O passado é uma parada…

Vista da antiga estação da Estrada de Ferro Belém-Bragança, em São Brás, no final dos anos 50. Um carro de boi passa em frente à estação, diante de vários automóveis estacionados. (Acervo da revista Life) 

Uma reestreia espinhosa

Por Gerson Nogueira

O futebol paraense entra em campo neste domingo para um duplo desafio fora de casa. Pelo retrospecto do confronto e com base no equilíbrio do torneio, cabe ao Paissandu a missão mais indigesta. Até o torcedor mais distraído sabe que superar o Salgueiro dentro de seus domínios constitui uma pedreira para o time de Givanildo Oliveira. As circunstâncias da partida apontam para a necessidade de reforçar o esquema defensivo, mas entendo que está na eficiência ofensiva a chave para obtenção de um bom resultado.

Sob o comando de Davino, o Paissandu se apresentava quase sempre no 3-5-2, que facilmente se transformava num esquema de cinco defensores, pois os volantes recuavam tanto que acabavam por se misturar aos zagueiros de área. Lecheva alterou isso contra o Cuiabá, no Mangueirão, voltando para a solução mais simples com apenas dois zagueiros. Não foi uma atuação portentosa, mas o time teve mais facilidade para sair da defesa ao ataque.
Givanildo assumiu na segunda-feira prometendo não mexer na formação que Lecheva simplificou. Significa, basicamente, que Washington e Harisson têm boas chances de comandar a criação no meio-de-campo. Tiago Potiguar, que cumpriu suspensão no último jogo, volta ao ataque, devendo reeditar dupla com Rafael Oliveira. Criticado por muitos, Potiguar tem o mérito de ser o jogador que melhor se adapta ao papel de segundo atacante, produzindo jogadas para o atacante de área.
Nessa função, atuou bem na estreia contra o Luverdense e se destacou no empate em Recife diante do Santa Cruz. De temperamento instável, para render o esperado, o meia-atacante precisa se sentir identificado com o treinador. Foi assim no começo do trabalho de Davino. Com Givanildo, suas virtudes ofensivas devem ser até melhor exploradas. A presença de Rafael como homem de área representa a reedição de uma dupla que já garantiu muitas vitórias ao time.
Contra um adversário que pressiona sempre, até mesmo quando se apresenta fora de casa, o contra-ataque pode ser arma poderosa, desde que bem organizada. Para dar certo, requer passe e velocidade no meio-de-campo. Se as jogadas forem bem organizadas, caberá aos homens de ataque eficiência e objetividade para aproveitar as oportunidades criadas – ou concedidas pela defensiva do Salgueiro.
Profundo conhecedor do futebol pernambucano, Givanildo tem boas possibilidades de transformar aperreios em facilidades nessa sua reestreia pelo Paissandu. Só precisa seguir a receita desenhada por Lecheva, utilizando jogadores adequados para as funções exigidas. Futebol não é nenhum bicho de sete cabeças, mas definitivamente não combina com invencionices.
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Fiel à máxima de que é possível mexer em time que está ganhando, o Remo vai ao Amazonas com um time modificado em setores cruciais. A provável entrada do novato Marcelão no miolo de zaga, ao lado de Diego Barros, é a última tentativa de dar segurança ao compartimento mais vulnerável do time. Ao mesmo tempo, o veterano Ávalos sai de cena, para alívio da massa torcedora remista. Outro jogador muito criticado pela torcida, o lateral-esquerdo Aldivan, deve ser substituído por Paulinho, que é bem mais afeito ao jogo de velocidade que os duelos da Série D exigem.
Sob o comando de Edson Gaúcho, o Remo visitou e venceu Náutico e Atlético-AC. É possível passar pelo Penarol, mas não pode se dar ao luxo de tantas falhas defensivas. A ausência de André, suspenso, é um detalhe a ser considerado. Sempre que a dupla formada por ele e Jhonatan se desfez, o Remo pagou caro por isso. Márcio Tinga, seu substituto, não inspira muita confiança. Em Rio Branco, a excelente atuação do trio Reis-Ratinho-Fábio Oliveira garantiu a vitória, apesar das lambanças da zaga. É justamente no entrosamento dos atacantes que reside a principal virtude do time e suas maiores esperanças de triunfo.
O Penarol, que foi derrotado no Baenão, é um clube em crise. O time é limitado e não há grana. O governo amazonense prometeu ajuda de R$ 1 milhão, mas até hoje não repassou a quantia. Apesar disso, é bom não confiar muito na suposta fragilidade do time. As chances de classificação à próxima fase são modestas, mas o representante baré não pode titubear dentro de casa. Por isso, vai dificultar ao máximo a vida dos azulinos.
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A festiva cerimônia de colocação do escudo remista no pórtico do Baenão, ontem, deve soar como alerta a todos aqueles gestores que ousem desrespeitar um clube e sua história. Você pode achar que sou um sonhador, mas ainda chegará o dia em que as agremiações serão conduzidas pelo voto popular, em conformidade com a própria natureza do futebol. Quando isso chegar, teremos a primazia do coletivo sobre decisões de gabinete e conchavos de bastidores.
Até lá, porém, será preciso que o torcedor mais consciente policie (o termo se aplica às circunstâncias de certos abusos) e reforce a vigilância sobre seus dirigentes. Aloprados dispostos a saquear patrimônios estão à espreita. Todo cuidado com eles.

