Coluna: A profissão do momento

Faz algum tempo que a profissão de técnico de futebol é uma das mais requisitadas do Brasil. E, ao contrário do que ocorre em outras praias, o mercado está cada dia mais aquecido. Prova inequívoca disso é a situação constrangedora vivida pelo Fluminense, que ontem foi obrigado a ouvir um sonoro “não” de ninguém menos que Gilson Kleina, treinador de nível intermediário que já passou por vários clubes de médio porte – dirigiu (por poucos meses) o Paissandu no Brasileiro da Série A, em 2005. Que se saiba, foi um dos maiores micos dos últimos anos envolvendo um campeão brasileiro desesperado por treinador.
Kleina é desconhecido do grande público, tem poucos títulos no currículo, mas construiu carreira sólida no importante (e rico) interior paulista. Seu trabalho na Ponte Preta tem chamado atenção de vários clubes, cada vez mais forçados a buscarem técnicos iniciantes ou pouco badalados. Carrega um perfil de organização que cativa os novos gestores do futebol, aliado ao fato de que custa relativamente pouco. 
Os orientais costumam dizer que crise é sinônimo de oportunidade. Para os técnicos emergentes, a crise que ronda o topo da profissão significa a abertura de campo de trabalho para profissionais que militam nos clubes periféricos, que não têm acesso à Série A. Abre brecha também para toda uma geração de auxiliares técnicos e ex-jogadores. Pode não configurar ainda uma onda, mas estabelece uma tendência.
Noutros tempos, o rodízio de técnicos nos clubes de ponta ocorria praticamente sem traumas. Nada parecido com as sérias dificuldades de reposição existentes hoje. Até meados de 2000, quando um clube dispensava treinador já tinha várias opções de escolha, do mesmo nível, para preencher a função.
O Fluminense, que perdeu Muricy Ramalho na semana passada, junta-se ao Santos entre os clubes de ponta sem técnicos. O Peixe sobrevive há quase dois meses sob o comando de um interino. Os dois times estão cheios de craques, estão na moda e têm dinheiro para gastar. Mesmo assim, não encontram opções no mercado brasileiro.
Por isso, soa estranho quando alguém critica os dirigentes de Remo e Paissandu pelas escolhas de técnicos. Endividados até o pescoço, longe das principais divisões nacionais, a dupla Re-Pa pode-se considerar privilegiada por atrair profissionais como Paulo Comelli e Sérgio Cosme, que integram o chamado segundo escalão e ambos do mesmo nível de Kleina. 
 
 
Cosme, por sinal, calou seus críticos nas semifinais e na primeira partida da decisão do turno. Além de ter consertado as goteiras da defesa, ajustou um novo meio-de-campo, resistindo bem à ausência de Tiago Potiguar. Ao mesmo tempo, Mendes voltou a mostrar serviço. Falta apenas arranjar um jeito de fazer Alex Oliveira jogar. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 22) 

20 comentários em “Coluna: A profissão do momento

  1. A mim Cosme não engana. Enquanto estiver vencendo, ele será herói, mas está ganhando de times fracos. Jogou como time pequeno em Cametá, na defesa, explorando os contra-ataques e contando com o primarismo do adversário que, felizmente, é da quinta divisão. Fosse um Salgueiro ou outro time pequeno do nordeste, o Paysandu teria sido engolido novamente. Uma coisa que me chama a atenção no futebol paraense é a condição física precária das equipes, todos os times são lentos e mal condicionados, todos correm com o freio de mão puxado. Não conseguem impor velocidade. Só aguentam jogar em ritmo forte no máximo 45 minutos e morrem no segundo tempo. Nenhum time consegue ir bem ao longo do campeonato. Existem muitas oscilações. Quem vai bem no primeiro turno, sofre uma queda no segundo. Preparo físico é o nosso grande problema. Acompanhando o corrido campeonato paulista, constato que qualquer time pequeno de lá venceria Remo e Paysandu com um pé nas costas, bastaria imporem a correria que vemos no campeonato da paulicéia. O futebol paraense parou no tempo no quesito condicionamento físico. A isso, junte-se a idade avançada de alguns atletas e as contusões crônicas de outros. Se quiserem subir no brasileiro, terão de melhorar muito, todos eles. Caso contrário, será mais um ano na fila.

