TIMES | PG | J | V | E | D | GP | GC | SG | AP | |
1° | Paissandu | 10 | 4 | 3 | 1 | 0 | 10 | 4 | 6 | 83.3 |
2° | Remo | 9 | 4 | 3 | 0 | 1 | 8 | 6 | 2 | 75.0 |
3° | Tuna | 6 | 4 | 2 | 0 | 2 | 8 | 5 | 3 | 50.0 |
4° | Paragominas | 6 | 4 | 2 | 0 | 2 | 8 | 7 | 1 | 50.0 |
5° | Santa Cruz | 6 | 4 | 2 | 0 | 2 | 5 | 6 | -1 | 50.0 |
6° | Águia | 5 | 4 | 1 | 2 | 1 | 7 | 9 | -2 | 41.7 |
7° | Cametá | 4 | 4 | 1 | 1 | 2 | 5 | 8 | -3 | 33.3 |
8° | São Francisco | 0 | 4 | 0 | 0 | 4 | 4 | 10 | -6 | 0 |
Dia: 18 de março de 2013
A goleada que podia ter sido
Por Gerson Nogueira
Quem olhou o jogo com os olhos da isenção percebeu que o Remo saiu no lucro. Podia, por baixo, ter sofrido cinco a seis gols. Além das três bolas que entraram, quatro chutes foram parar nas traves de Fabiano. Pelo menos, mais três contra-ataques fulminantes foram desperdiçados por ganância ou preciosismo dos atacantes do Paissandu.
Nas circunstâncias, o técnico Lecheva tinha razões de sobra para ressaltar a produção coletiva de seu time, que cumpriu sua melhor atuação no campeonato e esbanjou entrosamento, a partir de um quadrado de meio-de-campo azeitado. E, por seu turno, o técnico Flávio Araújo tinha motivos para considerar o resultado justo e sinalizar para a necessidade de correção de rumos no time azulino.
O jogo começou em ritmo acelerado, mais para rock do que para samba-canção. Ironicamente, quem mandou nos primeiros movimentos foi o Remo. Ágil na retomada de bola, o time tocava com rapidez e sempre em direção ao gol. Mobilizou seis jogadores em dois ataques fulminantes, que assustaram o setor defensivo do Paissandu e quase resultaram em gol. Leandro Cearense e Tiago Galhardo perderam chances claras.
Pode-se dizer que, até aos 14 minutos, o Remo fez o jogo certo. Atacava o tempo todo, esbanjava velocidade e determinação. Tudo que viria a lhe faltar no restante do jogo. A partir dos 15 minutos, o Paissandu assumiu as rédeas do confronto. Pikachu disparou um chute violento à meia altura, obrigando Fabiano a espalmar com dificuldade.
O Paissandu manteve a pressão e Iarley demorou a finalizar depois de receber, sozinho, uma bola na pequena área. Pela movimentação cada vez mais intensa de Eduardo Ramos, João Neto e Iarley, o time começou a confundir a marcação remista. Aos 20 minutos, em contra-ataque rápido, Ramos iniciou a jogada e Vânderson tocou para Pikachu, que entrou livre para marcar o primeiro gol.
Pikachu, como lembrado aqui na coluna de domingo, vivia uma encruzilhada. Estava na lâmina, precisando mostrar ao torcedor que 2012 não havia sido mero acaso. Mais que isso: precisava provar a si mesmo que era capaz de voltar a jogar em alto nível. Pelo desembaraço dos primeiros minutos e o gol de abertura mostrou que estava, definitivamente, de volta.
Além do resgate de Pikachu, o Paissandu apresentava outras virtudes fundamentais. A zaga, que titubeou no começo, tinha se estabilizado e os dois volantes, Capanema e Vânderson, jogavam bem próximos a Ramos e Djalma, facilitando com a aproximação a troca de passes e o bloqueio aos adversários.
Do outro lado, o Remo voltava a jogar apenas com um armador. Galhardo corria e tentava criar jogadas por ele e por Clébson, mero carimbador de bola, sem maior envolvimento com o jogo. Demonstrando estar fora de ritmo, o ex-salgueirense atravessou o samba azulino e foi peça decorativa no primeiro tempo.
Por todos esses motivos e ainda pela habitual categoria de Ramos, ajudada pelo dinamismo de Iarley, finalmente estreando de verdade, o Paissandu tornou-se absoluto. Do domínio veio a confiança para arriscar mais. E a sorte que acompanha os vencedores.
Aos 31 minutos, depois de cobrança de escanteio, a zaga remista se atrapalhou na rebatida e a bola ficou presa próximo à linha de gol. Diego Bispo e Iarley chutaram, Zé Antonio também, mas o meia-atacante saiu gritando e festejando quando a bola entrou, terminando por levar o crédito. Tendo sido o autor ou não do último toque, fez por merecer. Circulou com desenvoltura, iludiu a vigilância da zaga e foi fundamental para que o Paissandu estabelecesse forte presença ofensiva.
Depois do intervalo, além dos méritos do Paissandu, individuais e coletivos, Flávio Araújo resolveu dar uma mãozinha para completar o infortúnio azulino. Substituiu (corretamente) Clébson, mas botou o homem errado. Lançou Val Barreto quando tinha Diogo Capela no banco. Obviamente, não podia dar certo e uma arrancada infeliz de Barreto permitiu ao Paissandu o contragolpe que resultou no gol de Eduardo Ramos, após receber uma bola rebatida pelo lado direito da área.
O impacto do terceiro gol custou a ser assimilado pelo Remo. Araújo mexeu de novo, errando outra vez. Botou Nata e tirou Guerra, mas esqueceu de Capela de novo. Em meio a isso, o Paissandu mandou três bolas na trave – Raul, Pikachu e Héliton – e perdeu um balaio de oportunidades com Rafael Oliveira, que substituiu Iarley.
A única mexida certa de Araújo foi a entrada de Branco. Lúcido e aguerrido, foi dele, com raça e boa colocação, o gol que diminuiu o tamanho do prejuízo do Remo, aos 38 minutos. Já era muito tarde.
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Méritos ao melhor conjunto
Ao final da partida, Lecheva comentou que o Paissandu nem sempre recebe os louros quando faz grandes partidas. Queixou-se que, nessas horas, costumam enfatizar as fragilidades dos derrotados. Devia estar se referindo às duas goleadas, sobre Águia e São Francisco, e à atuação no Re-Pa que decidiu o turno. Talvez tenha razão.
A coluna, porém, mantém a posição a respeito do Paissandu e de Lecheva. É o melhor conjunto do campeonato, vários degraus acima da concorrência. E o técnico tem evoluído junto com o time, fazendo mudanças acertadas e moldando um estilo que não se amofina diante de nenhum outro adversário.
Com Eduardo Ramos a organizar as ações em campo, o Paissandu se ajusta às suas necessidades e impõe seu jogo, obrigando os adversários – todos, sem exceção – a tentar acompanhá-lo. A estratégia não falhou até agora.
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Em busca da pegada perdida
O Remo que passou o campeonato inteiro no 3-5-2 tinha características que compensavam os muitos defeitos: a raça e a entrega de seus jogadores. Era um time brigador, que saía em busca da bola onde ela estivesse. O novo Remo, do 4-4-2, vê a banda passar e raramente exibe lampejos da velha pegada. Jonathan, Rech, Galhardo e Cearense ainda se comportam com a mesma disposição de antes. Branco, quando entra, também. Nos poucos minutos que teve ontem, foi o mais objetivo e raçudo dos atacantes.