Manual para jovens escribas

Por Xico Sá

Dez dicas úteis (de um escriba fútil) para curiosos, estudantes, focas, jovens jornalistas e diletantes de quaisquer gêneros:

1) Assim como falar ao motorista do coletivo, você deve tuitar apenas o necessário com o nome que assina as reportagens. Com um twiiter fake, no entanto, se vingue, desmoralize a chefia, relate as fraudes da redação, poupe apenas a gostosa do telemarketing.

2) Nem todo bêbado ou drogado é um Hunter Thompson. Se beber, esqueça o gonzo e o jornalismo-literário, tente apenas o velho e objetivo lead-sublead, esse caminho é mais fácil do que fazer um 4 diante do guarda.

3) No primeiro escalão do poder, jovem escriba, você só achará as aspas e o lero-lero dando sopa. Invista no último dos barnabés e estafetas. Nesse subsolo da burocracia está o ouro, o grande furo que persegue.

4) Quando o jabá mais vagabundo e banal alcançar 50% do seu salário, leve o inocente presentinho até a mesa do chefe e mostre como o mísero contracheque da firma põe em risco a sua inabalável independência. É importante revelar ao contratante como estão buscando saber o seu preço.

5) Nunca acredite que um assunto é tão velho e batido ao ponto de não poder trazê-lo à tona outra vez com um simples tapa na abertura do texto. Ou você faz ou chupará o chicabon da revolta e da inveja gutenberguiana no dia seguinte. Todo bom repórter é como um bom carroceiro de rua, vive de reciclagem.

6) Se checada mais de três vezes, a maioria das matérias não resiste, não se garante diante do verossímil. Portanto, cheque com moderação ou esteja condenado ao ineditismo.

7) Nunca beba em demasia com sua fonte ao ponto de você ou o próprio “garganta profunda” esqueçam o motivo daquele encontro fundamental para a história contemporânea. Nesse tipo de conversa sigilosa, apenas três uísques.   

8) Você pode ter recebido a reportagem quase pronta –as grandes assessorias hoje vivem disso, amigo-, mesmo assim finja um esforço épico diante do chefe. Conte histórias mirabolantes de como apurou aquele texto, fale baixinho ao seu ouvido, cheio de segredos e mistérios. Como na conquista amorosa, matéria fácil não dá tesão, não tem graça.

9) Apure com rapidez e requinte, deixe a matéria pronta e fuja para o cinema de tarde. Um bom filme o deixa mais ilustrado do que dez anos de jornalismo. Só há um problema nisso: você encontrar por lá, na mesma sessão, um dos seus superiores. Já vive esse drama. Acontece.

10) Viver como mendigo ou se infiltrar entre camelôs para relatar a experiência é fácil. Não tem mais graça. Quero ver encarnar um milionário ou um bom burguês brasileiro. Quem se habilita?

4 comentários em “Manual para jovens escribas

  1. Hahahahahah… sencasional o porverbial Xico Sá hein Gerson!? Até para as ditas matérias, reportagens ou pautas requentadas deve se ter uma certa acuidade, um quê de “cinismo requintado”, malandragem ou coisa que o valha. Sempre ótimo o Xico…

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  2. Gerson, quanto ao jogo, só vem mostrar o quanto o Paysandu precisa de um bom técnico. Passou a imprensão que o SC colocou o Elvis, para queimar esse jogador, aborrecido com as demissões, sem sua consulta.
    – O Paysandu está perdendo esse jogo para ele mesmo. Vc. com 3 volantes e o Sidny joga sem cobertura e, disso se aproveita o Peaberu. Vc. joga com 3 volantes e, deixa o Gian livre para articular todas as jogadas, aí é querer perder o jogo;
    – Duas mudanças devem ser feitas, ao meu ver: Sandro no lugar do Elvis e o Helinton no lugar do Alisson e pedir para o Sidny ficar um pouco mais;
    – Elvis, me parece ser bom jogador, só não podia ser metido de cara, hoje. Acedito piamente que o Sérgio Cosme o colocou de pirraça, pela demissão do Alex Oliveira.
    Vamos ao 2º tempo.

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    1. Cláudio, estou vendo o jogo e tenho alguns pontos a observar. Concordo que o Paissandu perde para ele mesmo, talvez pela apatia óbvia do time. Ninguém parece a fim de jogo, nem mesmo o falastrão Mendes. Héliton, que muitos aqui criticam, seria mais útil que Alisson ou Elvis ou qualquer outro. Billy nao pode chutar de qualquer distância, sabendo-se que é um jogador extremamente deficiente em termos de arremate a gol. Brayan não ganha uma de Joãozinho ou qualquer outro que cai pela esquerda da defesa. Ari e Hebert comem mosca com o Peaberu, que está visivelmente fora de forma. O árbitro já carregou de amarelos os jogadores do Independente e na primeira chance que tiver põe pelo menos um pra rua. Pode anotar aí.

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