Coluna: O boicote ao Mangueirão

Quase ninguém, tirando os dirigentes de Remo e Paissandu, entende a razão do sistemático desprezo que os dois grandes rivais devotam ao estádio Edgar Proença, o Mangueirão. Por incrível que pareça, um dos melhores estádios do país é, há anos, boicotado pelos principais clubes de Belém, que fogem dele como o capeta da cruz.
Há algum tempo, a justificativa eram os custos de aluguel e iluminação. Juntava-se a isso a distância do centro, que inibiria a presença do torcedor, principalmente em jogos noturnos. Hoje, esses aspectos foram superados, pois os clubes já dispõem de isenção da taxa de aluguel e o custo da iluminação é baixíssimo. Quanto a atrair o torcedor, depende de bons espetáculos e de criatividade para badalar jogos menos importantes.
É a respeito dessa doença crônica que versa o comparativo feito pelo consultor Christian Costa, comparando dados do borderô do clássico Re-Pa de 13 de fevereiro com o da partida entre Paissandu x Cametá, que decidiu o primeiro turno do campeonato, na Curuzu. “Por que os dirigentes diziam que o aluguel do Mangueirão era muito elevado (R$ 8.000,00), e por isto preferiam jogar na Curuzu e Baenão, se no borderô do jogo de 24 de março, no Leônidas Castro, há o registro de R$ 38.000,00 como ‘aluguel de campo’ (R$ 30.000,00 a mais do que o valor considerado caro para o estádio olímpico)?”, questiona.
Christian observa que o Re-Pa foi a única partida do Parazão realizada no Mangueirão, com renda de R$ 701.160,00, e sem taxa de aluguel.
Ele aponta ainda outra incongruência: os dirigentes alegavam que a cobrança pela iluminação do Mangueirão era muito cara (R$ 2.000,00), mas na Curuzu registrou-se um desconto de R$ 12.000,00 a título de “iluminação” – R$ 10.000,00 a mais do que a taxa do Mangueirão. Mais: a renda líquida da final do turno consistiu em somente 30% da receita bruta, com 70% de despesas. No Re-Pa, “onde o torcedor teve mais conforto, mais segurança, mais higiene, mais tudo”, ocorreu exatamente o inverso: o líquido correspondeu a 70% da renda total, com 30% de despesas.
Christian não entende como no Mangueirão, com 36 mil pagantes, gastou-se R$ 11.687,00 em “despesas de segurança”, enquanto na partida da Curuzu, com 12 mil ingressos vendidos, tais despesas totalizaram R$ 22.705,00! Observa, por fim, que essa circunstância não é prejudicial apenas aos clubes (atletas, técnicos e gestores), “mas também à cadeia produtiva do mercado futebolístico em geral, com prejuízos consideráveis que atingem todos os agentes envolvidos no processo”.  
 
 
Enquanto isso, o Internacional (RS) vai lançar no dia 8 de abril o site Rede Colorada de compras coletivas. De cara, espera cadastrar 1 milhão de fãs. Serão disponibilizados 5 mil itens licenciados para venda. Sócios terão prioridade na aquisição de produtos. A ideia resulta de parceria com a empresa Winehouse e já está disponível no endereço: www.redecolorada.com.br. Vivendo e aprendendo. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 29)

13 comentários em “Coluna: O boicote ao Mangueirão

  1. Renda de jogos sempre serviram de feira para a Federação e dirigentes de clubes. Pelo que lembro até ano passado no Mangueirão as swapwsas de um REPA era astronômico chegando a 50% do bruto. Fico surpreso com o pronunciamento de que os fatores se inverteram. Considerando que a taxa de aluguel e iluminação é do clube, fica claro que sempre será vantajoso jogar no seu estádio, mesmo considerando os exageros anunciados e manipulados por LOP.

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  2. Sabe ql é o problema? É que esses dirigentes pessam que a gente nasceu na bobolandia! É como já dizia o filsoso Seu Madruga (do Chaves), ainda na decada de 70: “O problema do esperto é pensar que todo mundo é otário”. E viva a impunidade, o coronel Nunes, LOP, e tantos Amauros da vida.

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  3. Assunto merecedor de atenção, questionamento e explicações de quem de direito. O GN foi feliz trazendo à publico assunto sério que deve ser discutido à luz do equilibrio (contundencia se preciso for) e sem piadas inssossas. Ao majorar o valor do aluguel de seus estádios em jogos em que são mandantes os clubes não estão praticando SUPERFATURAMENTO e que é probido por regras publicas ? O assunto é serio e por isso importante. Discutamo-lo com propriedade.

