
Por Gerson Nogueira
O Paissandu levou 45 minutos para chegar ao gol e levou outros tantos para entregar o ouro. Curiosamente, marcou quando estava mal e sofreu gol quando era superior. A explicação para o tropeço diante do Icasa passa por questões simples. Time de futebol que se preza não abre espaços, não afunila tanto o jogo e não desperdiça tantas oportunidades – principalmente quando atua em casa.
Givanildo Oliveira, que chegou há duas semanas, montou a equipe com o que tinha de melhor na Curuzu, alguns nativos e um punhado de “reforços” da era Roberval Davino. O que se vê em campo indica o tamanho do trabalho que espera pelo novo treinador para dar consistência tática ao Paissandu.
A verdade é que Givanildo precisará reinventar um time, pois a continuar nessa toada o Paissandu terá dificuldades para vencer qualquer adversário nesta Série C. Além da fraca atuação dos atacantes, houve excesso de passes errados, posicionamento ruim da zaga (principalmente Tiago Costa) e ausência de trabalho pelas laterais.
No primeiro tempo, quando mais precisava de velocidade na saída de bola, o time esbarrava na lentidão dos homens da criação, que até tentavam trabalhar a bola, mas não havia continuidade. No ataque, Rafael Oliveira não acertava o pé, literalmente.
Tiago Potiguar, que passou o primeiro tempo quase sem ser notado, acabou fazendo o que seu companheiro de frente parecia incapaz de fazer. Na primeira oportunidade clara, mandou para as redes, após passe primoroso de Alex William.
O gol acendeu a esperança de que o Paissandu finalmente acordasse em campo e explorasse as muitas deficiências defensivas do Icasa. Sem isso, o jogo se mantinha num cenário perigoso. Antes de sofrer o gol, o Icasa chegou perto de fazer o seu, em duas ocasiões.
No intervalo, Givanildo parece ter gastado seu latim, cobrando rapidez e participação dos jogadores. Deu certo. Com aproximação entre os setores, o time todo subiu de produção e o Paissandu passou a imprensar o Icasa em seu próprio campo. Harisson melhorou – embora Alex tenha caído de rendimento. Animado, Potiguar quase encaçapou o segundo. Rafael, no entanto, destoava. Facilmente marcado pelos zagueiros, era peça improdutiva.
Mesmo quando o jogo se encaminhava para aquele período de acomodação perigosa, o Paissandu controlava o ritmo e seguia desperdiçando chances. O tempo passava, mas o visitante de vez em quando ameaçava uma reação, explorando a instabilidade do sistema defensivo paraense.
No finalzinho, quando tudo parecia resolvido, eis que Dalton, autor de boas defesas no primeiro tempo, vacilou na formação de barreira e permitiu o empate. Antes de entrar, a bola bateu na trave e resvalou nas suas costas. Dois minutos depois, porém, mostrou destreza para evitar o gol da virada.
A instabilidade do time disseminou um sentimento de pessimismo entre os torcedores. Caiu a ficha quanto ao nível geral do elenco, que andou sendo disfarçado por alguns lampejos – como no jogo contra o Santa Cruz e na estreia diante do Luverdense.
Givanildo, que responde por alguns dos maiores feitos do clube, terá que se desdobrar para pôr a casa em ordem. Dificilmente chegará a bom termo apenas com esses jogadores, a não ser que reeduque a maioria quanto a alguns fundamentos básicos.
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A vitória do Vilhena sobre o Atlético-AC dá uma nova perspectiva ao jogo de quarta-feira em Belém. O Remo passa a jogar por dois resultados, vitória e empate, para se classificar à próxima fase. Para ser o primeiro do grupo, porém, precisa vencer. E, cá pra nós, ninguém espera do time remista em Belém outro resultado que não seja a vitória.
No Bola na Torre de ontem, Marcelo Veiga mostrou tranquilidade e reconheceu que o elenco estava desconfiado com a mudança. Pela capacidade para dialogar, não duvido que consiga transmitir serenidade. Talvez seja exatamente isso que esteja faltando no Baenão.
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Duas cipoadas – 5 a 1 para o Luverdense e 6 a 1 diante do Santa Cruz – deixam o Águia em situação esquisita na Série C e indicam que há algo de desajustado no time marabaense. Não recordo de outra fase tão estabanada no setor defensivo do time de João Galvão. O momento exige reação imediata, para evitar um vexame maior na competição.
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Dediquei-me a ver Botafogo x Flamengo na tarde de domingo e ali pelos 30 minutos já havia me dado conta da má ideia. O jogo não teve nenhuma jogada brilhante, os dribles foram raros e os chutes saíam sempre descalibrados. O Flamengo era até mais ousado, buscava o gol com insistência, mas errava nas tentativas de articulação.
O Botafogo deu seu primeiro chute a gol aos 5 minutos do segundo tempo. O meio-de-campo é tecnicamente bom, com Seedorf à frente, mas não há quem aproveite as jogadas criadas. Oswaldo de Oliveira arma o time de maneira surreal: sem atacantes de ofício. Deve estar fazendo algum curso com Zagallo.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 27)