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    1. Antonio, tocastes em uma questão crucial. A condição física dos jogadores hoje é decisiva.
      Discute-se muito as táticas, a composição das equioes e a distribuição em campo. Contudo, se não houver condicionamento físico nada será executado.
      E não venham falar de estado dos gramados e temperatura.
      Além de criticar/cobrar de nossos técnicos precisamos colocar os holofotes também nos preparadores físicos – e nos departamentos médicos.
      Se isso não há de peruano que aguente.

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    2. Concordo tambem quanto a parte física, os nossos times são muito fracos fisicamente, nós veremos este disparate contra o Bahia, Que Deus nos livre!

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    3. Discordo de vc amigo! Pois vamos ser realistas e sensatos, tanto Paysandu, quanto o Remo, tem obrigação de vencer todo e qualquer adversário, tudo isso por conta, dos repassaes financeiros, patrocinadores, e nos torcedores que somos a principal fonte de renda desses dois clues de Belém. Então amigo, no meu entendimento, penso que o Seergio Cosme, realmente está fazendo hora extra no Paysandu, pois seu tempo aqui já se esgotou mesmo, mais, voçê não pode ser injusto com o Cametá e dizer que um time fraco, pois o mesmo está fazendo um excelente campeonato e com méritos está nessa final, desbancou o Remo com sobras, sendo que o Remo desbancou o Paysandu, então quem e o pior eu te pergunto…
      E fácil demais enterrar o defunto, pois já está morto e nada pode fazer, dificil e matar o mesmo! Agora voltando ao assunto, o Sergio Cosme todos sabem e fraquissimo sim, mais temos de dar a mão a palmatoria, ele soube montar muito bem a equipe do Paysandu, contra o Cametá, porisso sai com o resultado positivo. Eu não assisti ao jogo, pois estava viajando, mas pelos comentários que ouvi e li em jornais e pelos comentários que os nossos colegas do blogue afirmaram, essa foi a melhor partida do Paysandu, pois foi um time compacto em todos os setores, por mais que tenha levado um gol, mais tudo bem, para quem era acostumado a levar por partida de 2 à 3 gols, e tomar apenas 1, acho que está de bom tamanho, mostra que o Sergio Cosme, de alguma forma, conseguio melhorar o setor de marcação, para não sobrecarregar os zagueiros que já não são grande coisa. Mais mesmo assim, para o brasileiro o Paysandu tem de ir atáz de outro treinador, e o meu preferido e IVO WORTMAN, esse e o cara.

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  2. Penso igual a Antônio Lins. Cosme vive um melhor momento, nada mais, mas futuros jogos servirão de base para uma definição. No jogo contra o Cametá o time bicolor adotou uma postura diefrente, de decisão e por conta disso a defesa ficou, que é o trauma alvi-celeste, mais protegida. A preparação física é outro detalhe realista, principalmente nos de menores apelos. No bicolor amazônico fica prejudicado pela avançada idade de alguns atletas.

