Réquiem para as “organizadas”

Por Daniel Malcher
Há muito se discute a existência das ditas “torcidas organizadas”. Os que veem com bons olhos a existência de tais grupos afirmam que elas incendeiam as arquibancadas com seus cânticos e motivam os atletas nos cotejos por eles disputados. Mas não sejamos ingênuos. As “organizadas” mudaram os hábitos dos torcedores não organizados (a maioria esmagadora), inclusive os afastando dos estádios; se infiltraram na vida política dos clubes, em alguns casos decisivas nos processos eleitorais internos das agremiações e sendo inclusive “acalmadas” pelos cartolas quando estas cobram de forma incisiva melhor desempenho das equipes, jogadores e treinadores ou quando tentam auferir regalias. Quando elas passaram a ser relevantes no cenário futebolístico local e nacional não é neste momento algo a ser abordado. Por outro lado, seu modus operandi de “torcer” e a virulência no tratamento e no convívio com os demais torcedores, estejam estes envergando as mesmas cores ou cores que não as suas, são de extrema relevância para se pensar um futebol do futuro, que possa resgatar sob padrões civilizacionais aceitáveis a rivalidade e a existência da alteridade futebolística – o que é, acredito, a vontade de muitos vide a constante evocação do enunciado “a rivalidade deve existir apenas dentro das quatro linhas”.
A existência destas turbas “organizadas”, bem como o comportamento violento e a suas vocações para distúrbios e vandalismos de toda a sorte em confrontos pós-modernamente agendados pelas redes sociais explicam-se sob que perspectivas então? Sentido da existência individual somente através do grupo; raiva niilista; ódio visceral pelo “outro”; necessidade de autoafirmação em meio a outros grupos uniformizados através de conflitos que, numa espécie de “rito de passagem”, batiza os iniciados ou o simples prazer de ver o sangue jorrar e a balbúrdia ser tocada? Sim e não.
Estes grupos, em sua maioria composto por jovens, de certa forma mostram a diluição de valores de nossa sociedade e como tão cedo eles são relativizados. Suas posturas violentas são significativas amostragens da deterioração do sentido de viver em sociedade, assim como refletem desigualdades sociais, falta de perspectiva de vida e a banalização de constructos e valores morais outrora absolutos, tais como o respeito à vida.
É a somatória de todos estes aspectos adicionados ainda com o tempero da leniência dos poderes constituídos que descortinam e ao mesmo tempo encobrem a face nua e crua das hordas que vestem as cores de clubes de futebol no Brasil e no Pará. Governos, órgãos de segurança e entidades desportivas – os clubes e federações estaduais – fingem não ser responsáveis pelo contingenciamento da selvageria. E as vítimas das batalhas campais, em ruas e arquibancadas, continuam a encorpar as estatísticas.
Possibilidades e teorias sociológicas à parte, urge uma atuação cirúrgica das autoridades competentes visando combater e efetivamente dissolver estas associações disseminadoras da barbárie travestidas de torcedores de futebol.  Embora tenhas suas particularidades, o exemplo inglês no combate ao hooliganismo é um alento e uma demonstração de que é possível também tornar proibitivo a presença de bandoleiros nos estádios brasileiros e paraenses. Desmantelar estes agrupamentos de expediente perigoso torna-se imperioso. Afinal, muitas das maiores manifestações da violência e da maldade humana na história realizaram-se no seio dos agrupamentos coletivos. Que o digam o nazismo na Alemanha e as guerras civis nos Bálcãs nos anos 90, cujos grupos extremistas de limpeza étnica e racial recrutaram muitos membros, ora vejam, em torcidas organizadas de futebol da antiga Iugoslávia.
Para que possamos torcer em paz, que entoemos um réquiem para as “organizadas” e suas guerras.

17 comentários em “Réquiem para as “organizadas”

  1. Primeiro deixar de dar ingressos de graca aos bardeneiros, fiz um calculo as diretorias de Remo e Paissandu deram 1.500 ingressos para as torcidas organizadas totalizando 3.000 no total. Ora vendidos a R$ 20 Reais daria um total de R$ 60.000,00 Reais, como as desorbanizadas pagam so R$ 10,00 Reais os clubes deixaram de arrecadar R$ 15.000,00 Reais cada, para quem esta devendo funcionarios, justica, fornecedores e etc… E muita grana fora dos cofres do clube para dar aos bardeneiros, que ficam quebrando tudo na cidade, as diretorias dos dois clubes tem que ser chamadas pelo ministerio publico e responsabilizadas, pois estao financiando esses grupos a se organizarem e continuarem a fazer quebra quebra na cidade.

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  2. na realidade todos nós sabemos à quais torcidas se encaixa perfeitamente este texto (falo exclusivamente no Pará). Sou defensor das organizadas que fazem o espetáculo a parte nas arquibancadas, não é supresa pro escriba que eu como frequentador do blog dele, sempre fui em defesa das organizadas que realmente fazem a festa acontecer! sou vice presidente de uma, e não quero ver manchada o nome da minha organização por culpa de outras! PM, MP todos sabem como fazer pra pelo menos diminuir a ação de alguns desses vandalos, só não fazem pq não querem! tribunal itinerante nos estádios, proibição de assistir os jogos e até mesmo cadeia!
    todos sabem quem são os responsáveis pelas respectivas organizadas desordeiras!
    o que não pode é prejudicar o belo trabalho que uma organizada como a minha, e de muitos outros fazem!

