não tem culpa e a imprensa também não. O que o Presidente tem que explicar é o motivo de tantos jogadores viverem mais no DM do que jogando.

    Estou atento ao mivimento, Maia. Sou torcedor, mas não sou fanático, por isso, não me apaixono por macho, não.

    Nesse reino do Papão, tem coisa errada.

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  4. 1. Futebol sul e sudeste maravilha, não comento.
    2.Solução para reascender a chama da vitória lá pelas bandas do Baenão só se der uma parte significativa da tenda para o elenco.
    3.Maia não quer subir para a série A. Está corretíssimo. Vai estragar o planejamento. Por outro lado, não quer peder dinheiro na reta final da série B, daí ficar reclamando da torcida e brigando com a imprensa. Tudo muito confuso na cabeça do Maia. Seria um péssimo juiz, pois não há razoabilidade nas suas decisões.
    4.Parabéns ao blog e aos acessantes do blog, em especial aos torcedores azulinos.

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  5. Ontem, assistindo um desses trocentos programas esportivos veiculados pelos canais especializados, vi a notícia que o Fluminense treinou em campo do Exército no Rio de Janeiro, justamente pra dar à movimentação o caráter sigiloso que desarma o adversário.
    Aliás, esse tem sido o comportamento geral de todos os clubes, aqui e alhures, e até mesmo da seleção do Dunga, que fechou os portões pra todo mundo antes do jogo com a Venezuela, inclusive para a imprensa, a fim de evitar dar dicas ao adversário de como entraria jogando.
    Não creio que treino secreto ganhe jogo, caso contrário, o time do FBI não perderia pra ninguém. Porém, me parece ingenuidade você dar ciência ao adversário que entrará com fulano no lugar do sicrano; adotará o 3-5-2, em vez do 4-2-4; ou que seu ataque será formado por esse, aquele e aquele outro jogador. Isto não restringe o trabalho da imprensa. O que atrapalha é quando há faniquitos de dirigentes, comissão técnica ou atletas furtando-se a dar entrevistas e informações de interesse do torcedor.

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    1. Equívoco seu, amigo Amorim. No caso específico da proibição do acesso dos repórteres ao treino do Papão, há óbvia restrição ao trabalho jornalístico. Sem entrevistas e imagens, como serão feitas as matérias? Se isso não é restritivo, me explique o que é.

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  6. Nem uma coisa, nem outra baluartes……. Esse papo do Maia de não querer ainda subir o Paysandu para a serie A por falta de estrutura é pura leseira hoje em dia. Antes eu até pensava igual o Maia, mas também só tínhamos séries A e B no Brasil naquele tempo. Nem Copa do Brasil existia. Aí quem fosse rebaixado para a serie b, ficava por muitos anos na competição tranquilo até que subisse para a A novamente. Porém em 1990, surgiu de forma oficial e permanente a serie C, que passou a ser o inferno do futebol, competição ridicularizada por todos os times, imprensa e torcida onde infelizmente o Paysandu caiu para esse inferno mas só ficou lá uma temporada e voltou ao paraÍso com alto estilo sendo campeão da B 91. A partir daí ficou complica cair para a serie B porque ficaria perto do inferno. Então era melhor tentar ficar na serie a o quanto pudesse. Porém em 2008 foi criada oficialmente o pior inferno de competição existente no Brasil de nome quarta divisão ou serie D, onde o remoleza estreou essa competição, sofreu o diabo por 7 anos e se livrou dela esse ano com muita sorte, e o Aguia entrou no inferno. Aí apos isso a serio B ficou muito mais valorizada, o inferno que era a serie C passou a ser a serie D, e a C passou a ser o purgatório do futebol. Nesse aspecto, passa então a ser fundamental se manter o mais longe do inferno e para isso é necessário subir para a serie A de tiver chances porque estando lá mesmo que seja rebaixado ainda volta para a serie B, grande competição hoje para disputar. Mas se tiver só na B e for rebaixado, cai para a serie C e fica pertinho do inferno. O Fracaleza que não subiu esse ano para a B novamente vai ver o que é bom pra tosse em 2016, e não duvidem se o tricolor do pici for fazer companhia para o Aguia no inferno da serie D em 2017. Moral da história: mesmo sem estrutura, se o clube puder subir para a serie A é melhor subir se tiver chance, porque o futebol nacional hoje com 4 divisões e uma infernal serie D, não é brincadeira

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  7. Caro Gerson, não conheço os termos da proibição mas hoje o BOLA traz matéria de página dupla a respeito do Papão e com informações relevantes, como a volta do Capanema, então por que a obsessão em dar dicas de como o time vai jogar, como se sem isso o noticiário fosse inservível.

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    1. Amigo, o noticiário do Bola se baseia em informações repassadas pela assessoria e por fontes (em off) do clube, o que tem garantido a publicação de matérias sobre o clube. A questão restritiva diz respeito à ausência de liberdade para que repórteres (de texto, fotográficos e cinematográficos) possam cumprir suas próprias pautas na Curuzu, acompanhando treinos e ouvindo jogadores e comissão técnica.

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  8. Essa Relação dos clubes com reportéres setoristas precisa ser rediscutida. Paysandu tenta regrar de forma mais profissional essa demanda por noticias, o que é deveras salutar. O Eixo Central é impor horário , janelas e definir atletas a serem entrevistados. Logico que um costume de décadas quando é quebrado ocasiona rusgas e reclames. Contudo, é necessário evolução e ela vira com toda certeza.

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    1. Pode até ser. Só não pode é proibir o acesso no mau momento do time, como se atribuindo culpa a quem cobre as atividades do clube. Aliás, quando o Papão estava ganhando tudo, em ascensão, a imprensa era aceita normalmente.

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