Público de 26 mil e renda de R$ 535 mil

Renda do Re-Pa deste domingo no Mangueirão: R$ 535.740,00. Descontadas as despesas de R$ 198.073,29, coube a Paissandu e Remo a cota de R$ 168.833,36, para cada um. Público pagante: 26.706 torcedores, com ampla maioria remista (mais de 16 mil pagantes). (Informações da assessoria da FPF/Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

Bicolor fatura o primeiro Re-Pa do campeonato

Com um entusiasmo que superou a desorganização tática, o Paissandu venceu o Remo por 2 a 0 no primeiro clássico do campeonato. Foi o triunfo da superioridade incontestável, da entrega contra a soberba. Contra um adversário sem vibração, quase apático durante todos os 90 minutos, os garotos do Paissandu demonstraram disposição incomum, contrariando os prognósticos que apontavam um certo favoritismo azulino. Com o resultado, o time bicolor entrou para o G4 e se habilita a conseguir uma vaga nas semifinais do primeiro turno.

Robinho, Vânderson e Leandrinho tomaram conta do meio-de-campo desde os primeiros minutos do clássico, não permitindo ao Remo nenhuma manobra mais perigosa. Melhor no passe e nas tentativas individuais, o Paissandu rondou a área remista desde os primeiros minutos. Reflexo disso foram os quatro escanteios cedidos pela zaga do Remo antes dos 12 minutos. Betinho e Aldivan só apareciam quando caíam pelas laterais. Por isso mesmo, a melhor alternativa para a equipe de Sinomar Naves acontecia pela direita, onde Pedro Balu avançava para cruzamentos e trocava passes com Betinho. Foi assim que o meia invadiu a área e obrigou Paulo Rafael a uma grande defesa, aos 13 minutos.

O Paissandu, porém, levava sempre perigo com o avanço de Bartola e Robinho. Aos 18 minutos, em cobrança de falta pela esquerda, Robinho quase balançou as redes. Jamilton, que já havia defendido duas bolas dificílimas, espalmou com a ponta dos dedos. No lance seguinte, Balu cruzou para Joãozinho, mas a zaga se antecipou e evitou o gol. O Remo resolveu se animar e Marciano foi lançado na área, mas errou o giro e bateu torto, desperdiçando excelente chance. Saída errada de Juan Sosa deixou Bartola cara a cara com Jamilton, aos 34 minutos. O disparo saiu à meia altura e o goleiro conseguiu fazer grande defesa. Três minutos depois, um escanteio foi desviado por Diego Barros e a bola foi no travessão de Jamilton.   

No segundo tempo, Sinomar botou Magnum no lugar de Aldivan e Nad substituiu Cariri por Héliton. A mexida bicolor se mostrou mais acertada logo a 1 minuto. Héliton foi à linha de fundo pela direita, aplicou uma finta sensacional em Diego Barros e cruzou para Leandrinho desviar para as redes, abrindo o placar. A partir daí, o Paissandu esbanjou vontade e superação. Apertou ainda mais a marcação e não permitiu que o ataque remista criasse jogadas de perigo em cima da dupla de zaga Tiago-Douglas. Robinho tomou conta da armação e passou a lançar seguidamente Bartola e Héliton sobre a retaguarda remista.

Aos 8 minutos, em contragolpe rápido, Héliton invadiu pelo centro da área e perdeu a bola quando tentava driblar o goleiro Jamilton. O Remo tentou reforçar o ataque com a entrada de Cassiano no lugar de Joãozinho. Troca de seis por meia dúzia. Nad tirou Leandrinho, contundido, e botou o volante Neto para redobrar a marcação. Deu certo. O Remo se atrapalhava na troca de passes e não chegava à área bicolor. A melhor oportunidade ocorreu aos 21 minutos quando um escanteio cobrado quase resultou no empate. A bola resvalou na zaga e bateu na trave direita de Paulo Rafael. Apesar do lance, os azulinos mostravam-se dispersivos e lentos, facilitando os desarmes.

Aos 40 minutos, o Remo conseguiu quatro escanteios consecutivos, mas no último Betinho bateu rasteiro pela linha de fundo. Logo depois, aos 44, Héliton recebeu livre e fechou o caixão remista, batendo cruzado na saída de Jamilton. Paissandu 2 a 0. Reabilitação garantida no campeonato e desfeito o suposto favoritismo do Remo na competição. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

Paissandu x Remo (comentários on-line)

Local/Horário -Estádio Edgar Proença, 16h.

