
Por Gerson Nogueira
O gol de desempate saiu só aos 46 minutos, em meio a um sufoco danado, mas o Remo conseguiu sair do Mangueirão com vitória em sua estreia no campeonato estadual. Mereceu ganhar pelo que produziu ofensivamente, mas se atrapalhou nas próprias pernas e não soube aproveitar a vantagem de jogar com um a mais desde o começo do jogo.
Caso tivesse aproveitado as muitas oportunidades criadas por Eduardo Ramos, Athos e Diogo Silva. O trio manobrou com facilidade, acionando muito os atacantes Leandro Cearense e Val Barreto.
Aí se desenharam as principais dificuldades do time de Charles Guerreiro. A indefinição dos centroavantes e as falhas de finalização. Val Barreto e Leandro Cearense repetiram problemas já visíveis no ano passado quando formavam o ataque remista. De características parecidas, ambos ocupam a mesma faixa, restringindo possibilidades de tabelinha com os homens de criação.

É, basicamente, uma questão de posicionamento. Quando joga com dois jogadores concentrados na área, o Remo acaba por facilitar o trabalho da defesa adversária, como ocorreu ontem.
Um aspecto ilustrativo desse problema era a reação que vinha das arquibancadas. O torcedor azulino, que prestigiou a estreia, acompanhou bons momentos do time, principalmente quando a bola era trabalhada pelos armadores Athos e Ramos, mas se irritava com os erros seguidos de Cearense e Barreto.
O placar foi movimentado por iniciativa direta de Eduardo Ramos, que chegou tabelando com Alex Ruan, recebeu na entrada da área e fuzilou para o gol. A empolgação com a grande jogada foi insuficiente para ajeitar as coisas no ataque, que continuava atrapalhado. De quebra, Robinho ainda mandou uma bola na trave no minuto final, assustando os azulinos.
Depois do intervalo, Val Barreto perdeu duas grandes chances. Ramos também podia ter marcado. O Cametá não aceitava a desvantagem e de vez em quando ameaçava, obrigando Fabiano a duas grandes defesas. Arriscava boas pontadas principalmente pelo lado direito do ataque (nas costas de Alex Ruan) e teve a ousadia premiada aos 30 minutos. Soares cruzou e Gil cabeceou para as redes. Já no desespero, como o rival na véspera, o Remo correu atrás e achou o desempate em lance feliz de Alex Ruan.

De positivo no Leão a desenvoltura do meio-de-campo, que pôs a bola no chão e evitou os chutões e ligações diretas. Athos e Ramos em destaque e boa movimentação de Jonathan, além do apoio de Diogo Silva. Na zaga, atuação segura de Max, mas Rogélio decepcionou.
No Cametá, marcação forte até o meio-campo e saídas rápidas com Américo e Robinho pelos lados. Leandrinho organiza a meia-cancha e a equipe tende a crescer na competição. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
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Cartões aplicados sem critério
A arbitragem de Joelson Nazareno Cardoso chamou atenção pelo critério desigual na aplicação de cartões. Expulsou Alan Peterson com rigor, mas aliviou na hora de fazer o mesmo em relação a Eduardo Ramos. As faltas foram parecidas e Ramos deveria também ter sido expulso. Ficou óbvia a condescendência com o remista, fazendo valer aquela velha história de favorecimento aos grandes da capital.
Cabe dizer que, domingo, na Curuzu, a arbitragem de Andrey da Silva e Silva também fez vista grossa para uma entrada duríssima de Pikachu, além de contemporizar com Vânderson.
Pelo andar da carruagem e esses problemas iniciais, o primeiro Re-Pa do ano deve ter arbitragem de fora.
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Pelé com o mundo a seus pés
Depois de assombrar o mundo durante mais ou menos 15 anos, entre 1957 e 1972, Pelé finalmente ganhou a sua Bola de Ouro. Em reconhecimento à sua obra incomparável, em quantidade de gols e qualidade de jogo, a Fifa decidiu homenageá-lo com o troféu. O choro do rei ao receber a honraria mostra a grandeza e a humildade do grande craque que foi.
Com justiça, Cristiano Ronaldo levou o troféu de melhor do mundo. Ninguém fez mais do que ele na temporada passada. Vem à Copa no Brasil liderando Portugal com um cartaz que nem Eusébio teve em seu tempo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 14)