Por Gerson Nogueira
A nova geração promete lucros e alegrias ao Remo. Caso seja tratada com planejamento e visão, pode vir a ser a salvação da lavoura para o clube ao longo das próximas cinco temporadas. Depois de conquistar a Copa Norte e surpreender positivamente na Copa do Brasil Sub-20, quando ultrapassou equipes categorizadas e chegou às semifinais do principal torneio da categoria, os olhos de todos – inclusive do torcedor – se voltaram para um fato até então ignorado: o formidável ninho de boleiros existente no Evandro Almeida.
O time que impressionou na Copa do Brasil apresentava zagueiros de bom nível (Yan, Gabriel e Igor), dois volantes de respeito (Tsunâmi e Nadson), um meia-armador habilidoso (Rodrigo) e atacantes rápidos (Guilherme, Sílvio e Rodrigão). Todos revelados na escolinha do clube.
Apenas dois meses depois, uma equipe inteiramente renovada – até pelo limite de idade – representa o clube na Copa São Paulo e vários atletas começam a ganhar destaque. Max, André, Denílson, Warian Santos, Marley, Max e Roni. Presenças marcantes também de Tsunâmi e Yan.
Um ponto comum une as duas convincentes participações nacionais da garotada azulina: o comando firme e sereno de Walter Lima, talvez o técnico paraense mais indicado para trabalhar com jovens atletas. Conhecedor dos segredos da profissão e dos atalhos do campo, Walter assumiu a responsabilidade de dar um desenho tático aos garotos do Remo.
Walter tem transmitido orientações aos jogadores, compensando lacunas de formação e acrescentando conhecimentos que só um técnico com experiência em times profissionais pode passar. Foi humilde, também, na medida em que abraçou uma missão que muitos treinadores mais experientes dificilmente aceitariam.
Para que a boa safra frutifique e renda dividendos técnicos (e financeiros) ao Remo será necessário tratar os garotos com atenção e cuidados. O açodamento na utilização de jovens promessas no time profissional costuma frustrar expectativas. A estratégia mais adequada é mesclar juventude com experiência.
A equipe que vai disputar o Parazão já conta com dois egressos da base azulina, Jonathan e Alex Ruan. Ambos entraram aos poucos no time, mas hoje são titulares inquestionáveis. A oportunidade de aproveitar Rodrigo, Tsunâmi, Yan, Guilherme, Max, Nadson e Warian deve ser planejada sem pressão, a fim de que todos possam se adaptar e evoluir.
O importante, por ora, é que o clube se beneficie de uma geração talentosa e que custou muito pouco. Com todos os problemas e carências que envolvem as divisões de base, todos conseguiram espaço para mostrar suas qualidades e evidenciar a importância da formação caseira.
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Oportunidade para a garotada
Diante dos muitos pedidos de informação sobre as divisões de base do Remo, o técnico Walter Lima informa, através da coluna, que os interessados em fazer testes nas categorias sub-15, sub-17 e sub-20 podem procurar a secretaria do Clube do Remo, no estádio Evandro Almeida (entrada pelo antigo Carrossel). Lá, os garotos serão inscritos para testes e avaliados pelos técnicos do clube.
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Os anti-reforços do Botafogo
A cada anúncio de contratação no Botafogo aumenta minha implicância com o termo “reforço”. A começar pela promoção do técnico da categoria sub-15, Eduardo Hungaro, que pode merecer a honraria, mas definitivamente não é o treinador ideal para o principal torneio continental. Depois de Hungaro, o clube não para de surpreender – e assustar.
Desde quando Rodrigo Souto, que há dez anos já era ruim, se tornou volante de qualidade? É um jogador de parcos recursos, mas dotado de um competente empresário, visto que vive mudando de clube, sempre de primeira divisão.
Os outros reforços alvinegros são ainda mais obscuros, como os laterais gêmeos e o filho de João Leite. Aírton, ex-Flamengo, é outra duvidosa aquisição. E até a ameaçadora notícia sobre Kléber Gladiador é para esmorecer torcedor ingênuo.
Até o momento, pode-se dizer que apenas a não contratação de Willian José é de fato uma excelente notícia para a pré-Libertadores. Eterno atacante-promessa, o ex-santista esteve a pique de ser empurrado para o Botafogo pelo gaiato do Oswaldinho de Oliveira. No meio do caminho, porém, seu sagaz empresário descolou um contrato com o Real Madri, para alívio da torcida alvinegra.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 10)