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    1. Existem torcedores de verdade que se reúnem exclusivamente para incentivar seus times, mas a grande maioria desses grupos infelizmente tem outras motivações, amigo Soeiro. Você mesmo sabe disso.

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  3. Torcedor de verdade, que curte seu time e vai incentivar, PAGA pra vê-lo jogar!

    Agora me diz:

    Eu pago ingresso, vou ao estádio e sou roubado!
    As “Organizadas” vão ao estadio e me roubam!!

    Tá certo Isso? … Não né?

    Vou falar como o Paulo (Bad Boy) Fernando diz:

    …”LISOS! DEIXEM O FUTEBOL !!” …hehehe!

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  4. Do jeito que vai, muito em breve nos clássicos, terá apenas a torcida do mandante, por culpa dessas “organizadas” e, amigos, pode reparar que só e “moleques” que fazem parte.

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  5. gerson… eu sei disso! e vc sabe tbm que existem pessoas de bem nas organizadas de paz! as questões que levanto são: Ministério público, Policia militar sabem quem são os cabeças dos comandos de bairro! 3, 4 dias antes do rexpa temos reuniões no comando da pm para tentar organizar essa bagunça, mas não surte o efeito desejado!
    vamos dar nome aos bois? falamos aqui da remoçada e terror, certo? conheço os presidentes das duas, são pessoas boas, que infelizmente tem que responder pelos crimes dos seus componentes! Já disse, existem alguma medidas que podem ser tomadas para pelo menos dimunuir a ação desses vandalos!
    os orgãos competentes só não fazem pq não querem!
    obs: tbm pago meu ingresso! neste rexpa, quase sou roubado dentro do meu carro com minha esposa e filhos!
    só não quero que respingue em cima da minha torcida as consequencias!

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  6. Muito bem observado amigo Gerson, em alguns casos as vistas grossas, diria até cegas, por conivência e conveniência fazem o problema evoluir como se fosse bola de neve morro abaixo.

    É preciso atitude e coragem para mudar o cenário, primeira medida seria mandar pagar ingresso e criar mecanismos punitivos, principalmente reter esse pessoal selvagem em dias de jogos.

    RRamos

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  7. Meu Deus será que é dificil entender que nós PAGAMOS ingressos!!???
    e outra… tentar extinguir as organizadas não é a solução… e sim punir severamente os vandalos e os líderes das facções que causam problemas!!! APENAS das facções que causam problemas!

    já disse, não acho sensato nem justo minha Torcida pagar pelas barbaridades de outras!

    e tem mais, parem de ter visão superficial sobra as organizadas…

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  8. Flávio, desculpe a indiscrição: mas a torcida da qual você é vice-presidente não recebeu os ingressos com cinquenta por cento de desconto conforme anunciado pela dupla Re/Pa?

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  9. Companheiros, sábado não fui ao Mangueirão, pois ainda espero que a diretoria do Paysandu se decida quanto á renovação dos sócios-torcedores.
    Enquanto isso, vou me afastando dos estádios e começo a achar confortável essa situação. A televisão estatal melhorou a imagem, ouço pelo rádio e vou ficando em casa, onde bebo minha cervejinha e não corro riscos.
    Sábado, nem na frente da TV fiquei, pois fui para o Curuçambá jogar a tradicional pelada e só tomava conhecimento do placar pelos gritos e foguetes.
    Então, senhores, a tendência aos poucos vai sendo esta. Os torcedores do bem vão acabar descobrindo que estádio é só para as desorganizadas, com seus cantos, gritos, assaltos e agressões.

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  10. Esses loucos que aqui gritam você e torcedor de rádio coisa e tal, praticamente são os mesmos que vão aos estádios para duelar uns contra os outros! Confesso que também não fui ao estádio, por está atarefado, mais estava ligado na clube, então e como o colega Acácio Elleres citou acima, a tendência e que os verdadeiros torcedores de Paysandu e Remo, deixem de ir aos estádios por conta desses bandidos que se dizem torcedores e fazem parte de torcidas “organizadas” que está mais pra uma quadrilha de crimes organizados do que pra um torcida. Alô polícia, cadê você????

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  11. nunca ofendi ninguem, neste blog, até pq não faz meu fetio… mas o confrade Heleno me tentou muito!
    sou a favor de extinguir a polícia, pois boa parte é suja, sou a favor de extinguir os políticos, pois a maioria esmagadora é corrupta, sou a favor de extinguir a imprensa paraense… que a grande maioria fala muita merda, sou a favor de extinguir a igreja católica pois existem muitos padres pedófilos e por aí vai…
    respeito a opinião de todos, mas esse comentário numero 16 pra mim foi de uma falta de conhecimento e de argumento, tão idiota que cansa…

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