O UFC e as crianças

Por Fábio Monteiro

Existe uma coisa que me assusta nesse movimento de popularização do MMA no Brasil. Não importa se o esporte (?!) do momento, cheio de brasileiros campeões, faz sucesso em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Manaus ou alhures. Ele está em alta no mundo inteiro. Desde que sejam maiores de idade e devidamente vacinados, cada um com seus problemas. Mas quando chega às crianças, a luz vermelha acende. Ontem, durante a transmissão do UFC na Globo, um pequeno garoto, na faixa dos 6 ou 7 anos de idade, recebeu uma atenção generosa da transmissão.

Devidamente “equipado” para o evento, o menino aparecia com luvas idênticas às usadas pelos lutadores, além de um traje semelhante a um quimono. O sorriso azulado do menino revelou que até mesmo um protetor bucal ele fez questão de usar. O pequeno “gladiador do novo milênio”, alcunha inventada por Galvão Bueno, se esforçou para copiar até as carrancas e os socos no ar dados pelos profissionais do octógono. A transmissão deve ter realmente apreciado a cena, pois ela foi reprisada poucos minutos depois, em câmera lenta.

Além dele, contei pelo menos outros dois garotos com menos de 10 anos de idade que foram filmados nas arquibancadas. Crianças que, pelo horário, suponho, não deveriam estar ali. Sou completamente leigo acerca das leis que regem sobre isso, mas basta um mínimo de senso para saber que aquele ambiente não é o mais adequado à infância, assistindo uma pancadaria gratuita, prato principal do UFC.

Quando a pessoa já tem um mínimo de caráter formado (seja bom ou mal), as escolhas são feitas com naturalidade, há discernimento suficiente para você ver uma briga e simplesmente não sair arrebentando qualquer um por aí— imagino que este seja o caso dos apreciadores de artes marciais, não sei. Geralmente, é na adolescência que passamos por esse processo de discernir o que é certo do que é errado, o que é de bom grado e o que é pura sacanagem. Mas quando ainda vivemos a infância, temos a tendência de imitar quem nos rodeia. Essas crianças não têm a menor ideia do que estão fazendo. Estão apenas copiando nossos movimentos, mostrando, com toda aquela inocência da infância, como somos ridículos.

28 comentários em “O UFC e as crianças

  1. Prezados, ontem senti o incômodo de ver minha filha odontóloga, tão meiga, pelo menos como vejo, sair apressada de um aniversário onde estávamos junto com o noivo dela, para assistir a luta. Pode? E o pior, é que ao retornar para casa passamos por diversos bares e a programação era a luta.

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  2. Eu concordo quanto às crianças, jamais levaria meus filhos, mas gosto de assistir. Não quero debater com ninguém de opinião contrária, pois é gostar ou não gostar e esse tema sempre acaba em polêmica. É violento sim, mas emocionante, embora reconheça que certas imagens me deixem meio chocado.
    Quanto à audiência, pode estar ligada também ao fato de os brasileiros estarem sempre entre os favoritos, algo como a F1 na época de Senna ou a seleção em copas. Caso os brasucas comecem a apanhar feio a audiência vai cair, restando aqueles realmente amantes (entre os quais nem sei se me incluo), assim como eu tinha certeza que continuaria acordando de madrugada pra assistir às corridas quando Senna morreu.

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  3. O brasileiro gosta mesmo de vitórias – como lembrou o Maurício em relação ao automobilismo. Eu lembro do tênis no curto período do Guga. Na época morava em Florianópolis, e foi uma loucura momentânea.
    Sempre digo que a partir do momento em que o Brasil for campeão do mundo em handbol passaremos a amar esse esporte – por sinal, o mais praticado nos colégios do país.
    Aliás, tivemos recentemente uma Copa do Mundo de Handbol (em São Bernardo – SP) e ninguém ficou sabendo, nem a mídia (digo a Globo).

