Por Gerson Nogueira
Na condição de mais promissora revelação do futebol paraense nos últimos anos, o lateral-direito Pikachu atravessou 2012 em alta, jogando sempre em alto nível para os padrões regionais e finalizando a temporada como um dos artilheiros do Paissandu. Neste ano, sob a expectativa geral de que iria evoluir ainda mais, seu rendimento caiu verticalmente, abrindo espaço para um debate sobre os verdadeiros horizontes do jogador.
Descoberto nas divisões de base do maior rival ainda na categoria juvenil, passou a ser tratado como jóia rara na Curuzu e foi lançado no Campeonato Paraense pelo então técnico Nad, com quem já trabalhava no sub-17. Pikachu entrou no time titular do Paissandu juntamente com outros garotos bons de bola – Bartola, Pablo e Tiago Costa.
A situação financeira do clube levou a uma política de valorização de talentos caseiros, beneficiando o grupo de atletas que vinha se destacando nas divisões amadoras. De todos, porém, Pikachu foi o que mais se destacou. Seu auge foi durante a Copa do Brasil, quando mostrou desenvoltura ofensiva contra Bahia, Sport e Coritiba.
O desempenho acima da média determinou, de imediato, o surgimento de diversas propostas por seus direitos federativos. Um negócio envolvendo investidores chegou a ser anunciado pela diretoria do clube, mas não se confirmou posteriormente.
O episódio frustrou o jogador e seus familiares, criando um desgaste junto aos dirigentes que comandavam o clube em 2012. Com a posse de Vandick Lima, a história mudou, pois a diretoria deixou claro que não tinha interesse em negociar o atleta.
Apesar dessa evidente valorização interna, Pikachu nunca mais foi o mesmo. Começou discretamente o Parazão e teve seu pior momento no Re-Pa da fase classificatória do turno, sendo responsabilizado por falha de marcação num dos gols do rival. No aspecto ofensivo, foi anulado pelo lateral-esquerdo Berg.
Desacostumado aos queixumes da torcida, o lateral evitou comemorações após bater um pênalti contra a Tuna, na Curuzu. À saída, reclamou das cobranças. Dias depois, deu a entender que mudou de estilo, ficando mais preso à marcação por orientação do técnico Lecheva.
De fato, Pikachu não é neste campeonato nem sombra do lateral arisco, driblador e sem medo de arriscar chutes de média distância. Abandonou a participação, como ocorria no ano passado, como autêntico atacante em lances de área. Parece travado e até intimidado diante da missão de atacar.
Até mesmo contra defesas mais frágeis, como as de Águia e São Francisco, times goleados na Curuzu, Pikachu foi pouco notado. Na decisão do turno, só mostrou utilidade quando teve a companhia de Héliton nas jogadas pela direita do ataque.
Na última terça-feira, contra o Águia, em Marabá, teve participação discreta ao longo da partida e “coroou” sua atuação desperdiçando penal que daria a vitória ao Paissandu nos instantes finais do jogo. É claro que não há nada de anormal em perder pênalti, mas na fase vivida pelo jogador a situação se agrava por se somar a um quadro desfavorável.
Por tudo isso, o Re-Pa deste domingo pode estabelecer um marco divisório para Pikachu. Sob o questionamento da torcida, precisa dar uma resposta. Nada melhor para isso do que o clássico contra o maior rival. Sua atuação estará vinculada ao comportamento geral do time, mas a iniciativa e o destemor são virtudes individuais e, mais do que aos torcedores, Pikachu precisa provar a si mesmo que pode reeditar as grandes atuações de 2012.
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Combinação eletrizante no clássico
Com previsão de um público inferior aos dos três clássicos anteriores, retração natural diante de tanta repetição em tão curto espaço de tempo, o Re-Pa de hoje tem características e atrativos interessantes. Em primeiro lugar, definirá a liderança geral do campeonato – há um empate em pontos (33), com a vantagem bicolor na artilharia, 37 contra 28 gols.
Além disso, estará em disputa a corrida para chegar às semifinais. Em caso de triunfo, o Remo praticamente antecipa presença entre os semifinalistas. Outro ponto a considerar é o tira-teima nos clássicos. Até o momento, reina rigoroso equilíbrio, com uma vitória para cada lado (ambas por 2 a 1) e um empate.
Por fim, o clássico vai pôr à prova a confiabilidade do novo esquema adotado pelo técnico remista. Vitorioso sobre o Cametá, no meio da semana, o Remo voltou a a atuar no 4-4-2, mas ainda se ajusta à nova configuração. A questão é que já terá pela frente o melhor conjunto da competição.
Em prova incontestável de maturidade técnica, o Paissandu de Lecheva foi a Marabá e empatou com o Águia, mesmo com seis desfalques importantes. Com todos os titulares de volta, entra em campo hoje a consistência do campeão do turno e atual líder geral contra o ainda instável novo desenho remista. Uma combinação que pode tornar o clássico eletrizante.
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O afeto sem limites
O estrondoso sucesso do álbum Cards Super Bola 2013, lançado na edição do último domingo, atesta, mais uma vez, a profunda ligação afetiva entre o paraense e o futebol. Este afeto fica ainda mais exposto quando se trata de resgatar a história e os grandes nomes da era de ouro do esporte no Pará.
Figuras lendárias como Rubilota, Alcino, Bené, Quarentinha, Bira, Artur, Mesquita e tantas outras, que andavam meio esquecidas, renascem para o torcedor pelas páginas e figurinhas do álbum especial do DIÁRIO. Além do resgate histórico, o trabalho tem o condão de apresentar esses craques ilustres ao jovem torcedor.