Por Gerson Nogueira
Com base na matemática pura e simples, a campanha do Remo no Parazão é irrepreensível. Três vitórias em três jogos, nenhum gol sofrido, liderança isolada. O anunciado plano de conquistar o primeiro turno vem sendo executado com método, eficiência e aplicação.
Em Tucuruí, no sábado à noite, a frieza dos números voltou a falar mais alto em favor dos azulinos. Dominados pelo Independente durante dois terços da partida, saíram vitoriosos graças a um lance fortuito.
Sem criatividade no meio-de-campo, o Remo marcou presença nos primeiros 15 minutos, explorando com Joãozinho nos contra-ataques e uma ou outra escapada de Panda pelo lado esquerdo.
Depois, veio a paralisia e a preocupação em apenas se defender. É verdade que jogou o tempo todo com 10 jogadores, visto que o centroavante Rodrigo Aires não participava de nenhum lance.
O embate tinha movimentação interessante, com disposição e correria, mas quem trocava passes e atacava mais era o Independente. Botou duas bolas na trave, depois levou duas também em cobranças de falta e escanteio, mas era menos desarrumado que o Remo, talvez pelo fato de usar três jogadores ofensivos na meia-cancha (Gian, Marçal e Tiago Floriano).
Quando a tempestade desabou sobre Tucuruí parecia que a fúria dos elementos iria punir o confuso e acanhado esquema do Remo. Por cerca de 20 minutos, o Independente pressionou com vigor, disparou oito chutes da entrada da área e só não marcou por imperícia e mérito dos zagueiros remistas.
Depois que a chuva parou, Gian saiu extenuado e o Independente perdeu agressividade. O Remo tentava se arrumar, Sinomar botou três atacantes (Marciano, Joãozinho e Cassiano), mas ninguém jogava com eles.
A vitória caiu do céu após contra-ataque iniciado por Betinho na intermediária remista. A bola chegou a Joãozinho, goleiro e beque do Independente colidiram e Marciano apareceu livre para fazer o gol.
Muita gente cultua o chamado futebol de resultados. Não me enquadro nessa confraria e já expliquei repetidas vezes as razões de preferir o jogo ofensivo, baseado na habilidade e no talento.
Acontece que, na seca que se abateu sobre o Evandro Almeida nos últimos anos, é perfeitamente compreensível que o pragmatismo supere qualquer exigência por qualidade. Nesse aspecto, o técnico Sinomar Naves e seus comandados estão cumprindo a obrigação. Vencendo e pontuando.
Saber até quando a lógica cartesiana vai funcionar é outra questão. Enquanto as coisas estiverem dando certo, por sorte ou merecimento, ninguém exigirá mudanças ou contestará o trabalho. Assim é o futebol.
A penúria criativa do meio-campo do Remo aumenta as expectativas quanto ao aproveitamento de Magnum na terça-feira em Cametá e até mesmo no Re-Pa de domingo. A dúvida é se sua entrada no time será suficiente para resolver o maior problema do time.
Aquela máxima de que o acaso protege os inocentes cabe como luva no desfecho da nova contratação do Paissandu. Cariri, meia-armador anunciado como reforço pela diretoria, prestou um grande serviço ao clube declinando do convite. Preferiu aceitar a proposta de um outro incauto e não vem mais. Havia sido dispensado pelo Araguaína por deficiência técnica. O que impressiona é a facilidade com que os grandes clubes da capital ainda compram gato por lebre.
Direto do blog
“O nível técnico do Paraense é fraco, mas ninguém pára de assistir, ninguém deixa de torcer, todo dia nós estamos postando no blog e os estádios estão sempre com um bom público. Vejo esse momento como apenas uma fase, não demora muito (e mesmo que demore) Remo e Paissandu voltam para a Série B. Em algum momento, os dois terão times competitivos e todos estaremos satisfeitos ou mais ou menos satisfeitos, porque sempre tem alguém para reclamar”.
Do Marcelo Gomes, otimista incorrigível, apostando na redenção do futebol papachibé.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 23)
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