Por Gerson Nogueira
As diretorias dos clubes paraenses, cuja gestão oscila sempre entre o amadorismo e a improvisação, vivem a receber puxões de orelha de técnicos mais rodados que por aqui aportam. Nem bem chegou, em sua sexta passagem pelo Paissandu, Givanildo Oliveira já detectou problemas sérios de organização interna, principalmente quanto ao roteiro de viagens na Série C.
Desagradou ao treinador o tempo excessivo (15 horas) da viagem do Paissandu a Salgueiro para o jogo de domingo passado. Soa incompreensível para qualquer um a rota definida para o deslocamento da delegação. Por questões de gerenciamento, a delegação foi obrigada a passar tempo excessivo em trânsito, submetendo os jogadores a uma estressante maratona.
É claro que o cansaço da viagem teve influência no rendimento da equipe no jogo. Atento a esses detalhes extracampo, Givanildo botou o dedo no suspiro e cobrou mais atenção dos dirigentes para problemas que afetam o time. Vindo de um treinador respeitado e experiente, essas cobranças costumam resultar em providências imediatas. Pena que, depois que eles deixam o clube, as mazelas retornam com a mesma intensidade de antes.
No Remo (como no Paissandu, em 2011), Edson Gaúcho distribui lições de economia doméstica e respeito à disciplina. Como o espaço é amplo e a cerca baixa, o treinador já foi visto discutindo minudências técnicas até com o encarregado de aparar a grama do estádio Evandro Almeida.
Convenhamos que Gaúcho não foi contratado para fazer isso e, certamente, preferiria não perder tempo com questões que extrapolem as orientações de praxe aos jogadores em campo. Sua intromissão em outras áreas deve-se à necessidade de dar um mínimo de organização à estrutura do futebol no clube.
No aspecto disciplinar, Gaúcho executa um programa espartano de controle dos horários no Baenão. Instituiu a caixinha para recolher valores das multas por atrasos aos treinos e, com isso, tem agradado os funcionários do clube, mas deixado muito boleiro bicudo com os descontos.
Caso os clubes tivessem gestão responsável e moderna, Givanildo e Gaúcho não teriam motivos para interferir na administração. Num mundo ideal, os técnicos só se preocupariam em treinar, escalar e dirigir os times. No Pará, precisam fazer sua parte e ainda perder um tempo precioso ajeitando outros setores. Que os diretores, que existem às dúzias, aproveitem a oportunidade para aprender a fazer o básico, pelo menos.
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No caderno Bola de ontem, levantamento mostrou que o Remo já trouxe nada menos que nove jogadores exclusivamente para a campanha na Série D. Curiosamente, de todos os contratados, nenhum mereceu até agora a condição de titular indiscutível e absoluto. Além de Ratinho, velho conhecido da torcida remista, o único destaque é o goleiro Gustavo, cedido pela Ponte Preta, que entrou no time ainda no amistoso com o River Plate uruguaio e não saiu mais. Os demais ainda não acertaram o passo.
Meio-de-campo e defesa constituem a maior dor de cabeça de Edson Gaúcho. Para os dois setores foram trazidos Santiago, Marcelão, Ávalos, Márcio Tinga, Ratinho, Laionel, Léo Medeiros, Rudiero e Índio. Léo Medeiros e Santiago já foram até embora e os dois últimos ainda nem estrearam. A dúvida é se a temporada de gastança ainda terá continuidade na segunda fase da competição, caso o Remo se classifique.
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Campeão brasileiro como jogador e técnico pelo Flamengo, o ex-volante Andrade, que treinou o Paissandu na Série C do ano passado, está apostando em – digamos – outro nicho: é candidato a vereador no Rio.
Cansou de esperar por propostas para voltar a dirigir times de futebol e resolveu entrar para o mundo da política, certamente mirando nos exemplos de Romário, Bebeto e Roberto Dinamite, que conseguiram se eleger com votações consagradoras.
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No processo eleitoral do Remo, que já se iniciou, os conselheiros Roberto Macedo e Sérgio Zumero são nomes que começam a ser cogitados para encabeçar chapas. Uma terceira via, porém, é trabalhada em silêncio. Por coincidência, o possível candidato também vem da área médica, como os demais. Pelo andar da carruagem, saúde não será problema na próxima gestão do clube.
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Primeiro na classificação, o Criciúma bateu o Avaí no clássico catarinense de ontem pela Série B e, além do trabalho vitorioso de Paulo Comelli (ex-Remo), chama atenção a excelente fase do atacante Zé Carlos, autor dos dois gols do jogo e líder na tábua de artilheiros. Ambos são diretamente responsáveis pela excepcional performance do Criciúma, que chegou aos 42 pontos na virada dos turnos e desponta como forte candidato ao acesso.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 22)