Remo x S. Raimundo – comentários on-line

REMO 1 x 0 SÃO RAIMUNDO

Estádio Baenão.

Gol: Betinho, aos 6 minutos do 2º tempo.

Remo – Jamilton; Balu, Diego Barros, Juan Sosa e Panda; Felipe Baiano, Adenísio, Aldivan e Juliano; Rodrigo Aires e Joãozinho. Técnico: Sinomar Naves.

São Raimundo – Labilá; Amaral, Evair, Helder e João Paulo; Nilson, Dudu, Fininho e Evandro; Zé Rodrigues e Adriano Miranda. Técnico: Lúcio Santarém.

Árbitro – Edeval Augusto Figueiredo. Auxiliares – Luís Diego Lopes e Isaac da Cunha Araújo.

Jogo do S. Francisco teve mais de 4 mil pagantes

A vitória do São Francisco sobre o Paissandu, terça-feira à noite no estádio Barbalhão, teve público de 4.223 pagantes, que proporcionaram arrecadação de R$ 64.225,00. Descontadas as despesas de R$ 21.060,68, restou um saldo de R$ 43.164,32 para o Leão azul santareno. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)

A garotada não tem culpa

Por Gerson Nogueira

Que ninguém apareça agora para apedrejar a garotada, como é praxe no futebol paraense sempre que um projeto de valorização da base enfrenta percalços. O Paissandu trilha o caminho certo ao priorizar seus valores caseiros, mas erra na dose, ao utilizar um time excessivamente imaturo no campeonato estadual mais equilibrado dos últimos anos.
Depois do segundo revés, sacramentado ontem, no estádio Barbalhão, soaram de imediato as cornetas de reprovação ao trabalho do técnico Nad. De fato, o time mostra-se desorganizado taticamente, sem jogadas que explorem a velocidade e o fôlego da jovem equipe. Existem vários pontos vulneráveis no setor de marcação e a defesa clama por arrumação.
Nad nunca foi um treinador excepcional, tem suas limitações, mas ouso dizer que não faz menos do que fariam Sérgio Cosme, Roberto Fernandes, Edson Gaúcho ou Andrade, os últimos técnicos do Paissandu. Todos falaram muito, filosofaram à vontade, mas apresentaram baixíssimo rendimento.
Tobias, Bartola, Pikachu, Luan, Neto, Billy, Jairinho, Tiago. Jovens apostas, bons jogadores. Há consenso entre dirigentes e torcedores de que ainda serão extremamente úteis ao Paissandu. Mais que isso: representam uma nova filosofia de gestão do clube. A comissão que manda hoje no futebol acredita, com razão, que a aposta na prata da casa é o melhor caminho para sair do atoleiro.
Em termos financeiros, o time é um dos mais baratos que o Paissandu já montou em todos os tempos. A folha salarial enxuta é a alternativa madura e lógica aos desmandos que imperavam até 2011. Ao longo dos últimos cinco anos, prevaleceu o critério das contratações dispendiosas e resultados pífios.
Quando o campeonato estava por começar, observei que essa política ousada precisava de apoio concreto da torcida para ser levada a cabo. Tropeços iniciais na competição, até previsíveis, poderiam botar tudo a perder. É hora de blindar o projeto que representa a salvação do clube. Mais do que os dois maus resultados importa mesmo é a consolidação de um novo pensamento, que reduz a pó a política antiquada das gastanças irresponsáveis.
Mesmo que Nad venha a ser substituído no comando, como já se cogitava ontem à noite, é fundamental que os princípios estabelecidos pelos novos dirigentes sejam respeitados. Para o bem do Paissandu. 
 
 
Quem foi ao estádio do Souza prestigiar o clássico das Águias teve que esperar os 15 minutos finais para ver futebol empolgante e objetivo. Uma sucessão de ataques de parte a parte assanhou a platéia presente e tirou o jogo da letargia. Beá e Lineker, pela Tuna, criaram pelo menos três agudas situações de gol. No Águia, mais organizado e criativo, Sató, Valdanes, Flamel e Branco deixaram para o final o melhor de seu repertório. Depois de quatro pontadas perigosíssimas, a bola se ofereceu para o dinâmico Valdanes, que não perdoou. Disparou um chute preciso, bem no alvo, liquidando a parada.
Como a partida estava aberta, qualquer lado podia prevalecer. Quis o destino que fosse o Azulão de Marabá. À Tuna, resta o consolo da excelente movimentação de seu setor direito e a certeza de que necessita de reforços, para a defesa e o meio-de-campo. 
 
 
O Remo tem boas possibilidades de se isolar na liderança do turno. Mas, para tanto, precisa derrotar o São Raimundo e as dificuldades enfrentadas contra o Águia não devem ser menores hoje à noite. O alvinegro santareno, que teve uma preparação conturbada, parece já ter se aprumado. O empate no clássico Rai-Fran evidenciou isso.
A entrada de Marciano na vaga de Joãozinho deve ser a única mudança na escalação remista, mas altera bastante a maneira de jogar do time. Com o artilheiro, o ataque terá ritmo mais cadenciado, explorando as triangulações. Contra um oponente que vem fechado, talvez seja a melhor estratégia.   

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 18)

Não há fórmula mágica

Por Rica Perrone

Diziam ser o “CT e o Reffis” do São Paulo que faziam a diferença. Sem eles, os cariocas viraram o jogo.  Depois falaram em técnicos da casa, sem status de estrela. Muricy ganhou a Libertadores, acabou o papo. Inventam todo ano uma fórmula mágica do campeão, sem notar que ela não existe. Ao perceber que a única coisa clara no futebol tem sido a tendência a times com uma base mantida darem certo, muitos começam a fazer. E assim, quem sabe, tenhamos uma melhora na qualidade técnica do nosso futebol.

Os 4 grandes do Rio aprenderam a lição. Nenhum se desfez, todos viram ano com técnico, elenco e estrelas mantidas. Menos Thiago Neves, mas este não era do Flamengo, logo, sabiam que sairia. O que me chama atencão é o Botafogo. Não, ele não tem mais time, no papel, do que o Flu, por exemplo. Mas ele tem tido algo que me cativa, chama-se: “trabalho quieto”.

O time foi mantido, o craque ficou, veio um bom meia, voltou um craque que não tem cabeça, porém, tem muita bola e um técnico que, passados 10 anos, ninguém sabe se melhorou muito, se manteve ou se piorou. A dúvida, no futebol, é deliciosa. Ruim é a certeza de um timeco ou a expectativa insuportavel de ter que vencer todas. O torcedor do Bota, que é o mais pessimista que já vi, deve estar morrendo de curiosidade para começar o ano. E isso faz do Botafogo um time diferente.

Calado, trabalhando, for a dos leilões, sem promessas, sem dívida, planejando e sonhando alto. É assim que deve ser, é assim que o Botafogo tem tentado fazer. Pode dar tudo errado, mas a tendência apaixonada e burra seria entrar no clima “torcedor” da coisa, vender meio time, brigar com o craque, desmontar tudo e apresentar pacotão de desconhecidos em janeiro. Não. O Botafogo não fez. Pensou, não torceu. E assim os grandes dirigentes devem fazer.

Torcedor é torcedor porque torce os fatos a seu favor. Dirigente tem que dirigir, e é bom dirigir sempre sóbrio. Assim comò você, não sei o que vai dar. Mas a dúvida é sinal de perspectiva, o começo de ano de todo grande campeão.

Quem sabe?