Por Gerson Nogueira
Há mais de uma semana o mundo do futebol acompanha a emocionante novelinha que envolve Tiago Neves, Flamengo e Fluminense ainda sem chegar a uma conclusão precisa. Impossível saber quem é vilão ou mocinho na história, tal a confusão dos papéis.
Contratações atravessadas e puxadas de tapete configuram uma prática comum entre os clubes brasileiros desde que a primeiro balão de couro chegou por aqui por estudantes ingleses.
Abertura de temporada é período pródigo em rolos dessa natureza. Mas, na transação em torno de Tiago Neves, chama atenção o volume de dinheiro apregoado, algo em torno de R$ 16 milhões, para a liberação do jogador pelo clube árabe que o mantém sob contrato.
Impressiona a desproporção entre o valor pecuniário e a qualidade do futebol. Fala-se nessa pequena fortuna com a naturalidade de quem comenta preços de mercadoria em supermercado.
De passagem vitoriosa pelo Fluminense há alguns anos, o meia-armador fez uma temporada razoável no Flamengo em 2011, mas sem maior brilho. Aliás, apesar da inegável habilidade com a bola nos pés, Tiago Neves está longe de ser astro de primeira grandeza, o que só aguça a curiosidade sobre a visibilidade dada a essa possível pulada de cerca da Gávea para as Laranjeiras.
Neves é um típico armandinho, como se dizia há até bem pouco tempo. São jogadores que sabem se comportar ali na zona central do campo. Um drible aqui, um passe mais elaborado ali e está aberto o caminho para o sucesso. Quando o cara tem a sorte de contar com um empresário ladino e bem relacionado, aí a coisa vira uma fonte de dinheiro.
O truque, apesar de mais velho do que a fome, ainda funciona que é uma beleza. Depois de plantar a notícia nos jornais sobre a negociação do Fluminense com os árabes, o representante do jogador saiu imediatamente negando qualquer acordo. Com isso, ganhou visibilidade para o seu atleta, alçado à condição de grande contratação do ano, e ainda atiçou o Flamengo a botar mais dinheiro (que o clube não tem) no balcão.
Para coroar o fim de semana, enquanto os dirigentes dos clubes se esgoelavam falando sobre Neves, este foi inocentemente à CBF “em busca de informações sobre a transferência”. Lá, deixou-se fotografar ao lado de torcedores e desocupados, aproveitando a súbita notoriedade.
Nessa toada, o ardiloso empresário logo, logo planeja outro golpe midiático para encaixar seu pupilo na Seleção Brasileira. É bom não duvidar dessa gente.
Djalma Chaves, que morreu ontem aos 65 anos, deixa uma extensa folha de serviços prestados ao futebol do Pará e ao Remo, em particular. Foi vice-presidente da FPF e, apesar do coração azulino, sempre se portou com um senso de responsabilidade raro entre dirigentes do nosso futebol. Advogado e professor, foi sempre uma voz sensata nos embates internos de seu clube e ajudou muitos atletas em fim de carreira. Vai fazer falta.
O Paissandu pode até lamentar a ausência da torcida, mas não tem motivos para reclamar de prejuízo na renda do jogo de sábado contra o Cametá. Afinal, o clube incluiu no borderô da partida despesas que os outros times mandantes não contabilizaram e ainda exagerou nos cálculos de outros gastos. Só nas taxas de aluguel do estádio, iluminação, segurança e guarda móvel, o Papão abocanhou cerca de R$ 20 mil, quantia razoável para uma tarde de arquibancadas vazias na Curuzu.
Direto do blog
“O futebol paraense está em baixa, mas ainda assim consegue botar mais público nos estádios que muitos campeonatos estaduais por aí, os quais só têm público de 2,5 mil pessoas nas finais. Um clássico interiorano que atinge um público de 10 mil na estréia como o Rai-Fran, é algo difícil de ser alcançado até pelo derby de Campinas, que é infinitamente superior a Santarém em tudo. Então, o que está faltando ao Parazão?”.
De Luís Antonio, enaltecendo a grandeza da torcida paraense.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 17)
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