Paissandu – Paulo Rafael; Iago Picachu, Tiago, Douglas e Jairinho; Vânderson, Billy, Leandrinho e Cariri; Robinho e Bartola. Técnico: Nad.

Remo – Jamilton; Balu, Diego Barros, Sosa e Alex Juan; Adenísio, Felipe Baiano, Aldivan (Magnum) e Betinho; Marciano e Joãozinho. Técnico: Sinomar Naves.

Árbitro – Joelson Nazareno Cardoso. Assistentes: José Ricardo Coimbra e Márcio Gleidson Corrêa Dias.

Choque de gerações

Por Gerson Nogueira

Um duelo entre juventude e experiência deve marcar o jogo desta tarde. Magnum é a principal atração de um Re-Pa pobre em novidades. O ex-jogador do Paissandu atuou apenas 15 minutos no embate contra o Cametá na terça-feira, mas mostrou desembaraço suficiente para assegurar a condição de titular do meio-campo remista no clássico. Do lado alviceleste, Bartola é a grande novidade – isto se Nad não recuar da idéia de lançar o jovem atacante desde o começo da partida.

Aos que criticaram a demora na entrada do jogador em Marabá, o técnico justificou com a informação de que ele não suportaria mais que 20 minutos em campo, em face de rigoroso trabalho de condicionamento físico a que tem se submetido.

Polêmicas à parte, Bartola é o mais abusado e habilidoso avante disponível na Curuzu. Seria estranho se não tivesse um lugar no time. Apesar da imaturidade, é rápido, driblador e capaz de intranqüilizar a zaga inimiga.

Magnum corre em sentido contrário. Revelação das divisões de base do Paissandu em 2001, destacou-se numa época em que o clube vivia dias melhores. Sob a batuta de Givanildo Oliveira, dividia responsabilidades com jogadores do calibre de Vélber, Rogerinho, Gino, Sandro e Valdomiro, quase sempre entrando na equipe no segundo tempo. Do alto de seus 30 anos, parece veterano, mas é um atleta maduro e com fôlego para organizar uma equipe em campo. É visto, com razão, como o grande reforço do Remo para a temporada. Sobre ele, devem pesar as responsabilidades dessa condição. Bartola, ao contrário, se beneficia do fato de nada precisar provar, ainda.  

 

Desde aquele pioneiro jogo de 10 de junho de 1914, no antigo campo da firma Ferreira & Comandita (atual estádio da Curuzu), muitas luas já se passaram e fortaleceram a mística do Re-Pa. Ostenta o galardão de clássico mais disputado no mundo, alimentado por histórias, lendas e rivalidade exacerbada.

Locomotiva do nosso futebol desde sempre, caiu no gosto popular e hoje se insere entre as marcas mais valiosas do Pará. Os aproximadamente 2 mil curiosos que compareceram ao primeiro duelo – vencido pelo Remo por 2 a 1 – nem suspeitavam que aqueles times iriam se transformar em sinônimo de futebol no Estado.

“É de justiça salientar como os que melhor defenderam suas cores no Grupo do Remo, Mustard, Infante, Lulu e Carlito; e nas linhas do Paissandu, Palha, Michel, Hugo, Garcia e Romariz, muito principalmente este que, se revelando um goal-keeper que entra no rol dos melhores do nosso meio, foi o homem do dia”, descreve o texto do jornal Correio de Belém, no dia seguinte à contenda.

O remista Rubilar foi o autor do gol inaugural da saga centenária. Mateus empatou para o Paissandu e Antonico assegurou o triunfo do Remo já no segundo tempo. Desde então, com raríssimas interrupções, os rivais se defrontaram regularmente, fomentando no povo o amor por suas bandeiras. Nem mesmo os desastres administrativos cultivados ao longo de décadas foram capazes de enfraquecer os dois gigantes.

 

Magnum é o convidado especial do Bola na Torre (RBATV) deste domingo, às 21h. Comando de Guilherme Guerreiro.

Direto do blog

“Clássico é clássico, mas infelizmente ultimamente não temos visto surpresas no Re-Pa, exceto aquele em que éramos disparadamente os ‘favoritos’ e que o Remo acabou vencendo debaixo de um temporal. Sinceramente, uma vitória do Papão será uma grata surpresa pra mim. Jogadores jovens, muita correria, pouca organização, muitas falhas. Mas não vamos esquentar com o Paraense, pensemos um pouco mais adiante, pois não tem grana e há que se economizar pra Série C, onde se manter já será um grande negócio”.

De Maurício Carneiro, um bicolor descrente e preocupado com o futuro. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 29)