Por Gerson Nogueira
O término do primeiro turno enseja a escolha dos jogadores que mais se destacaram nesta fase do Campeonato Paraense. A coluna, como de hábito, elege a sua seleção a partir da observação das campanhas dos oito disputantes. Com base nisso, o time do turno fica assim escalado: Labilá (Cametá); Pikachu (PSC), Zé Antonio (CR), Raul (PSC) e Souza (PFC); Capanema (PSC), Caçula (SF) e Eduardo Ramos (PSC); Aleilson (PFC), Val Barreto (CR) e Rafael Oliveira (PSC).
Vamos à justificativa das escolhas. A opção por Labilá, que dividiu com Fabiano a condição de melhor goleiro do turno, deve-se à performance num time que fez campanha das mais fracas e com uma defesa instável. Apesar disso, muito em função da categoria do guardião, a zaga cametaense foi a menos vazada do campeonato, com apenas sete gols.
A lateral-direita não teve nenhum destaque especial. Por exclusão, fica Pikachu, que fazia um campeonato razoável até a quarta rodada, mas que perdeu o prumo no primeiro Re-Pa, depois de brilhantemente anulado por Berg. A partir daí, caiu de rendimento e só veio se recuperar no clássico que decidiu o turno, ainda assim apenas no segundo tempo. Ocorre que nenhum dos outros laterais direitos esteve em nível melhor.
O miolo de zaga fica com os jovens Zé Antonio, do Remo, e Raul, do Paissandu. Curiosamente, ambos chamaram atenção pelos gols marcados nos jogos decisivos, mas têm se comportado de forma satisfatória nas funções defensivas. Zé Antonio costuma sair um pouco mais para troca de passes com volantes e meias. Raul joga mais plantado, na sobra.
A lateral-esquerda foi outro território esquecido neste primeiro turno. Berg custou a estrear no Remo e teve apenas lampejos. Rodrigo Alvim também entrou com o campeonato em andamento, sem produzir mais do que o rotineiro. Diante disso, o mais regular tem sido Souza, do Cametá, não só pelo bom trabalho de marcação, como pela desenvoltura no apoio ao ataque.
O meio-de-campo, formado por três peças, tem Ricardo Capanema como cão de guarda. Foi, sem dúvida, o volante mais aplicado desta primeira etapa do Parazão, apesar de alguns exageros na hora de buscar o desarme, confundindo força com violência. Caçula, do São Francisco, foi fundamental na boa campanha santarena. Comandou a equipe com lançamentos precisos e bons arremates de fora da área. Caiu muito na semifinal diante do Paissandu e isso pode explicar o fiasco do Leão tapajônico. Eduardo Ramos é o camisa 10 da seleção, com atuações impecáveis nas principais partidas do Paissandu no turno. Deu ao setor do time a consistência técnica que faltava, coordenando as ações e aparecendo como um falso atacante. Tem estilo clássico, mas joga de maneira simples, voltado sempre para a equipe.
No ataque, Aleílson e Rafael Oliveira, artilheiros da competição com 9 gols cada, têm a companhia do tanque remista Val Barreto, que marcou gols importantes e incendiou a massa azulina nas arquibancadas. Aleílson, porém, é o mais técnico do trio, com recursos que lhe permitem atuar fora e dentro da área.
O técnico é Lecheva, pelo trabalho de reconstrução do Paissandu ao longo do turno. Depois de conquistar o acesso à Série B, teve que buscar alguns outros nomes para cobrir posições carentes. Nem sempre foi muito feliz, mas responde pelas soluções inteligentes de efetivar Djalma e prestigiar Rafael, indiferente às críticas ao jogador.
Eduardo Ramos, pela capacidade de injetar vida inteligente à meia-cancha do campeão da Taça Cidade de Belém, termina o turno como grande destaque individual. No geral, uma equipe diversificada, equilibrando força e talento, que é bem representativo das virtudes e fraquezas do Parazão.
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Da grandeza do futebol paraense
O leitor Carlos Lira observa, com precisão, que os três clássicos levaram quase 120 mil pessoas ao Mangueirão. Diante de tamanha grandeza, ele pergunta: “O que faz do torcedor paraense um ser tão especial? Será que de um momento para outro passamos a disputar finais com Barcelona, Milan e Real? Será que o nosso velho e aniversariante Mangueirão passou a ter a estrutura dos estádios mais modernos do planeta? Será que se tratava de uma disputa por título mundial? Ou valeria vaga na Libertadores das Américas? Ou ainda, seria o show de Sir James Paul McCartney em nossa querida Belém?”. O próprio Lira busca e acha uma resposta: “Para entender tantas pessoas ávidas por assistir uma ‘super’ final do ‘grande’ Campeonato Paraense: AMOR, assim mesmo, em letras garrafais, posto que é preciso amar estes famigerados gigantes paraenses, carinhosamente apelidados de Leão Azul e Papão da Curuzu, para sofrer na compra de um ingresso ou na entrada de um estádio. Viva o futebol paraense! Viva Remo e Paissandu, gigantes da Amazônia!”. Na mosca.
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Direto do blog:
“Apesar de, finalmente, alguns poucos remistas reconhecerem os problemas que há tempo muitos vêm apontando no time, não vejo motivo para desespero no rival. Os três confrontos foram absolutamente parelhos e, como tenho dito desde o início do campeonato, teremos ainda muitos Re-Pa’s pela frente. Nada, mas nada mesmo, está garantido ao Paysandu com a conquista do turno. O problema é que a sorte que bafejou o Remo em alguns jogos e já abandonara o Paysandu em outras jornadas, resolveu sumir justo na partida decisiva. O Papão mereceu porque insistiu, foi mais aguerrido, Lecheva ousou e tal, mas também foi um time em busca desesperada em busca do ataque, sem referência na área, descoordenado e avançando atabalhoadamente. Com mais paciência, o Paysandu poderia ter usado melhor os espaços dado pela retaguarda remista. Porém, insistiu na bola alçada à área. Uma hora, na base do abafa a bola entrou. Enfim, está só esquentando… Bicolores e azulinos já não perdem por esperar muitas emoções dia 17!”.
De Israel Pegado, prevendo mais e melhores clássicos no restante da temporada.