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  4. E por isso que aqui nos EUA só passa em canal fechado, e depois das 10 da noite, e criança jamais entra num evento desses aqui, cade as autoridades, os juízes da infância e adolescência, aqui os donos do evento já estariam presos a essa hora.

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  5. Após 22 horas crianças devem estar acompanhadas de seus pais.Em qualquer evento.
    Mas existe uma auto-censura familiar que poucos pais impõe aos seus rebentos.Comigo funciona.
    E quanto ao UFC já opinei que não o considero esporte e nem assisto. Um amigo que convidei para ir á igreja saiu apressado de lá me dizendo que iria ver a luta pela tv.Saiu tão apressado que bateu o carro,bateu em um motociclista machucou uma pessoa ( graves lesões e escoriações),teve que ir até à delegacia dar esclarecimentos por que corria a mais de 100 por hora em uma rua onde o limite e´ 40 e ainda teve que constituir um advogado para acompanhá-lo, pois ficou com medo , com receio . Foi liberado , mas teve preuizos enormes, gastos com honorários do advogado.Hoje à tarde falei para ele que é por isso que algumas pessoas compreeendem o valor da FÉ e da religião.Não é ser religioso nem fanático. Disse-lhe que ele estava na igreja tão bem mas não VALORIZOU isso.Enfim além desse caso de forma abrangente vale a pena esse modismo atual de nossa sociedade tão ávida por ” passatempos” fúteis?

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  6. É gerson a cesar o que é de casar tens toda razão, uma coisa e a popularização do “esporte MMA” outra coisa é esta sensação de que tudo é certo, nota zero pra os pais deste garoto, este evento é só pra adulto.

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  7. Gerson, esse tom de deboche e de ataque sem sentido ao mma vai te custar muito caro, pois tu tem todo direito de não gostar, assim como eu não gosto dos teus comentários, por exemplo, mas tu deve respeitar e procurar te informar, coisa que infelizmente tu não faz. De qualquer modo, como jornalista das antigas (bem das antigas), deve ter esquecido disso. Abraços

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    1. Só aceito conselhos ou ensinamentos de quem demonstra educação, respeito e conhecimento. Não é o seu caso. Não há deboche, nem menosprezo, apenas rejeição natural a um tipo de luta que não me interessa. Aprendi, com quem tinha coisas a ensinar, que esporte é outra coisa. Boa sorte.

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  8. Um cara que se diz jornalista, é leigo puro, fala mal sem nunca ter feito nenhuma arte marcial, nem nada, ainda se acha dono da verdade, só no Pará, mesmo.

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  9. Apesar de eu ser uma voz quase solitária neste blog, creio que eu deixaria sim meu filho(a) ver o MMA. Que é um esporte duro isso ninguém discorda, porém o MMA, assim como qualquer outro descendente das artes marciais asiáticas, pode ser um excelente meio de resocializar crianças abandonados e/ou drogados etc.

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  10. Égua anônimo, com essa tua ideia de ressocialização para crianças drogadas e abandonadas as quais ja são sofridas por natureza, é melhor tu continuares anônimo mesmo. tchau pra ti.

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  11. Senhores Fabio Monteiro e Gerson Nogueira, não liguem para essas pessoas que insistem cultuarem a selvageria, banalizarem a violência, cultuarem o ridiculo. Continuem sempre do lado da maioria que felismente ainda tem ojeriza essas coisas.

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  12. Esta pérola do anônimo(1) de ressocializar drogados ensinado-lhes a arte de matar alguém de porrada condiz perfeitamente com a intelectualidade dos praticantes e adeptos do MMA.

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  13. De um modo geral a programação de televisão atualmente é da mais prejudicial possível às crianças, independentemente do horário. Os desenhos estimulando a violência, as novelas fazendo apologia ao homosexualismo, os programas policiais explorando a miséria alheia e a violênia também. Aqui no Pará mesmo os Barras Pesadas e similares são exemplos perfeitos de deseducação e banalisação da miséria e violência e da bravata. E ainda tem os Ratinhos, os Datenas etc. Sem falar nas Xuxas e quejandos. Enfim, pouca coisa se salva na TV fechada.