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  3. Concordo com os amigos Antônio Lins e Berlli e, acrescentando, apenas algumas coisas.
    1- O que o Gilson Kleina fez com o Fluminense, só vem comprovar o que sempre falei aqui, contra o que sempre a midia fala que, grandes técnicos não vem pra cá, porque o Remo está sem série e o Paysandu na C. Ficou mais que provado, que o Técnico vai(e sempre falei, aqui), onde pagam bem e se tem um projeto para o clube, que ele pense ser interessante;
    2- Vale ressaltar, que ele não era o sonho de consumo do Flu, apenas, com a contratação de Abel Braga por esse clube e, o mesmo só podendo assumir em Maio, Abel indicou o seu amigo, para iniciar o trabalho pra ele até sua chegada. Só isso;
    3- Vale ressaltar, também, que o Fluminense só ficou esse tempo sem técnico, porque ele é do Rio de Janeiro, se fosse daqui, o Mariozinho,… já estaria nele, fazendo bobagens e a mídia dizendo que os jogadores é que estavam fazendo essas bobagens, o que, daqui a alguns anos, seria o fim desse time, como serão de Remo e Paysandu, infelizmente, se não mudarem essa maneira de pensar sobre futebol P-R-O-F-I-S-S-I-O-N-A-L;
    4- Quanto ao Sérgio Cosme, ele nunca conseguirá me calar(até porque sou um de seus críticos) assim como o Comeli(esse não conseguiu calar seus críticos e, não foi citado como tal, porquê?). O Sérgio, é apenas uma questão de tempo. Aguardem.
    – Só uma nota: Sérgio ajustou esse meio campo, com o que sempre falava aqui, que era preciso ele deixar os 3 volantes para poder dar consistência a seu sistema defensivo. Demorou, mas enxergou, bom pelo menos isso. Penso que essa demora dele em enxergar, é que poderá ser fatal para o Paysandu. Infelizmente.
    – É a minha opinião.

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    1. Caro Cláudio Sanos, eu sou o outro crítico do Sérgio Cosme, concordo com teu post, só acrescento que ele joga com quatro volantes, pois o Alex Oliveira, só permanece em campo um tempo, (não disse que joga) e quando ele o substitui entra outro volante- o 4º, concordas? então sem setor de criação, é só tomar pressão e bola pro mato que o jogo é de campeonato, se já houver feito algum golzinho tudo bem, senão, é esperar o árbitro trilar o apito final e escalar o aLOPrado, prá proclamar pela imprensa, que foi UM GRANDE RESULTADO, EMPATAMOS COM O ZÉ RUELA FUTEBOL CLUBE, FORA DE CASA…PODE IR!!!!

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  4. Quanto a essa ligação e a entrada do Vanderson no último jogo, concordo com vc, amigo Silas. O Sérgio está dando muita sorte e, conta com o fato de o Paysandu ter o melhor elenco do campeonato, para se safar. Um dia a casa cai. Infelizmente.

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    1. Amigo Cláudio, concordo que o Cosme não é toda essa brastemp, mas tem cometido pouquíssimos erros nessa reta final do turno. E é fato que conseguiu ajeitar o setor defensivo, que parecia não ter mais solução. E olha que tem um bom elenco, mas perdeu seu principal jogador.

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      1. Concordo em parte, amigo Gerson. Ele errou na substituição do Vanderson em detrimento do Sandro(que penso estar sendo “fritado”(novamente) pelo LOP e esse técnico), o torcedor e grande parte da mídia, não deram muita importância a isso, pelo fato do Paysandu ter vencido a partida. É aquilo que falei a alguns dias atrás, aqui no blog: O Paysandu, hoje, é um time: Bem escalado, Mal treinado e Mal susbstituído e, continuo com esse mesmo pensamento.
        – Quanto a perder seu principal jogador e continuar bem, requer no que sempre falei, que o Papão tem o melhor elenco desse campeonato. Imagine o Remo, perdendo o Thiaguinho e, o Cametá perdendo o Robinho, será que essas equipes não sentiriam?
        – É a minha opinião.

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  5. SE O COSME FOSSE PARAENSE TERIA CHANCE….E O COMELLI….OBVIO QUE NAO. O CHARLES GUERREIRO É MAIS COMPETENTE QUE O COSME. O QUE DIFERENCIA É A ESPERANÇA DE QUE ELES PODEM TRAZER REFORÇOS COM SEUS CONTATOS, FORA ISSO É SÓ BALELA.