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  4. Bom dia a tdods do blogue
    Dr.Alonso me disse várias vezes “Sr.Carlos enquanto a própria imprensa naun liderar uma reorganização junto á Federação,com apoio da sociedade em geral,exigindo mudanças e,cumprimentos ao estatuto do torcedor,novos agentes e principalmente administraçãovoltada para a formação de craques e centros de treinamentos com estruturas de clubes profissionais o futebol paraense vai ser sempre de terceira”.E como sempre completava”;EM tempo, alguns nem de terceira”.

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  5. SÃO coisas como essa que fazem o futebol paraense se apequenar mais. Conforme já demonstrei, Belém está numa situação atípica em relação a outras capitais. Os principais times das cidades que têm estádio oficial mandam seus jogos nessas praças: Ceará, Bahia, Cruzeiro, CAM, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Goiás e Vila Nova. Nas outras cidades, não há estádios oficiais adequados: São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
    Belém é a única em que, além de ter um estádio de primeiro nível como o Olímpico, seus dois principais clubes cada um tem o seu próprio, acanhados, em que preferem jogar, deixando a praça de esportes oficial subutilizada.
    Com relação ao Remo, eu não me sentiria menos remista se o estadinho fosse negociado (sem ‘negociata’) e o Clube mandasse seus jogos no Mangueirão. Nenhuma vergonha nisso.
    Quanto às despesas superfaturadas (para não dizer outra coisa), para mim nenhuma surpresa. Isso é a cara desse povo mesmo.

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  6. EM RELAÇÃO ao Clube do Remo e sua imensa torcida, o velho estádio da Antônio Baena já deu o que tinha que dar, com seus tempos de glória, que já ficaram para trás. No último jogo, li notícias de que quase a mesma quantidade de público ficou do lado de fora, numa total falta de respeito.
    Os anos se passam e os erros se repetem. Se não houvesse um Mangueirão, tudo bem. Hoje em dia jogar em estádio acanhado não reflete mais nenhuma vantagem para a equipe da casa, isto funcionava nos anos 70, mas parece que a cartolagem ainda não se tocou que estamos no século 21. Ao contrário, a torcida passa a ser um problema quando, decorrendo os minutos, e os gols do time local não saem, causando efeito oposto.
    O efeito de 2005 nada ensinou à cartolagem azul quanto à grandeza do Clube do Remo e de sua fantástica legião de adeptos.
    Tenho certeza que a torcida do Ceará não se sente desprestigiada em relação à do rival, o Fortaleza, quando o time manda seus jogos no Castelão. Igualmente se passa em relação ao Flamengo quanto ao Vasco, pois seria desrespeito à sua imensa torcida jogar num estádio do porte de um São Januário. Etc, Etc…
    Com relação à alegada taxa cobrada, está aí a boa vontade da Seel, então isso não serve mais de desculpa.
    Senhores do Remo, vendam o baenão e abriguem com dignidade a grande torcida azulina no Olímpico, que, dependendo da fase e da importância do espetáculo, ainda é pequeno para o fenômeno azul.
    Olha o Mangueirão aí, gente!

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  7. Penso que os estádios de Remo e Payssandú atendem perfeitamente para jogos de pouco apelo, fora essa condição, temos o Mangueirão para suprir necessidades. Atualmente estando na terceira e outro sem série, não vejo vantagens para jogos contínuos, além do mais que adianta o Olímpico ser de 1a se a qualidade para até lá chegar é péssima em termos de transporte e estacionamento. Quanto a estacionamento me refiro a segurança, e em vezes o transtorno para dele se servir. Sem dúvida será pior se um dos clubes se desfazerem de seus estádios, a não ser que a idéia do competentíssimo AK seja uma realidade, neste caso várias pontos tem que serem bem avaliados para não se tornar um elefante branco como pensam alguns ser o Manguierão.

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  8. Probleminha simples de resolver caro Gerson Nogueira e Amigos do Blog; não é o Governo Estadual, através da FUNTELPA e BANPARÁ, o maior PATROCINADOR do parazão? então, é só condicionar o patrocínio, a locação de 70% ou 80% dos jogos, no Olímpico e está resolvido a parada, deixa para a federação e os clubes, a tarefa de badalar e promover, os espetáculos.

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  9. O grande problema e que o pessoal da imprensa so sabe falar mal dos clubes, como se eles n falassem besteiras nos programas de radio, tv, etc.. Vc’s da critica esportiva deveriam tentar fazer programas + interessantes ao invés de ficarem criticando os clubes, por exemplo olha esse programa do bad boy, pelo amor de deus, nd de interessante. Pensem um pouco, + maioria ja tem + de 30 anos de profissão e as coisas mudaram e muito.

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