    Em verdade, cumpre aos pais e responsáveis filtrarem o que permitirã aos seus infantes assistirem.

    Agora, uma coisa é certa: num momento de descuido dos pais, é muito mais prejudicial às crianças asistirem ao BBB do que ao MMA.

    A propósito, há muito tempo atrás a minha geração assistia um tal de telecatch (será assim que se escreve?), aquele do “Montila, Montila, Motila Mooonnntila”, fielmente todos os sábados, inclusive na tal televizinho, pensava que era verdade, aplicava e recebia alguns sopapos juntamente com seus colegas e nem por isso se transformaram em feras indomáveis, marginais, monstros e desajustados sociais em massa. Só “deram para o que não presta” como se usava falar naquela época aqueles que efetivamente não dispunham da menor infraestrutura familiar. Numa palavra, na minha opinião, hoje, como dantes, o que inviabiliza mesmo o sujeito não é a exploração do desforço físico, cujo MMA é a versão contemporânea, mas, sim, poblemas de outra natureza, a qual todos conhecemos muito bem.

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  14. Pessoal, sei que minha opnião não e unanimidade aqui, mais e mais certeiro e favoravel uma criança se dedicar as artes marciais, doque se envolver com as drogas ou no mundo do crime.
    Eu comecei minha história nas artes marcias ainda criança, na minha antiga escola de ensino fundamental, onde podiamos optar por dois esportes ao mesmo tempo. Bom, escolhi o Judô e o futebol. Mais a frente ingressei na capoeira, karatê e depois no Jiu-jitsu, mais apenas como forma de manter a forma física e adquirir conhecimentos de luta e também aprender a ter disciplina.
    Amigos, toda e qualquer arte-marcial exige disciplina de seus praticantes, creio que o garotinho que apareceu no dia do envento do UFC 142, estava apenas mostranto algo que não o pertence, que neste caso e a disciplina ensinada nos dojos e academias de luta.

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  15. Somente agora lí a materia e só agora manifesto opinião. Não gosto da modalidade e nem por isso seria capaz de proibir sua pratica. Sou contrário a exibição em canais aberto mas aceito-a
    nos “fechados”.

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  16. Égua!!! Essa discussão tá parecendo mais uma das “edificantes” lutas do UFC. Só porrada! Gente, o MMA é ápenas mais um grande negócio – no ramo do entretenimento. Como todos os esportes se transformaram. Até o Eik Batista tá investindo na coisa.
    Nossa sociedade (incluindo a paraense) cultua a violência gratuita. Inclusive mesmo contra crianças. Dái um “pai-padrasto” não achar errado levar o filho para a esbornia!!!
    O problema é o contrangedor IDH de Melgaço!!!

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  17. Mesmo contra os conservacionistas daqui do blogue, eu sou totalmente favoravel ao MMA. Hoje em um jornal televisionado de nossa região, noticiou que um instituto de pesquisa do México deu a seguinte pesquisa, de que o nosso grandioso estado do Pará é o segundo estado mais violento do Brasil, so perdendo para o estado de Alagoas. É ainda, o mesmo instituto colocou o Pará, como o décimo na lista de estados do mundo todo, para mim isso e uma vergonha, onde você abre o caderno de polícia do diário do Pará, você so vê sangue e desgraça.
    Pelo menos, à suposta violência que rola dentro do MMA e permitida, graças a preparação que os lutadores fazem para poder praticar a mesma.
    Uma coisa e a violência concensual, outra coisa e a violência forçada, está que vemos todos os dias na porta de nossas casas, ou informadas pelos veiculos de comunicação.
    Respeito a opnião de todos, mais não posso aceitar que a opnião de todos sejam consideradas como as certas, se cada um possui uma opnião formada.

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