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Desconfio (mero palpite, entenda-se) que a longa invencibilidade do Atlético-MG no Brasileiro será quebrada neste domingão. A conferir.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 19)

Delícias do Estado continente

Para quem não foi apresentado à iguaria, a panelada acima é de uma caldeirada de tamuatá, peixe dos mais saborosos que habita os caudalosos rios paraenses, inclusive o Tocantins que banha a minha amada Baião. Preparado com tucupi, tomate, pimenta e cheiro verde e devidamente acompanhado de farinha baguda, o nosso tamuatá é capaz de encantar até finos paladares. (Foto retirada da web)

Escudo do Remo é recolocado no Evandro Almeida

Com a presença do conselheiro remista Paulo Alves e sua filha, que foi a inspiradora da mobilização pela restauração do pórtico do Evandro Almeida, aconteceu na manhã deste sábado a cerimônia de recolocação do escudo do Clube do Remo na fachada do estádio. Uma placa em homenagem ao conselheiro e arquiteto foi descerrada pelo presidente Sérgio Cabeça Braz (abaixo), acompanhado de toda a diretoria do clube, grandes beneméritos, sócios e muitos torcedores. Dentre outros, prestigiaram o ato festivo o presidente do Conselho Deliberativo, Manoel Ribeiro, e o diretor jurídico do Remo, conselheiro Ronaldo Passarinho. Há dois anos, o escudo havia sido destruído por ordem do ex-presidente Amaro Klautau, que visava impedir o tombamento do estádio Evandro Almeida e, com isso, facilitar sua venda. (Fotos: EVERALDO NASCIMENTO/Bola) 

Festa do infante faz homenagem ao Glorioso

Registro da festinha pelos 11 anos de aniversário do infante João Gerson. Rodeado pelas primas Maísa, Maíra e Sofia, tia Cláudia e pelos amiguinhos Élber e Lucca, nosso herói se prepara para assoprar as 11 velinhas do bolo com o escudo campeão desde 1907.

A frase do dia

“Não, não tem cabimento. Não sou técnico de futebol, não nasci no futebol. Militei como dirigente, adoro, como todo brasileiro, está no sangue. Mas não tem condição, possibilidade. Cada macaco no seu galho. Admiro o Mano, acho ele um grande técnico. Ser técnico de futebol é uma pressão um milhão de vezes maior do que ser técnico de vôlei no Brasil. Então admiro por suportarem tanta  pressão e continuarem. Esse é o momento de trabalhar forte, continuar. Temos uma geração talentosíssima e vamos conquistar a Copa de 2014”.

De Zé Roberto Guimarães, técnico da seleção de vôlei feminino, tricampeão olímpico.

Modificado, Leão parte para cima do Penarol

Para o jogo deste domingo contra o Penarol, em Itacoatiara, o Remo terá um time ligeiramente modificado em relação ao jogo contra o Náutico. O técnico Edson Gaúcho fez alterações na defesa e confirmou Edu Chiquita no meio-de-campo: Gustavo; Dida, Diego Barros, Marcelão e Paulinho; Márcio Tinga, Jhonnatan, Edu Chiquita e Reis; Fábio Oliveira e Ratinho. André, suspenso, será substituído por Márcio Tinga e os ex-titulares Ávalos e Aldivan, por deficiência técnica, foram afastados do time e nem viajaram com a delegação. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

A internet como vício

Por Zuenir Ventura

Na sua cruzada pela difusão da leitura no país, Ziraldo provocou polêmica aqui na Bienal do Livro de SP, ao afirmar que os pais hoje não percebem que seus filhos estão ficando “idiotas”. E que a culpa é da internet. Muita gente concordou com a afirmação, que a outros pareceu exagerada, até que o professor de física Pierluigi Piazzi disse depois mais ou menos o mesmo, com mais ênfase. Para ele, a internet está criando jovens “imbecilizados”, “deficientes mentais”, uma “geração talidomida”, a ponto de o Hospital das Clínicas ter criado, segundo ele, um departamento de “desintoxicação” desses viciados.

Citou ainda a experiência feita numa universidade dos EUA, quando, impedidos de acesso a computador e celular por três dias, usuários compulsivos desenvolveram a síndrome de abstinência, como a de qualquer dependente de drogas. “Tiveram vômitos, dor de cabeça, febre e convulsão.” Fiquei impressionado, porque um amigo acabara de me informar que, por insistência da família, estava se tratando com um psicanalista para se libertar do celular (e, claro, da internet). Tomara consciência de que estava doente, inclusive porque era mais fácil conversar com ele por telefone do que pessoalmente, mesmo em sua presença.

Apesar de não correr o risco, porque nem celular tenho, acho que atribuir à tecnologia toda a culpa pelo pouco caso com o livro me parece injusto. A responsabilidade tem que ser repartida também com a família e a escola. Num lar onde os pais não saem da frente do computador ou da televisão e não gostam de ler, os filhos dificilmente vão gostar, porque tendem à imitação.

O contrário funciona como estímulo: o gosto pela leitura começa em casa e pode se desenvolver na escola, desde que não seja imposta como obrigação. Pra não dizer que não falei de Alice, minha neta prova que é possível a convivência. Ela lida tão bem com as novas tecnologias da comunicação que me dá aulas de ipad. Ao mesmo tempo, adora ler, isto é, vive pedindo que leiam para ela uma história, inclusive as do Ziraldo.

Aliás, uma vez em Porto Alegre, diante de uma plateia de professoras, eu laentava que os jovens tivessem perdido o gosto pela leitura, quando uma delas me corrigiu: “Só se for o adolescente, porque as crianças estão lendo.” E contou o que ocorrera na véspera, quando cerca de 2 mil leitores mirins tinham se aglomerado para ver e ouvir o autor infantil preferido deles. Seu nome: Ziraldo. Em suma, é preciso não generalizar os casos patológicos.