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  6. Interessante o post, mas não concordo com a citação de que a recusa do Kleina foi para o Flu o “maior mico do ano”. O que ocorreu foi que a mídia fez um baita estardalhaço com o vazamento da notícia, e o cara se sentiu desprestigiado em sair de um local no qual está fazendo um trabalho reconhecido para ser apenas um “tampão”.
    O problema do Flu em buscar um bom técnico (ou excelente, pela grana que o patrocinador se propõe pagar) é somente excesso de ansiedade, que pode ser explicada pela falta de malandragem do Peter Siemsen.
    Pelo meu gosto pessoal, alguém que viria a calhar seria o Nelsinho Batista que, ultimamente, arrasou no Sport Recife e faz excelente trabalho no Japão. Mas acho que nem foi sondado.

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    1. Nelsinho é um bom nome, e o Vadão por onde anda? Quem quer que seja vai pegar uma batata quente, aí tem que ter a malandragem de um Joel Santana.

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  7. Acredito que o Fluminense deverá desistir do Abel Braga, até por não ter assinado nenhum contrato com o mesmo e, assinará, talvez ainda hoje, com o Joel Santana(ex Botafogo), para desespero do amigo Gerson.rsrs

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    1. O pior de tudo isso, amigo Gerson é que, pelo que acabei de escutar em uma rádio, o Botafogo está querendo o Adilson Batista. Égua, mas vou te dizer….

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  8. Meu caro Antonio Lins,

    Apesar da precisão no seu argumento sobre as condições do Paysandu, entre elas a condição física, tida inclusive, como crucial. Tomo a liberdade de acrescentar a mais essencial para a dinâmica bicolor, que é: falência financeira!

    Periodicamente, as torcidas azulinas e bicolores são sacudidas com a força extraordinária do não pagamento de dívidas retroativas, cuja magnitude pode ser avaliada pelas constantes ameaças de Leilão.

    Pois é, mas dessa vez é o Paysandu que por adotar o perfil de caloteiro, gerou uma “força endógena” capaz de alterar a dinâmica visionária atual (a estrutura de aço), do bicolor. Pelo menos é, o que alguns creditam ao atual momento do clube no certame. E, qual é a relação disso tudo com o acrescentar algo ao enunciado do Antonio Lins? Bem, é tão somente o pesadelo do fantasma do Leilão da Sede Social do Clube. Motivos? Ah… são tantos, mas citarei apenas dois, são eles: pagar o Sr Luis Carlos Muller = R$ 210 mil e pagar o Carlos Germano.

    Para que esse fenômeno não aconteça é preciso de muita pericia da acessória jurídica do clube. O Grupo Big Bem está no aguardo !

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  9. Lembro-me que lia os psots sem comentar e lembro bem que esse senhor Claudio tecnico do Columbia dizia que o Sandro teria que ser titular e o papão jogar somente com dois volantes está gravado aí.Ara de forma oportunista vem dizer o contrário.Ti contar ,égua ,tá certo o Dr.Alonso quando me falava são tantos “treinadores-torcedores “que axam que sabem das coisas.Eu concordo é com o sr.Gerson que tanto Cosme quanto o Comelli estão de bom tamanho para o futebol de terceira e sem divisão paraense.Cosme já foi tecnico de muitos times grandes,vasco,flu,gremio e não desamprendeu.Não tinha éra a peça certa no meio campo e se via a jogar com Thiago que jogava desobrigado de funções táticas ,livre.Assim o meio campo ficava sufocado por falta de carregadores de piano ,pois Alex e Sandro não marcam.e o sr,Claudio pensava o contra´rio.Agora sem um jogodor que não se encaixava em funções táticas no time Cosme achou a escalação tática correta ,tanto que os furos na defesa diminuiram e se o Moisés voltasse a esse time ,aí não teria pra ninguém,por ser jovem ele iniciaria a marcação na frente ,pois Mendes não marca ninguém.E sendo veloz e habilidoso e com o Rafael forte e veloz o PApão encara qualquer um até o os “bandeirantes”.Se apresentar como tecnico e opinar depois dos fatos é muito fácil.

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